História dos Festival da Canção!

Na foto acima, O começo dos festivais da canção realizados em João Monlevade, quando o Ginásio coberto do Grêmio foi por diversas vezes o palco para o espetáculo. Estava aberta a temporada e aqui se apresenta a grande cantora Neide Roberto, interpretando uma música de Luciano Lima, que aparece ao microfone junto a João Marinheiro. Do outro lado, Zé Paulo e  Helvécio “Bodão”

Dentro do clima que tomou conta da cidade entre os anos 1960/70, com os shows ao vivo que lotavam tanto a dependência do tímido espaço da Rádio Cultura quanto do majestoso auditório do Cine Monlevade, teve início a fase dos Festivais da Canção em João Monlevade, acompanhando a moda dos saudosos festivais realizados pelas TV´s Excelsior e Record.

Os festivais da Canção nascem na TV

No Brasil, os festivais da canção deram um espaço alternativo aos compositores que iniciavam as suas carreiras, e era ali, nos palcos, que surgiram vários talentos. A época de ouro no país surgiu a partir da década de 60, com os festivais promovidos pela TV Excelsior e TV Record. Ali tinha início o boom da MPB pela televisão, já que até aquela época os grandes cantores e compositores só se apresentavam nos programas de rádio. A música brasileira ganharia nova roupagem e surgiram movimentos interessantes, como a Bossa Nova, o Tropicalismo e mais tarde o pessoal de Minas, formando o Clube de Esquina. Sem contar a música que vinha dos compositores cearenses, pernambucanos e outros nordestinos.

A partir de 1974, a Rede Globo idealizou o Festival Abertura, quando novos valores também surgiram. E décadas de 60/70 ficaram marcadas por influenciar cidades de todo o país a também promover os seus festivais.

Na foto abaixo, a cantora Neide Roberto quando de sua participação no programa de Sílvio Santos. 10 de todos os jurados

O início se deu no Cine São Geraldo

João Monlevade também viveu grandes festivais. O primeiro a ser realizado foi promovido por um ex-funcionário do BEMGE, de nome René, que tinha o apelido de “Faixa Branca”. O evento tinha fins lucrativos e, por isto, não foi bem sucedido, culminando com o compositor Sérgio Bittencourt  fazendo críticas em um programa que tinha na TV Itacolomi, por ter participado do júri remuneradamente, e não ter recebido. O Cine São Geraldo foi o palco desse primeiro festival, em 1971.

     Em 1972, novamente no Cine São Geraldo, o poder público assumia o Festival da Canção, cujo prefeito era Antônio Gonçalves, popular “Pirraça”. Atuou como organizador Wilson Vaccari. Luciano Lima, que regia o Coral Monlevade, foi o vencedor.

O Maestro Luciano Lima recebe o troféu como 1º colocado no festival de 1972, realizado no Cine São Geraldo. Na  foto, o organizador Wilson Vaccari e os músicos Zé Paulo, Waltinho e Helvécio, que integravam o Conjunto “Monson”

Abaixo, no mesmo ano, Luciano Lima, esposa Gilda e filhos, junto às cantora Neide Roberto e Vaninha, e os integrantes do  Conjunto “Monson”, após premiação durante o Festival da Canção

Os festivais da canção em Monlevade marcaram os anos 70 e 80, e foram homens como Wilson Vaccari, Guido Walamiel, Chico Franco e João Bosco Pascoal, além dos ex-prefeitos Antônio Gonçalves, Lúcio Flávio e Germin Loureiro, responsáveis diretos em manter a tradição por quase duas décadas. Eles organizaram e por vários anos mantiveram a tradição em um dos grandes festivais de Minas.

O maestro e compositor Luciano Lima entre o guitarrista Júlio e o contrabaixista Zely, quando defendiam a música vencedora

FESTIAÇO: Monlevade comemora 10 anos com um grande Festival da Canção

Em 1974, depois da ausência do festival em 1973, houve o FESTIAÇO, promovido pelo então prefeito Lúcio Flávio de Souza Mesquita, para comemorar os 10 anos de emancipação político-administrativa de João Monlevade. O Festival era realizado pela primeira vez na quadra do Grêmio, sendo uma das mais belas festas realizadas na cidade. Venceu o samba “Atrás da Alegria”, de autoria de João Rosa, de Caratinga. Interpretado pelo cantor monlevadense Severino Miguel, o samba contagiou a platéia, que cantava o refrão “Saia correndo atrás da alegria, aproveite que hoje é seu dia e este dia não pode faltar. Vá trocar o certo pelo incerto, ou tentar no incerto o certo, que é bem melhor que ficar”… O Grêmio ficou lotado nos três dias de Festival e, entre os jurados, o famoso Maestro Cipó e Elke Maravilha. O show após a final ficou a cargo do Rei Roberto Carlos.

