Felizmente, os meus amigos não morreram de overdose. Nossa geração teve pais de verdade, presentes, que nos deram Educação e possibilidades de crescer profissionalmente. Nossa geração nunca teve problemas com bulling e nem vivia de mimimi. Uma discussão ou briga na escola era a gente mesmo que resolvia. Nossos pais nos deram boa escolas – naquela época, entre os anos 1960/70 as escolas públicas eram de qualidade, como a Escola Primária Eugênia Scharlé, o fundamental na Escola Polivalente ou no Colégio Estadual e mesmo o Senai – e um dos ensinamentos que tivemos foi de “nunca roubar” e “nem matar”, e tentar ser justo e honesto. Nossos pais nos deram ensinamentos e responsabilidades, além de impor regras, e sim era sim e não era não. Bastava um olhar deles que já entendíamos as coisas, mas uma surra também fazia parte vez em quando, e um tapinha nunca doeu e nem fez nenhum de nós entrar em depressão.
No entanto, tínhamos liberdade para jogar uma pelada no campinho “Pereira”, brincar nas ruas com os vizinhos durante a noite, frequentar clubes e as festinhas de finais de semana. Nós respeitávamos nossos professores e as pessoas mais idosas, e quando ia uma visita à nossa casa, as crianças somente se serviam – durante um café ou um almoço -, após as visitas. Geração do Ki-Chute, do Bamba 07, da calça pantalona e do sapato de dois andares e o cabelo Black Power.
Pois é, que geração fantástica! Mas acredito que ainda há de voltar este tempo, como na música do mestre Sivuca, “No Tempo dos Quintais”, e diz a letra: “Era uma vez um tempo de pardais, de verde nos quintais, faz muito tempo atrás, quando ainda havia fadas. Num bonde havia um anjo pra sentar, outro pra dar lugar, pra quem quiser sentar… No tempo em que os casais podiam mais de enamorar nos lampiões a gás, sem os ladrões atrás. Tempo que o medo se chamou jamais”…
Na foto acima, a Igreja da Vila Tanque, a sede da Arpas e em primeiro plano a pracinha, onde ficava o nosso saudoso “Campin Pereira”