GEL: uma geração que dominou as letras”! – F. de Paula Santos

O Grêmio de Estudos Literários, que se reunia no Centro Tecnológico, na Casa de Cultura (antiga Rodoviária), no Centro Comunitário N. S. da Conceição e no “Redondo” (Satélite), aqui em mais um local. Desta vez no Centro Educacional. Na foto, Tim, um visitante, Vilma, Lúcia Silva, Marlene Melo, Toninho e Geraldo Evangelista

Único do gênero na cidade e “menina dos olhos” do seu fundador, o saudoso professor / escritor / historiador Nilton de Souza, a criação do GEL com “L” de literários, como ele fazia questão de afirmar – foi de fundamental importância para a história da literatura em nossa cidade. Num período que não havia muitas referências e os poucos que escreviam quase não eram editados – exceção apenas a quem tinha espaço nos jornais O Pioneiro, Atualidades ou, mais tarde, no Jornal de Monlevade –, a grande parte dos interessados não tinha, praticamente, como se expressar publicamente. Foi então que surgiu o Grêmio de Estudos Literários, como uma luz no fim do túnel.

O jornal mimiografado “O Burro do GEL” e as “Antologias dos poetas e prosadores de João Monlevade” foram algumas das façanhas do grupo


O Começo de Tudo

Em 1976, o então professor de português, Tim – como era carinhosamente conhecido –, reuniu-se com os alunos Hélio Fidêncio Linhares, Geraldo Edward e Eustáquio “Barão” com o objetivo de aprofundar um pouco mais no assunto que era de maior interesse dos três: a literatura. Com o incentivo do mestre o grupo se manteve durante algum tempo. Contudo, não permaneceu.

O Recomeço

Objetivando “ler, discutir e estudar textos próprios e de autores já consagrados, participar de concursos e desenvolver aptidões literárias” – como bem destacou o amigo e membro do grupo Welis Couto em sua “Pequena Cronologia do GEL”* –, o grande Tim voltou a reunir um novo grupo de interessados, agora em abril de 1978. Dos antigos membros, apenas um: Hélio Fidêncio Linhares. A idéia do mestre Nilton de Souza (Tim) foi tão bem acatada que os resultados foram imediatos. A turma queria “mostrar serviço”.

Primeiros Resultados

Logo no início foi criado o informativo “Burro do GEL”. O jornalzinho mimeografado veio junto com a “Pequena Antologia dos Poetas e Prosadores de João Monlevade”, denominada Revista GEL-1. O periódico nasceu da necessidade de um espaço para se divulgar os trabalhos do grupo. Já a revista GEL – que trouxe todas as características de um livro – veio com um objetivo específico determinado pelo mestre Tim: tornar conhecidos textos de pessoas que já escreviam na cidade, sem, contudo serem editados. Dentre elas, podemos citar o senhor Yanque de Paiva, padre Hildebrando e Wilhem César, entre outros, pessoas que o professor Nilton de Souza admirava e que queria que mais integrantes da sociedade tivessem contato com seus dotes artísticos. Assim, reunindo notáveis da época e alguns membros do GEL, a revista foi editada em julho de 1978, período em que nasceu também o pequeno “Burro do GEL”.

Quem “Era” GEL na Época

O Grêmio de Estudos Literários, que se reunia uma vez por mês nas manhas de domingo, contava com muitos adeptos no início. Nem todos permaneceram – afinal foram cerca de 15 anos agitando o meio artístico-cultural da cidade –, mas o ir e vir não perturbava o grupo que se mantinha vivo. Ao redor do professor Nilton de Souza, naqueles anos do fim da década de setenta, era


Quem “Era” GEL na Época

O Grêmio de Estudos Literários, que se reunia uma vez por mês nas manhãs de domingo, contava com muitos adeptos no início. Nem todos permaneceram – afinal foram cerca de 15 anos agitando o meio artístico-cultural da cidade –, mas o ir e vir não perturbava o grupo que se mantinha vivo. Ao redor do professor Nilton de Souza, naqueles anos do fim da década de setenta, era natural encontrar: Hélio Fidêncio Linhares, Isabel Coura Moreira dos Santos, Geraldo Magela Ferreira, Raquel Mendes, Paulo César de Miranda, Simone de Albuquerque, Rubens Venâncio dos Santos, Joel Pascoal, Antônio Carlos da Silva, Maria de Fátima Gomes, Dimas Magela e até mesmo este escrevinhador.