Assim ficou o ginásio coberto do Grêmio Esportivo Monlevadense nos três dias do Festiaço. Aliás, o público lotava as arquibancadas do ginásio em todos os anos que se realizavam o Festival da Canção, conforme a foto abaixo, que tornou-se um dos eventos culturais mais populares da cidade

Severino Miguel, um dos maiores cantores de Monlevade e região, interpretou a música vencedora no “Festiaço”, em 1974, ganhando ainda o prêmio de melhor intérprete, com a música de João Rosa, “Atrás da Alegria!, que fez o ginásio todo do Grêmio cantar com ele

Ainda o Festival da Canção de 1974, durante o Festival do Aço. Neide Roberto interpreta uma outra canção do compositor João Rosa. Ao fundo o apresentador Alim Machado

A música “Motivação do Poema”, de Alaor Rocha e Pascoal Mota, ficava em segundo lugar. Como contraste, uma das mais belas músicas apresentadas em festivais,   “Crença”, composta pelo famoso músico Marcos Viana, autor de trilhas sonoras das novelas “Pantanal” e “Esperança”, entre outras, não obteve classificação. O mesmo aconteceu com  “Dia do Viajante”, que tinha como autor Murilo Antunes, parceiro de famosas peças musicais da MPB como  Besame e Viva Zapata.

O grupo de moças que trabalhou como recepcionistas durante o “I Festiaço”, quando Monlevade comemorava 10 anos de emancipação; esta foto foi feita durante o Festival da Canção realizado no Grêmio, onde aparecem, entre as lindas meninas, os coordenadores Márcio Magno Passos e o saudoso Antônio Gabriel de Araújo

O cantor e compositor “Rei” Roberto Carlos, quando esteve em João Monlevade fazendo um show no Grêmio, em 1974, durante o “FestiAço”. Na foto, feita na Arpas, ao lado do então prefeito Lúcio Flávio de Souza Mesquita, do presidente da Câmara Municipal, Sebastião Gomes de Melo, e do secretário de Educação, Teóphilo Monteiro Domingues, além dos filhos do chefe do Executivo Municipal

Ainda alguns flaschs dos Festivais realizados no Ginásio do Grêmio Esportivo Monlevadense, nos anos 1970!

À direita o compositor e cantor Roberto José, considerado um dos melhores intérpretes dos festivais realizados em Monlevade. Reside em Coronel Fabriciano e foi parceiro de Severino Miguel

Abaixo, O Conjunto “Monson”, sucesso em João Monlevade e cidades da região nos anos 1970, era quem abria sempre os festivais da canção, e aqui seus integrantes, da esquerda para a direita Waltinho (Bateria), Zé Paulo Contra-Baixo), Zely (Contra Baixo) e Paulinho (Guitarra). À direita, cuidando o som, o popular “Pedro “Fudidinho”. Bons tempos

E, além do “Monson”, o conjunto “The Phuntos” era outro que sempre se apresentava nos festiais e tinha um grande público em toda região. Eis o quinteto, aqui durante ensaio na garagem da casa de um dos integrantes, ali à Rua Siderúrgica. Da esquerda para a direita: Eustáquio Ambrósio (Teclados), Vilminha (Vocal), Geraldo “Golão” (Contra-Baixo), Weber Diló (Guitarra) e Nozinho (Bateria)

Ainda em 1974, a era da mini-saia, com as irmãs gêmeas Paulete e Colete como croners de uma canção de autoria de Luciano Lima, em um festival realizado no Ginásio do Grêmio

“Festival da “Embolada Carioca”

Mas os festivais continuavam no Ginásio do Grêmio, com o de 1975, então realizado sob o comando de João Bosco Pascoal, com Vicente Leandro, de Bela Vista de Minas, ganhando, no resultado mais discutido da história. Sua música, “Embolada Carioca”. Não era a melhor música do Festival daquele ano, e até revoltou outros candidatos, mas o público que lotou o ginásio do Grêmio a fez vencedora, cantando o refrão refrão “Seja baiano, paulista ou mineiro, todo mundo tem vontade de conhecer Rio de Janeiro”. Não deu outra, ali a “voz do povo foi a voz de Deus”

Na foto abaixo, ao centro o compositor e intérprete Vicente Leandro, o prefeito Dr. Lúcio, o animador Dirceu Pereira, o apresentador Alim Machado, Raul, João Bosco Pasachoal e Chico Franco

Ainda no governo de Dr. Lúcio Flávio, em 1976, o Festival da Canção permaneceu no ginásio do Grêmio Esportivo Monlevadense, durante os dois primeiros dias. Isto porque na noite da grande final, o evento foi transferido para o Estádio Louis, em razão do grande público que não caberia na quadra. Ao final a atração ficou por conta do sambista Benito di Paula, no auge de sua carreira. Naquele ano, ganhava a música “Pirraça”, da cidade de Pompeu.

