Uma parede contra a história de João Monlevade! Autor desconhecido, mas de um monlevade que nasceu antes de 1970!

Na fotografia acima, o que chamo de “Muro de Berlim”, foi fechada a base do morro do Geo, que era a entrada para a cidade antiga e as praças do Mercado e do Cinema (Praça Ayres Quaresma). Foi destruída a nossa história arquitetônica e nosso passado

Quando o ônibus se aproximava de uma das últimas curvas do trajeto, à direita, sabíamos que um modo novo de ver o velho se aproximava também. Que fosse uma outra volta na praça do Mercado, uma esticadinha no Grêmio, uma pulada nos pastéis do ponto final.

Se fosse para tentar um novo filme no Cinema, melhor que a “censura” estivesse de acordo. O pessoal da portaria era implacável. Já para dar uma “bicada de olho” nas meninas do Estadual, não havia tanta dificuldade.

Mais flexíveis, por assim dizer, eram os trocadores dos ônibus. Acho que a maioria desconfiava que, se fosse cobrar a passagem, a gente não ia ter dinheiro para o ingresso do cinema. Ou pelo menos ia faltar o da pipoca…

A memória pode ter hierarquias? No caso do centro de João Monlevade, os cheiros e sons, as cores, os fatos, tudo se confunde de um jeito estranho na minha cabeça. Deve ser porque o coração dói demais nestas horas, pensando em tudo que eu tinha e não tenho mais. E eu passei uma infância achando que não tinha nada.

A pobreza tem a ver com a falta de memórias. Se nos lembramos, descobrimos que fomos ricos de alguma forma.

Meus filhos herdaram uma parede. Muito sólida. Está lá, na base do Morro do Geo, e nada diz para eles. Cinzenta e medonha de tão feia, para quem se lembra o que havia por trás dela.

Muro de Berlim? A história dele é outra. Temos o nosso Muro e, agora, não adianta sequer que ele venha abaixo. O que ele separou, cuidou de matar por dentro.

A siderúrgica não pode pedir nada a João Monlevade. E, por mais que ofereça, ficará devendo pelo resto de sua existência aqui. Ela levou um mundo inteiro de lembranças de vida em troca do que ofereceu. Se algum maluco de pedra arriscar fazer as contas, não será um monlevadense nascido antes de 1970.

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