A Feira Livre foi um marco e deu oportunidades aos pequenos produtores da região para expor seus produtos. Até o ano de 2020 funcionou na Praça do Povo
Chegávamos em 1990 e três nomes de Monlevade já estavam na lista dos pré-candidatos à Assembleia Legislativa: o empresário Elgen Machado, o contabilista Mauri Marmo Torres Duarte e o ex-prefeito de São Domingos do Prata, Dr. Antônio Roberto Lopes de Carvalho. Na política local, continuavam as rixas entre os situacionistas e os oposicionistas, com o vereador Ricarbene Pinto e Gilberto Gomes, a cada reunião do Legislativo, travando disputa acirrada. No Executivo os “forasteiros” de Leonardo eram o melhor prato para a oposição e também para a imprensa local, que não dava descanso com relação às críticas. Mas, naquele segundo ano de governo, o fato marcante foi o processo que culminou com a mudança de concessão da empresa que iria assumir o transporte coletivo em Monlevade. A Transcomol, após vários anos, saía da cidade para a chegada da Enscon, em acordo assinado em junho de 1990. Mudança apenas de mãos, afinal a primeira medida foi um reajuste na tarifa, que passou a custar Cr$ 15,00 (Cruzeiros), moeda da época, j á que a era do Cruzado j á havia dado adeus. Outra medida que veio beneficiar os pequenos agricultores de João Monlevade e região foi a abertura das feiras-livres, que começaram a operar em 1990, primeiramente na rua em frente ao prédio da Prefeitura, onde havia pouco movimento. Dessa forma, meses depois a feira passou a ser um sucesso e “point” dos monlevadenses em todas manhãs de sábado, funcionando na Praça do Povo até o ano de 2020.
Na esfera econômica, uma onda de demissões dentro da Belgo-Mineira começava a causar temor entre na comunidade e principalmente entre os metalúrgicos. Mas, visando minimizar o impacto que poderia causar à cidade, a gerência da Divisão de Siderurgia (Usina de Monlevade) e o Sindicato da categoria fecharam um acordo, quando foi implantado pela empresa uma Proposta de Incentivo que evitaria demissões no quadro geral, usando o desligamento de operários com estabilidade, ou seja, não optantes, e com tempo de aposentadoria. Eles seriam demitidos, mas receberiam, além dos direitos adquiridos, um incentivo financeiro. Na oportunidade, foi criada ainda uma Comissão para que fosse feito um planejamento do projeto. Pelo lado da Belgo-Mineira, participaram o gerente Sílvio Rabelo, o chefe do DRI, José Arthur Pena, e o chefe da Assessoria de Comunicação, Éder Pinheiro. Antônio Ramos representou o Sindicato e o comerciante Caril Wellis, a CDL. Ainda integravam a comissão o prefeito Leonardo Diniz, os vereadores Solange Medeiros e João Bosco Paschoal e, representando a imprensa, eu e o jornalista e amigo, saudoso Héber Passos. O incentivo acabou contornando a situação momentaneamente, mas também gerou um precedente, ou seja, a tal demissão incentivada provocou uma euforia ilusória, e muitos operários que se desligaram da empresa voluntariamente” acabaram engrossando a fileira dos desempregados. Dava início ali o processo de terceirização, política adotada pelas grandes empresas que tinham por objetivo reduzir os custos com pessoal. A proposta era manter apenas o pessoal da produção, enquanto empresas eram contratadas para prestarem serviços terceirizados. Dessa forma, admitidos por elas, os operários teriam salários bem inferiores do que os funcionários da Belgo-Mineira.
Vista aérea da usina de Monlevade. No início dos anos 1990, a Belgo-Mineira inicia o processo de demissões incentivadas

*Do Livro A Saga: Memórias de um Jornalista do Interior” – Parte XXVII
Autoria: Jornalista Marcelo M. Melo!