Na fotografia abaixo, o gramado do estádio Louis Ensch lotado e tudo na mais perfeita organização, com cadeiras para o público, que lotou compareceu em massa

Festival da Canção de 1981

Foram três dias de grande animação, entre os dias 27 a 29 de abril, quando Monlevade comemorava seu 17º aniversário. A música vencedora foi “Interior”, de autoria de Jovelino Carvalho Gomes, de Governador Valadares. A 2ª colocada foi “Lua de Nilo”, de Geraldo Magela Melo, Paulo César e Roilson Trindade, de Monlevade, enquanto o 3º lugar ficou com “Sonho Azul”, de João Rosa Neto e Chico Franco. Os melhores intérpretes foram Rodolfo de Sabará, do Rio de Janeiro; e Myrian, da cidade de Ipatinga.

Abaixo, fotos do evento registradas em matéria publicada na Revista “Mostrar”, nº 22, de maio a junho de 1981

Festival da Canção de 1982, realizado no Grêmio Esportivo. O grupo “Afilhados do Sereno” interpreta uma canção de Rômulo Rass. Na foto, Pereira, Luiz do Cavaco, Rominho, Zé Ricardo, Sr. Cardoso, Vicentinho e Júlio, além do fotógrafo Geraldo Guerra

Do Grêmio para o Campo do Flamengo

No ano de 1984 o ginásio do Grêmio Esportivo Monlevadense, junto com a Praça do Mercado, foi desativado para expansão da Usina da Belgo-Mineira. Com isto, o Festival da Canção de 1985 foi transferido para o Campo do Flamengo. Naquele ano, teve também um dia a mais acrescentado em seu calendário, iniciando-se na quinta-feira. Vencia o Festival com a música “Veredas da Vida”, Chico Franco.

Na fotografia abaixo, o vencedor recebe o troféu das mãos da 1ª dama, Zarif Loureiro

Já em 1986, o festival de João Monlevade tomava um caráter mais cultural, passando a ser promovido pela Fundação Casa de Cultura, que tinha como coordenadores da área de música, Tó Vilela e Chico Franco. Vencia o Festival de 1986, o compositor Nilson Chaves, do Rio de Janeiro, com a música “Índio Verde”. Em segundo lugar, ficou a música “Cantiga de Arruda”, de Milton Edilberto, de Araraquara – SP.

Abaixo, o compositor e cantor Nilson Chaves recebe o troféu da mãos de Guido Valamiel, um dos organizadores do Festival da Canção daquele ano

Em meados da década de 80 começava a era de Nilson Chaves (centro), carioca que ganhou vários festivais na região, como de 1986, em Monlevade. À esquerda  o paulista Milton Ediberto, segundo colocado naquele ano

Em 1987, o Festival passou a ser realizado no Estádio Louis Ensch. Nilson Chaves repetia a dose, vencendo. Em segundo lugar, a dupla Edílson Dio e Lima Júnior, da Bahia, com a música “Paixão”. O resultado de João Monlevade se repetia em 1988  no Melhor dos Festivais de Minas Gerais, promovido pela TURMINAS. Também, em 1987, Chico Franco e Taíca, ficavam em segundo lugar no Melhor dos Festivais de Minas, realizado em Governador Valadares.

Luli e Lucina, duas compositoras famosas no Brasil inteiro, com sucessos que foram estourados através de Ney Matogrosso, como “O Vira”  e “Eu, bandoleiro” se faziam presentes no Festival de 1988. Mas não ganhavam. O vencedor era Eudes Fraga, com a música “Bailarina”. Para elas, restou o segundo lugar com a música “Bossa Velha”.

O músico, dançarino e compositor pernambucano Antônio Carlos Nóbrega foi um dos shows apresentados durante o festival de Música realizado em 1988, no estádio Louis Ensch. No mesmo ano também se apresentaram Saulo Laranjeiras e Xangai

E os festivais monlevadenses sempre contaram com shows de nomes famosos na MPB, que eram suas principais atrações como: Jair Rodrigues, Roberto Carlos, Ronnie Von, Golden Boys, Kleyton e Kledyr, Saulo Laranjeiras, Sérgio Reis, Xangai, Antônio Carlos Nóbrega, Sá e Guarabyra, entre outros.

De lá para cá, dois ou três festivais foram realizados, mas sem aquela expressão característica, pois a música  começava a tomar rumos distantes da verdadeira MPB.

João Monlevade: Palco dos artistas de festivais

Chico Franco, Severino Miguel, Eustáquio Ambrósio,Weber Costa, Zely, Rômulo Ras, Seu Cardoso, Tó Vilela, Nilton Canuto, Noel, João Félix, Andréia Silva, Louis Bonifácio, Jaqueline Silvério, João Marinheiro, Ângelo Tavares (Gelu), Vilminha, Vilma, o grupo “Afilhados do Sereno” e artistas famosos de todo país, como João Rosa, Roberto José, Nilson Chaves, Viola, Milton Edberto e outros feras da MPB.

Pesquisa e Fotografias: Jornal “Morro do Geo” – Revista “Mostrar”

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