Na fotografia acima, o prefeito Darcy Figueiredo discursa durante a visita do governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek a João Monlevade. À esquerda, o pioneiro da siderurgia no Brasil, Dr. Louis Jacques Ensch. Dr. Louis Ensch e JK eram muito amigos (Fotos: Arquivo “Morro do Geo”)
Dois eventos marcaram o dia 31 de agosto de 1935: a inauguração do ramal ferroviário Santa Bárbara/São José da Lagoa e o lançamento da pedra fundamental da Usina de Monlevade. Complementares, os dois marcos foram firmados pelo Presidente da República da época, Getúlio Vargas, e abriram uma página notável no cenário da siderurgia mundial.
Abaixo, a visita do presidente Getúlio Vargas e sua Comitiva durante o lançamento da pedra fundamental, em 31 de agosto de 1935. à sua frente, o engenheiro Louis Ensch
Nesta outra fotografia, Louis Ensch, o presidente Getúlio Vargas e os convidados caminham sobre o local onde foi instalada a Usina
Setenta e um anos depois, a Usina de Monlevade já passou por diversos planos de expansão e modernização, que deixaram a empresa numa posição de liderança no mercado internacional.
Principal unidade siderúrgica da Belgo, a Usina de Monlevade produz anualmente 1.200.000 toneladas de fio-máquina de baixo e alto teor de carbono e de baixa liga para as mais diversas aplicações. O fio-máquina para lã de aço e cordonéis de aço para a fabricação de pneus radiais são “a menina dos olhos” da Usina. Em 2001, inclusive, a Usina recebeu o título de melhor fornecedor mundial de steel cord da Bekaert, num reconhecimento à alta qualidade do produto desenvolvido em João Monlevade. Mas os últimos anos têm sido pródigos em premiações, não só relativas à qualidade do produto, mas também para o modelo de gestão adotado pela empresa e por sua atuação social. A mais recente conquista foi a inclusão da empresa na relação das 10 melhores empresas do Brasil para se trabalhar, em pesquisa realizada pelas revistas Exame e Época.
Usina da Belgo-Mineira de João Monlevade na década de 1950
História!
Mas a história da Belgo começa antes de 31 de agosto de 1935. Na verdade, é preciso relembrar a origem do município, quando o fundador Jean Antoine Félix Dissandes de Monlevade chegou a estas sesmarias e construiu o Solar da Fazenda Monlevade e uma Forja Catalã, na qual mais ou menos 200 escravos produziam diariamente 30 arrobas de ferro.
Com a morte de Jean Monlevade, a Forja Catalã passou por um momento de decadência entre os anos de 1872 e 1891. Foi vendida à Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros, que a manteve até 1897, fechando pela dificuldade de encontrar mão-de-obra especializada, pelo alto custo da produção e ausência de uma linha férrea interligando a região de Monlevade à Estrada de Ferro Leopoldina.
Vinte anos depois, engenheiros mineiros montaram a Companhia Siderúrgica Mineira em Sabará e dois anos mais tarde registrava-se a primeira corrida de gusa naquela usina. Em 1921, Gaston Barbanson adquire o patrimônio da Forja e Estaleiros e no mesmo ano ocorre a fusão do capital da Companhia Siderúrgica Mineira com o da ARBED (Aciéres Reunies de Bourbach, Eich e Dudelange). Daí nasce a Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira.
Início dos trabalhos de terraplenagem
Foi em 1926, sob a chancela do engenheiro Louis Ensch, que começaram os trabalhos de terraplenagem para a construção da Usina de Monlevade. Dois anos após o lançamento da pedra fundamental, em 1937, registrava-se, no dia 20 de julho, a primeira corrida de gusa produzido no alto-forno 1. Em 1938, entrava em operação o primeiro forno Siemens-Martin e o segundo alto-forno. No ano seguinte, eram construídos a usina hidrelétrica Piracicaba, o segundo forno Siemens-Martin e a trefilaria. Ato contínuo, entram em atividade, em 1940, os laminadores e a fábrica de arame farpado.
Ainda no final da década de 1920 começaram os trabalhos de terraplanagem para a construção da Usina, como mostra a foto abaixo
Cinco anos após o lançamento da pedra fundamental, a Usina funcionava a pleno vapor: quatro alto-fornos, uma usina hidréletrica e uma trefilaria.
O príncipe Charles, de Luxemburgo, visita a Usina de Monlevade
Pela segunda vez, o Presidente Getúlio Vargas vem a Monlevade para inaugurar os alto-fornos e lançar a pedra fundamental do primeiro laminador de trilhos, que seria o primeiro da América do Sul.
Entre os anos de 1949 e 1957, entraram em operação o trem de reversível de chapas a quente e primeira fábrica de oxigênio da América Latina. Em 1968, é inaugurado o trem de laminação Morgan. Já em 1978, é instalada a nova Sinterização e começa o Programa de Proteção Ambiental.
Na década de 1980, entraram em operação o alto-forno 5, a nova fábrica de oxigênio, nova Aciaria LD, o forno-panela e o lingotamento contínuo. Os últimos investimentos foram o Laminador Morgan 2 (1990), reforma do Laminador 1 (1996) e o novo alto-forno (2000).
*Matéria publicada na edição de nº 100 do jornal “Morro do Geo”, quando a Usina de Monlevade completava 71 anos de fundação, em agosto/2006.