Histórias que só o “Morro do Geo” contou”… Por Marcelo Melo!

Na semana que João Monlevade comemora seus 58 anos de emancipação, e quando o Projeto “Morro do Geo” completa 21 anos de estrada, nada melhor do que relembrar aqui no Site algumas matérias memoráveis publicadas no nosso jornal impresso ao longo dos tempos, a começar com esta pérola!

Há um samba que diz mais ou menos assim: “… Seu cenário é uma beleza que a natureza criou”…

A fotografia acima, feita pelo mestre Diló (datada da década de 1960), trata-se de uma obra prima e, à véspera de o “Morro do Geo” completar 11 anos de circulação, considero uma das mais significativas imagens e que mais retrata o povo deste lugar. A singeleza de um cenário iluminado, mágico, onde surge o Senhor Enéias, com sua flauta transversal, de frente para a saudosa Praça do Mercado, e que marca um estilo próprio do povo simples daquela cidade do interior de Minas, onde a vinda de uma siderurgia chegava para trazer o desenvolvimento e mudar alguns costumes, mas jamais tocar na sensibilidade e na cultura daquele povo.

Uma foto que nem carece legenda, onde surge o homem simples, negro, e que criou e sustentou a sua família vendendo amendoins, ali na praça. E, para atrair os seus fregueses, tocava sua flauta, entre os demais feirantes. Dali saia um som de um mestre, conforme afirmam as pessoas que o conheceram. Ele tocava muito bem e ainda hoje um de seus filhos, o conhecido “Miltão do Som”, guarda o seu instrumento, perfeito, e hoje um documento para a história! O outro filho do saudoso Seu Enéias é o grande cantor, popular Geraldo “di Noite”.

Eu a dedico a todos os monlevadenses de alma, da gema. Às pessoas que aprenderam a gostar deste lugar e do seu povo e que fizeram parte do crescimento da cidade. Aos que contribuíram para o nosso desenvolvimento sócio-econômico.

Seu Enéias e o Mestre Diló mereciam um busto na entrada da cidade, assim como Jean Monlevade e Louis Ensch, pela importância cultural e histórica que deixaram em João Monlevade. Pelas suas obras e a sabedoria, entre a música e a fotografia.

Que os deuses iluminem seus futuros seguidores, Amém!

*Matéria publicada na edição de nº 157 do jornal “Morro do Geo”, de janeiro/2012!

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