Novas Eleições Sindicais e o fim da Feira da Paz!

Após  a  disputa  que  esquentou  as  bases  sindicais  em  1987,  as eleições  para  escolha  da  nova  diretoria  do  Sindicato  dos Trabalhadores Metalúrgicos  de  Monlevade  foi  bem  mais tranquila  naquele  ano  de  1990.  Antônio  Ramos,  um  tanto desgastado,  deixava  a  presidência  e  também  a  cidade. Mostrava-se  um  tanto  frustrado  diante  de  algumas  situações  e críticas  recebidas  por  alguns  colegas  de  diretoria.  O  ex-vereador Wilson  Bastieri,  mesmo  não  sendo  mais  filiado  ao  PT,  mantinha seus  laços  junto  à  diretoria  e  foi  indicado  candidato  a  cabeça  de chapa  pelo  lado  situacionista.  Pela  oposição,  José  Pesce,  irmão do  candidato  derrotado  três  anos  antes,  Pedro  Pesce  (Pedroca), havia  deixado  o  grupo  do  qual  sempre  fez  parte  e  encabeçou  a Chapa-2.  Vitória  arrasadora  do  grupo  liderado  por  Bastieri,  que obteve  2.367  votos,  contra  apenas  224  votos  da  chapa comandada  por  Pesce.  Com  um  discurso  moderador,  o  novo presidente  pregou  uma  linha  administrativa  sem  radicalismos. Greve,  segundo  ele,   só  em  último caso.

Entre  o  Jornal  de  Monlevade  e  a  Rádio  Alternativa,  mantive  o tom  crítico  em  minha  coluna  no  JM,  o  Com-Mentando  Monlevade.  Desde então,  no  poupava  críticas    à omissão  de nossas  autoridades municipais,  que  deixavam  a  cidade    mercê de  algumas  ações  isoladas,  sem  nenhuma  proposta  concreta  que pudesse  tirar  um  pouco  a  nossa  cidade  daquele  marasmo  cultural  e  político,  que  já  se  desenhava  no  final  dos  anos  1980.  Meu  alvo  continuava  sendo  o  governo  diante  da  falta  de critérios  na  contratação  de  servidores,  a  grande  maioria  vinda  de procedentes de outras  cidades  a  mando  do  Diretório  Estadual  do  PT.  Naquele setembro,  lembro-me  de  um  fato  ocorrido  durante  um  Concurso promovido  pela  Prefeitura  para  que  fosse  pintado  o  mural  do Terminal Rodoviário  Tancredo Neves. Foi lançado um tema e, estranhamente,  sem  que  fossem  apresentados  nem  mesmo  os nomes  dos  jurados  –  com  a  participação  maciça  de  artistas plásticos  da  cidade  –  a  vencedora  foi  a  forasteira  Elaine Fontoura  Borges, “coincidentemente”  irmã  do  engenheiro-chefe  do  Departamento  de  Serviços  Urbanos,  Marcos  Fontoura. Na  época  foi  concedido  um  prêmio  de  Cr$  200  mil  (duzentos mil cruzeiros).  Aquilo causou revolta e   indignação com pauta na  mídia  local  durante  meses.

Com  o  tempo,  nossa cidade  foi  perdendo  o  pouco  de  suas tradições  e  a  primeira  delas  foi  a  Feira  da  Paz,  que  fechou  as portas  em  razão  da  vaidade  de  alguns  em  detrimento  de  toda  a comunidade.  O  evento,  que  era  realizado  no  estádio  Louis Ensch,  passou  para  o  campo  do  Flamengo,  que  era  administrado pelo  vereador  e  empresário  João  Bosco  Paschoal.  Embora estivesse  programada  para  acontecer  em  setembro  de  1990,  o empresário  simplesmente  não  cedeu  o  espaço  para  a  realização da  Feira  e,  não  tendo  interesse  em  realizá-la  no  estádio,  a Fundação  Casa  de  Cultura  –  responsável  pela  promoção  –  cujo diretor  executivo  era  Geraldo  Vasconcelos,  simplesmente decidiu  cancelar  o evento.  A partir  daquela  decisão,  uma festa  tradicional  com  a  proposta  beneficente  de  sempre colaborar com  entidades  filantrópicas,  deixou  de  fazer  parte  do Calendário  das  atividades  culturais  de  João  Monlevade. Vaidade  por  parte  do  vereador  empresário  e  omissão  por  parte do  poder  público.  Assim  as  coisas  foram  deixando  de  acontecer em  nossa  cidade…

*Do Livro A Saga: Memórias de um Jornalista do Interior” – Parte XXVIII

Autoria: Jornalista Marcelo M. Melo!

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