A Faculdade veio como recompensa!

Ano  novo,  vida  nova!  Nada  melhor que  um  novo  desafio  para sacudir  a  poeira  de  decepções  passadas.  Assim,  juntamente  com meu  ex-amigo  Geraldo  Magela  Ferreira,  resolvi  estudar  e  concluir o  2º  grau  depois  de  “velho”,  melhor  dizendo,  mais  experiente. Afinal,  uma  porta  se  abria  com  a  instalação  do  curso  de Comunicação  Social, especialização  em  Jornalismo,  na  Funcec, a  faculdade  de  João  Monlevade.  Desta  forma,  já  “quarentões”, enfrentamos  o  vestibular  e  conseguimos  nossa  vaga.  Magela  foi aprovado  em  1º  lugar  e  eu  fiquei  com  a  7ª  colocação.  Foi  uma vitória  particular,  porque  havia  jurado  que  iria  me  mudar  da cidade  caso  fosse  reprovado.  Era questão  de  honra  após  as decepções do ano anterior, em nível profissional. Lembro que, em  companhia  dos  meus  filhos,  Ícaro  e  Arthur,  fui  até  a  Funcec para ver de perto o resultado, exposto na parede da escola. Foi muito  bom  ver  meu  nome  ali,  naquela  lista, uma sensação que aumentava o auto-estima!  Dali  para  o  salão  do Gastão  Bramante  cortar  meu  cabelo  a  zero,  para  manter  a tradição  de  um  calouro.  E  depois  o  trote (rs).

Banco  de  Faculdade.  Lá  estava  eu!  A novidade  foi  aquela sensação  de  trabalhar  com  a  parte  teórica  após  tantos  anos  de prática  no Jornalismo.  Afinal,  era  de  verdade  um  grande desafio  lidar  com professores  mais  novos  do  que  eu  e  com  uma bagagem  prática  menor.  Aos  poucos  fui  me  adaptando  ao  novo palco  com  a  convicção  de  que  sempre  há  um  espaço  a  ser ocupado.  Deixando  um  pouco  de  lado  aquele  ar  de  arrogância, acabei  envolvendo-me,  deixando-me  levar  pelo  lado  do  eterno aprendiz,  porque  não  há  idade  para entender  que  a  vida  será sempre  uma  escola  onde  aprendemos  cada  dia  mais. Ali,  eu  e Magela,  os  “titios”  daquela  sala  de  aula,  com  nossos quarentões,  e  quase  duas  décadas  de  experiência  na  área. Convivemos  com  colegas  que  tinham  a  idade  para  ser  nossos filhos,  mas  aluno  será  sempre  aluno,  independente  da  faixa etária.  De  certa  forma,  nos  sentíamos  como  que  “protetores” daqueles  meninos  e  meninas  da  1ª  turma  do  curso  de  Jornalismo da  Funcec.  E  o  ano  se  passava,  entre  o  banco  da  escola,  o “Morro  do  Geo”  e  a  família,  até  que  em  junho,  quando completaria  43  anos,  minha  vida  mudaria  radicalmente. Mas isto não é assunto para esta pauta! Veio a separação…

Tudo parecia caminhar bem até que minha instabilidade voltou e o pior aconteceu: acabamos por nos separar de vez naquele 7 de dezembro de 2002. Descobri naquele momento, que não basta apenas um sentimento forte para segurar a barra de um relacionamento. É preciso mais, muito mais… Ali fecharia um ciclo deu uma relação de quase 20 anos! E, como na música de Belchior “estava mais angustiado do que um goleiro na hora do gol”. E na letra de Chico Buarque, deixávamos  nosso  último  recado: “Trocando  em  miúdos,  pode  guardar,  as sobras  de  tudo  que  chamam  um  lar,  as  sombras  de  tudo  que fomos  nós,  as  marcas  de  amor  nos  nossos  lençóis…  As  nossas melhores  lembranças”…

Em  minha  vida,  no  início  do  novo  século,  as  coisas  aconteceram muito  rápidas.  Tanto  do  lado  profissional  quanto  na  pessoal.  Havia  perdido  dois  empregos,  criava  o  meu  próprio jornal,  era  aprovado  na  Faculdade  e  a separação conjugal.  E  tudo  por  minha  culpa,  minha máxima  culpa.  Eu  era  o  único  responsável  pela  colheita  e recebia  em  troca  o  que  havia  plantado.  A vida  seguiria  seu  curso normal  e  não  haveria  uma  máquina  do  tempo  que  me  trouxesse de  volta  para  consertar  meus  erros.  Em  dado  momento,  gostaria de  ter  encontrado  a  forma  de  me  redimir  para  poder  dar continuidade  ao  relacionamento  que  eu  gostaria  de  manter,  não “eterno  enquanto  dure”,  mas,  de  fato,  “resistindo”  para  sempre. Mas, “para sempre” é uma afirmativa complicada. Não havia a máquina,  e  o  tempo  seria,  sim,  o  senhor  da  razão.

*Do Livro “A Saga: Memórias de um Jornalista do Interior” – Parte LVIV

Autoria: Jornalista Marcelo M. Melo!

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