Operários dentro da Usina no Setor da Aciaria SM
Apesar de ainda nova, com apenas 57 anos de vida, João Monlevade tem uma história fantástica. E muito extensa, diga-se de passagem. Graças à Belgo-Mineira e uma visão visionária do engenheiro Louis Jacques Ensch, o progresso integrou-se à cidade, mas que também não ficou apenas apegada ao setor siderúrgico. Com o trabalho de pessoas compromissadas com a cidade, Monlevade tornou-se um município próspero e, como sempre dizia o ex-prefeito, saudoso Antônio Gonçalves (Pirraça), “aqui é um lado bom deste país”. E podemos afirmar que somos hoje não apenas pólo industrial da região, mas também no setor comercial e educacional. O município cresce verticalmente e hoje somos uma cidade operária e universitária.
Somos um povo politizado graças à nossa cultura e raízes, iniciadas com a educação europeia que veio com os belgas e luxemburgueses, e o compromisso social implantado pela Belgo-Mineira, e que cresceu com alguns políticos sérios e compromissados com o município, somados a empresários capacitados e que acreditaram no potencial do município, e na força do trabalho e da nossa mão de obra especializada..
Assim, nos tornamos também – talvez pelo positivismo que brota das montanhas – um povo intelectual. A luta sindical, com certeza, abriu debates entre a classe operária, que passou a ler e se interessar mais sobre os assuntos políticos. Por outro lado, nasceram grupos de teatro, surgiram festivais da MPB, ciou-se um grande movimento literário com bons escritores, ou seja, houve um boom cultural e a cidade ganhou um status diferenciado. Mas, infelizmente aquele quadro que se alavancou entre os anos 1960/70 e 80 sucumbiu, porque mudou-se o sentimento pelas artes, pela poesia. Mas, talvez, tenha ficado alguma coisa, mas operdeu-se a energia cultural e os movimentos que deram vida até os anos 1980.
João Monlevade sempre foi isso: uma cidade de misto entre a política, o empreendimento e as artes. Um lugar de homens que ajudaram a construir este grande arraial, que soube desenvolver para os Carneirinhos quando a Usina teve de expandir para se garantir no mercado. Perdemos, sim, nossa identidade arquitetônica e muito de nossa história, oriunda do Velho Continente, mas ficaram marcas e memórias que jamais se apagarão. E ficou o orgulho de uma Vila Operária, e daqui ter sido brotado a siderurgia nacional nas mãos de nossos trabalhadores metalúrgicos que deram vida à Usina da Cia Siderúrgica Belgo-Mineira e ajudaram na construção e no desenvolvido de nossa João Monlevade, junto às suas esposas, os filhos e todos que aqui chegaram para deixar imortalizada a história de cada um!