A foto acima mostra o saudoso Armazém do Geo, que ficava na entrada da praça do Mercado. O proprietário era o senhor Silvério Lima Geo, popular “Leleu”, filho do velho Geo, falecido em 1964. O Mercado fechou-se em 1972 devido a uma crise financeira. Seu “Leleu” faleceu em Sabará, onde havia a Matriz do Armazém, aos 54 anos de idade
O jornal MORRO DO GEO, ao longo dos 20 anos que circulou como impresso, com sua quase 200 edições, foram milhares de fotografias antigas publicadas e vário contos, causos, crônicas, entrevistas com personagens que fizeram parte da vida e do desenvolvimento sócio econômico de João Monlevade e relatos que resgatam a nossa história e mostram às gerações mais novas a nossa cidade de antigamente, desde a nossa Vila Operária e os homens que ajudaram a construí-la. Dentro desse espírito de sempre ativar a memória, mostraremos algumas fotos e causos que marcaram a história deste nosso periódico, que hoje está aqui, na rede mundial via Internet!
Primeiramente iremos apresentar o famoso e saudoso morro do Geo. Afinal, sempre foi o carro-chefe do nosso jornal e que tem ainda como logomarca um burrinho. Muitos monlevadenses, principalmente os contemporâneos, sempre questionam sobre o motivo pelo qual o jornal recebeu este nome e sobre aquele burro no cabeçalho da página principal. Pergunta que merece uma resposta, encontrada na capa da edição de nº 01 do Morro do Geo, que circulou em fevereiro de 2001.
“Na Monlevade de antigamente, quando o centro comercial era na porta da Belgo-Mineira, as pessoas se encontravam no morro do Geo, que interligava do Bar do Daniel (depois Restaurante Ramp´as) às praças do Mercado e do Cinema. Era ali, no meio do morro, que tinha um ponto de ônibus em frente ao Armazém do Geo, onde todos se reuniam para as compras e uma boa prosa. Era ali também que ficavam amarrados os burros do Geo que puxavam as carroças entregadoras das compras do empório e que caiu no jargão popular ao servir de comparação para as coisas quase impossíveis. ´Isso nem o burro do Geo agüenta´, era comum se ouvir essa frase para exemplificar uma situação difícil de se sair. Morro do Geo passa a ser o nome do jornal e uma referência da história. Afinal, muitas notícias que aqui você vai ler nem o burro do Geo agüenta.
O jornal chegou a entrevistar, nas edições de nº 02 e 03, dois ex-funcionários do Armazém do Geo. O primeiro deles, Sr. Etelvino Neri Domingues, era o carroceiro que puxava o burro “Rouxinol”, responsável pela entrega dos pães às residências dos antigos moradores das ruas Siderúrgica, Beira-Rio, Contratados, Rio Piracicaba e adjacentes, entre as décadas de 1950/60. Na época, os operários da Belgo-Mineira recebiam o pão em suas residências. Saudosista, chegou a afirmar: “o estabelecimento poderia ser comparado a um grande supermercado de hoje. Lá o freguês encontrava de tudo, onde tinha padaria, açougue, mercearia, tecidos. Tenho muita saudade”.
Na fotografia abaixo, o saudoso Sr. Etelvino, um dos primeiros carroceiros do Armazém do Geo
O outro entrevistado foi o aposentado, também saudoso, Jarbas de Oliveira, que trabalhou no Armazém do Geo durante quase 30 anos, de 1945 a 1972. Primeiro como caixeiro de balcão, depois como entregador de mercadorias e chegou a escriturário, responsável pela área contábil do estabelecimento. Durante a entrevista que concedeu ao jornal, em março de 2001, lembrou saudosista dos tempos dos burros e do armazém: – “todos operários da Usina faziam ali a suas compras do mês e, para as regiões mais próximas, as mercadorias eram levadas na carroça. Havia também entrega dos pães. Os burros se revezavam entre uma entrega e outra e o termo burro do Geo não era usado exclusivamente para um animal, mas para todos. Assim como tinha o Rouxinol, havia ainda um burro chamado Peixão, que era um burro muito mole, apesar de sabido”.
Esta é a nossa história e sempre estaremos publicando fotos inéditas, da qual fazia parte o mais popular dos vendedores da praça do mercado, Sr. Enéas, que vendia seu amendoim tocando flauta, a poucos metros do armazém, conforme foto abaixo
No final do morro do Geo, a curva que passava pelo muro do Colégio Estadual, construído pela Belgo-Mineira e que foi referência na área educacional em Minas Gerais
*Matéria publicada na edição de nº 95 do “Morro do Geo”, de março/2006, mas com texto de roupagem nova nesta edição!