“Bio” retoma a chave do Executivo e lava a alma em cima do PT!

Chegamos  ao  “Dia  D”;  de  se  eleger  o  novo  prefeito  de  João Monlevade.  As  urnas  apontam  para  o  retorno  do  ex-prefeito Germin  Loureiro,  popular  “Bio”.  Também  uma  renovação  era aguardada  no  Poder  Legislativo.  A “Boca  de  Urna”  ainda  era permitida  pela  Justiça  Eleitoral  e  os  candidatos,  com  seus  cabos eleitorais,  formavam um amonto ado nas proximidades das seções eleitorais . Naquele ano a apuração dos votos se daria no ginásio da ACM, e eu faria cobertura pela Rádio Alternativa, c om  a  colaboração da colega Bernadete.  Expectativa de uma  grande  multidão  de  cabos  eleitorais  e  simpatizantes  pelas arquibancadas  do  ginásio.

O  encerramento  das  eleições  daquele  ano  de  1992  estava marcado  para  as  17  horas,  e  a  maioria  apostava  na  vitória peemedebista.  O  PT dificilmente  se  manteria  no  poder,  apesar de  seus  militantes acreditarem  até  o  fim.  Uma  hora  mais  ou menos  após  o  pleito,  com  todas  as  seções  fechadas  e  as  urnas  já sob  a  tutela  da  Justiça  Eleitoral,  deu-se  início  à  apuração.  No interior  da  quadra,  apenas  os  mesários,  a  imprensa  e  os  fiscais  de cada  coligação.  Foram  três  dias  de  apuração  e  muita  emoção,  de provocar  gastrite  nervosa.  Eu,  apesar  de  estar  ali  como profissional,  não  escondia  a  minha  preferência. Também  torcia pela  vitória  do  Bio,  ou  melhor,  para  a  derrota  petista. Mas  bem discreto,  sem  causar  qualquer  alvoroço.  Afinal,  jamais poderia pensar  em  me  manifestar.  Sempre  mantinha  os  ouvintes informados,  dando  os  números  em  primeira  mão  – sempre à frente da concorrente emissora da Tiradentes/Globo – e,  nos  estúdios, Geraldo Cardozo  comandava  a  equipe.  Naqueles  tempos  de votos  em  cédula,  havia  mais  glamour  e  consequentemente  mais interatividade  e  disputa. Alguns episódios fizeram daquela apuração – que seria a última em nível municipal antes da era da urna eletrônica – a mais emocionante de toda a história política de João Monlevade. Isso não só em relação à disputa majoritária, mas principalmente pela proporcional, ou seja, dos candidatos à Casa Legislativa, pois houve caso de  candidato  a  vereador  que dormiu  eleito  e  acordou  derrotado.

Com  o  privilégio  de  estar  dentro  do  local  da  apuração,  com  livre acesso  entre  os  mesários,  sempre  era  chamado  à  grade  que separava  a  arquibancada  da  quadra,  por  uma  ou  outra  pessoa  para  aguçar  a  curiosidade  delas,  que  queriam  saber  como  estava  o  resultado.  E,  entre  os  flashes  que  dava,  ao  vivo, dando  os  números  ou entrevistando  algum  candidato  (via  linha telefônica,  através  do  Híbrido,  um  aparelhinho  que  nos colocava  em  contato  com  o  estúdio  da  emissora),  e  a  busca  dos resultados,  estava  eu  entre  uma  conversa  e  outra  com  os simpatizantes  torcedores  e  curiosos,  na  sua  maioria  os forasteiros  que integravam o Secretariado do prefeito Leonardo Diniz Dias. Óbvio que não queriam perder a “boquinha”! Lembro-me do segundo  dia  de  apuração, quando  se  iniciou  a  contagem  dos  votos  do  Bairro  Vila  Tanque, onde  residia  (e  ainda  mora)  Laércio  José  Ribeiro. Naquele momento,  o  candidato  do  PT passava  à  frente  de  Bio na contagem de votos.  A emissora  concorrente,  no  caso  a  Tiradentes, acompanhava  o resultado  oficial  que  era  liberado  pelo TRE,  mas  eu  e Bernadete  pegávamos  os  números  que  saiam  diretamente  das mesas  apuradores  e,  por  isto,  a  Alternativa  estava  à  frente  nas informações. Não  era  o  resultado oficial,  mas  numa  proporção  segura.  Tanto que, em  dado  momento,  o  então  secretário  municipal  de  Obras, engenheiro  Humberto  Rôllo  –  um  dos  forasteiros, mas com ele sempre  mantive  um  bom  relacionamento  –  chamou-me  à  grade e disse: – “E ai Marcelo, o que você acha? Estamos na frente”. Não  hesitei  em  responder:  -“Estavam.  Bio  já  passou  vocês  de novo e  agora  não  perde  mais”.  Isto  porque  eu  já  conhecia  o resultado  das  primeiras  urnas  que  tinham  sido  abertas  na  região do  Loanda,  quando  o  candidato  do  PMDB havia  recuperado  a dianteira  e  dali  não  deixaria  mais  o  lugar,  pois  seriam  abertas  as urnas  da região do  Cruzeiro  Celeste  e,  naquela  região,  Germin  Loureiro era  imbatível.  Humberto  mostrou-se decepcionado,  pois  sabia que  eu  tinha  razão.  Dali,  até  o  resultado final  das  eleições, ninguém  tinha  mais  dúvidas  de  que  Bio  retornaria  ao  poder,  em seu  terceiro  mandato. Festa  do  PMDB  e  frustração  do  PT.  Dr.  Lúcio  Flávio  dava  adeus definitivo  à  política.  Mas  o  radialista  Carlos  Moreira,  mesmo com  a  derrota,  era  um  vitorioso.  Afinal,  sozinho  e  sem  apoio  de nenhuma grande  liderança  política  do  município,  ficou  na terceira  colocação,  atrás  apenas  de  Germin Loureiro  e  de  Dr.  Laércio.  Afinal, sua  caminhada  estava  apenas  começando.

Pessoalmente,  após  o  encerramento  da  apuração,  na  noite daquela  quarta-feira,  três  dias  depois  das  eleições,  ficou  um pouco  de nostalgia,  misturada  ao  cansaço  do  trabalho  realizado. Tinha certeza de que, profissionalmente, me sentia recompensado  pela  grande  cobertura  que  fizemos  naqueles  dias pela  Rádio  Alternativa/FM.  E  pelo  que  vi  e  ouvi,  a  cena  final fora  o  desespero  expresso  nas  palavras  do  militante  petista  e assessor  de  governo,  Marco  Aurélio  Loureiro,  que  deixava  o ginásio  da  ACM  gritando  “vaca  leiteira”,  referindo-se  à  então Dona  Zarif  Maluf  Loureiro,  eterna  1ª  dama  do  município. Infeliz  frase  do  sobrinho-neto  do  candidato  eleito,  Germin  Loureiro,  que  não  aceitou  a  derrota.  O  choro  era  livre  e  o  PT provava  do  gosto  amargo  de  sua  própria  arrogância. Assim age até hoje a militância petista, arrogante como sempre.

*Do Livro “A Saga: Memórias de um Jornalista do Interior” – Parte XXXVI

Autoria: Jornalista Marcelo M. Melo!

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