De tempos em tempos surgiam interessados na idéia, mas nem sempre era alguém que se poderia contar como membro efetivo. Entretanto, muitos e bons fiéis escudeiros (as) foram surgindo. Marlene Aparecida Melo, Welis Soares Couto, Rosângela Procópio, Wir Caetano Francisco, Lúcia A. Silva, Geraldo Evangelista de Araújo, Gardênia, Antônio Acásio, Edna da Consolação, Will Jony Nogueira, Maria Célia Coutinho, Francisco Nunes Pereira, Geraldo Magela Quaresma, Teotino Damasceno Filho, Anésia, Vinícius Barbosa e Ivonete, foram chegando e colaborando – cada um a seu modo – na construção e manutenção da idéia GEL.

Na oportunidade, durante reunião na Arpas: Antônio Carlos da Silva, Dimas Magela, Maria de Fátima Gomes, professor Tim, Geraldo Magela Ferreira, F. de Paula. Santos, Francisco Nunes e Raquel Mendes


Revista GEL-2

Já na década de oitenta, muita coisa havia “rolado” no GEL. Por motivos pessoais o nosso guru se ausentou. Bastou o querido Tim se distanciar para surgir a “rebeldia GEL”. Geraldo Magela Ferreira, Wir Caetano e este resenhista, trataram de “mudar tudo”. E começamos trocando o nome do jornalzinho. Saiu “O Burro do GEL”, entrou “O Intruso”. Felizmente durou pouco. O mestre voltou. Com ele o nome do informativo e a nova meta: uma segunda antologia. E assim, nos mesmos moldes da anterior, ou seja, nomes já consagrados como Gerhart Michalick, Dr. Stanley, Luciano Lima, Delci Couto, contribuíram com seus textos ao lado dos membros do GEL e a segunda “Antologia dos Poetas e Prosadores de João Monlevade” ganhou forma.

Como até hoje existe, naquele tempo também havia quem considerasse literatura “coisa de quem não tem o que fazer”. Atento a este absurdo, o professor Nilton de Souza combatia mostrando a importância das pessoas se expressarem artisticamente. Para unir o útil ao agradável, definiu que toda a venda da revista seria revertida em compra de cobertores – estávamos no inverno – que seriam doados aos idosos do Asilo São José. E assim, com capa de Wagner Dutra de Mendonça, datilografia de Antônio Carlos da Silva e Conceição Oliveira, arte de Wilhem César, e o apoio de todo o grupo, o trabalho ganhou as ruas em julho de 1981, e cumpriu seu papel artístico e social.

Muito ainda se pode escrever e dizer sobre o GEL. A presença incontestável dos

eus membros em exposições, saraus, lançamentos literários, concursos e a influência destas participações – que ocorreram também no teatro, embora sem ser prioridade – nas décadas que se seguiram contribuiu, e muito, com os movimentos artísticos da cidade. O próprio GEL criou jornalzinhos e lançou antologias, promoveu exposições e concurso literário. Entretanto, o Grêmio de Estudos Literários completou seus 15 anos de existência sem a presença física do seu fundador. Em 31 de dezembro de 1992, o professor Nilton de Souza faleceu e o nosso Grêmio ficou órfão. Contudo, prosseguimos.
Hoje, pesquisando nos alfarrábios que temos em mãos, encontro verdadeiras jóias que deixam claro a presença GEL na cidade. Um exemplo: o informativo “Gêneses”, criado na FAE em abril de 1993, cita: “o GEL está completando 15 anos. (…) são membros do GEL os acadêmicos: Geraldo Evangelista, Célio Lima, Antônio Acácio, Luciene e Geraldo Pantuza”. Cada um que passou pelo grupo trouxe seu entusiasmo e dedicação à literatura e levou um pouco da experiência compartilhada, que, sem dúvida alguma, deve ser grandemente benéfica nas atividades desenvolvidas hoje. E seria interessantíssimo falar sobre isto um dia.

Em tempo

Além das pessoas já citadas ao longo do texto, outras estiveram conosco no GEL. Algumas como visitantes, outras como membros permanentes em determinado período. Por falta de maior profundidade nas pesquisas, ou por culpa da memória, pode ser que algum nome foi omitido. Pedimos desculpas. O material é grande, mas o espaço no jornal, nem tanto. Todavia, nomes como os de Levimar de Almeida, Joice Barbosa, Rolando de Oliveira, Vilma e Eudes Furtado, que participaram de muitos dos nossos encontros, precisam ficar registrados antes de encerrarmos este pequeno passeio pelos jardins da arte literária de nossa João Monlevade.

*Matéria publicada no “Tribuna de Monlevade”, n° 26, abril de 1983 e republicada na edição de nº 146 do jornal “Morro do Geo”, de agosto/2010.

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