“Nossa Terra, Nossa Gente”! – *Geraldo Eustáquio Ferreira (Professor Dadinho)!

AO MESTRE COM CARINHO!

Nessas minhas andanças pela história de nossa cidade, venho revisitando a trajetória de numerosos profissionais que marcaram sua atuação com tal dedicação e competência que se tornaram referência em seu campo de trabalho, seja por uma ação específica, datada no tempo, seja pelo saldo positivo de uma longa e profícua existência assinalada principalmente por perseverança e entusiasmo dignos de imitação. Num e noutro casos, pelo valor de sua experiência ou pelo prestígio e respeito de que foram credores, fizeram-se ícones representativos desta NOSSA TERRA E NOSSA GENTE. 

Nesse sentido, não poucas vezes, personalidades que se destacaram no magistério ou na gestão do ensino foram focalizados nesta coluna não tanto pela identidade de profissão com o articulista, mas, principalmente pelo fato de que professores sempre ocupam lugar especial na vida das pessoas e exercem papel preponderante na construção da consciência social, uma vez que formam o homem, o profissional e o cidadão.

Agora, aprouve-me abrir mais um subtítulo para a coluna e explorá-lo em algumas edições, sobretudo nestes tempos difíceis que estão a exigir um novo perfil de professor. Com efeito, tornando-se sujeito sociocultural de sua atuação, espera-se que seja também sujeito da inovação que deve perpassar sua ação pedagógica e desemboca em sua prática docente. Repensar essa prática, analisando e reavaliando seus movimentos, é tarefa dos sistemas educacionais que a inserirão em seus Projetos Pedagógicos, possibilitando aos docentes um programa contínuo de capacitação, para corrigir eventuais desvios de percurso ou sanar possíveis conflitos existentes na realidade escolar. 

Não resta dúvida de que é o professor que está no centro da tarefa educativa, pois é ele quem transmite o conhecimento e interpreta para e com os alunos, com os dados singulares de sua vivência e de sua vida, as linguagens simbólicas da realidade. Consciente disso, ressalto nesta coluna sua importância, lembrando a cada edição a trajetória de representantes significativos daqueles que na expressão de Juvenal Arduíni, "ensinam a ser com seu próprio ser, porque não ensinam só pelas palavras e lições, mas, principalmente, pela linguagem permanente de sua existência".

Prof. Ignatius Westgeest e sua Biografia!

Holandês de nascimento, brasileiro por adoção e monlevadense de coração, o Prof. Ignatius Westgeest (foto acima) deixou em nossa cidade as marcas originais de sua presença, entusiasmo e dedicação à causa do ensino, tendo atuado em nossas escolas ora como professor, ora como diretor, ora como orientador educacional.
	
Nascido nos Países Baixos (Holanda) em 30 de agosto de 1929, era filho de Theodorus Westgeest e Johanna Kni Jnenburg, pessoas muito religiosas que formaram uma família bastante numerosa, cerca de dez filhos. Seus pais, no início dos anos 1940, viveram as consequências da guerra mundial, com seu quadro de fome, pobreza e desemprego, mas conseguiram sobreviver e dar boa formação aos filhos. Em outubro de 1949, veio para o Brasil como missionário e, tendo-se ordenado sacerdote, serviu à Igreja de Deus na cidade de Goiabal, onde foi vigário. Laicizando-se, casou-se com Maria Vera Lúcia Drumond Westgeest, com quem teve três filhos, Ingrid, Christian e Fride, sendo os dois primeiros conceituados médicos residentes em nossa cidade.
	
Foi professor de História e Moral e Cívica na Escola Estadual de João Monlevade e Centro Educacional de João Monlevade. Foi também Diretor da Escola Municipal Israel Pinheiro. Aposentou-se da rede estadual na função de Orientador Educacional da Escola Estadual Geraldo Parreiras. Aposentado, prosseguiu suas atividades na Funcec, última instituição em que atuou, encerrando ali sua carreira profissional, em 2002, após quase 24 anos de trabalho a ela dedicados. Seu contrato inicial naquela instituição foi como professor da extinta Faculdade de Educação, tendo atuado, pois, na formação de docentes. Em seu curso de Pedagogia lecionou várias disciplinas ligadas à gestão da educação e do ensino, tendo-se dedicado com muito carinho aos seus alunos da Orientação Educacional, habilitação que recebeu fortes influxos de sua experiência e profissionalismo. 
	
A par das atividades de magistério, tinha uma característica que a todos encantava: deixava nas salas de aulas, nas portas das dependências administrativas, nas salas de professores edificantes mensagens de Páscoa, Natal, Dia do Professor, do Estudante, da Secretária, votos de aniversário, e os quadros de avisos das escolas em que atuou sempre traziam recortes de notícias importantes, devidamente grifadas e comentadas. 
	
Mesmo com a saúde combalida, não perdeu o entusiasmo e dinamismo: escreveu um método de aprendizagem de língua holandesa, direcionado a falantes de português, obra que não chegou a ser publicada e da qual tive a honra de escrever o prefácio. Paralelamente, fazia trabalho silencioso de divulgação de literatura religiosa em parceria com Padre Basílio, seu irmão, que também atuou no Brasil como sacerdote. O Professor Ignatius faleceu em 2010 com 80 anos completos. Ficou-nos o exemplo de sua vida tão fecunda.


*Geraldo Eustáquio Ferreira, mais conhecido como "Dadinho", é professor aposentado, escritor e historiador. Durante anos foi colaborador do jornal "Morro do Geo", com sua Coluna intitulada "Nossa Terra, Nossa Gente", onde foi responsável em relatar aos leitores a biografia de várias personalidades que viveram e fizeram parte da história de João Monlevade! Este artigo foi publicado na edição de nº 157, de janeiro/2012!

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