Parte da 1ª Turma de Jornalismo do IES/Funcec, que se formou em 2005, e da qual não tenho muita saudade. O curso valeu muito, mas de grupo, um dos piores com quem convivi
Ano novo, vida nova! Nada melhor que um novo desafio para sacudir a poeira de decepções passadas. Assim, juntamente com meu ex-amigo Geraldo Magela Ferreira, resolvi estudar e concluir o 2º grau depois de “velho”, melhor dizendo, mais experiente. Afinal, uma porta se abria com a instalação do curso de Comunicação Social, especialização em Jornalismo, na Funcec, a faculdade de João Monlevade. Desta forma, já “quarentões”, enfrentamos o vestibular e conseguimos nossa vaga. Magela foi aprovado em 1º lugar e eu fiquei com a 7ª colocação. Foi uma vitória particular, porque havia jurado que iria me mudar da cidade caso fosse reprovado. Era questão de honra após as decepções do ano anterior, em nível profissional. Lembro que, em companhia dos meus filhos, Ícaro e Arthur, fui até a Funcec para ver de perto o resultado, exposto na parede da escola. Foi muito bom ver meu nome ali, naquela lista, uma sensação que aumentava o auto-estima! Dali para o salão do Gastão Bramante cortar meu cabelo a zero, para manter a tradição de um calouro. E depois o trote (rs).
Banco de Faculdade. Lá estava eu! A novidade foi aquela sensação de trabalhar com a parte teórica após tantos anos de prática no Jornalismo. Afinal, era de verdade um grande desafio lidar com professores mais novos do que eu e com uma bagagem prática menor. Aos poucos fui me adaptando ao novo palco com a convicção de que sempre há um espaço a ser ocupado. Deixando um pouco de lado aquele ar de arrogância, acabei envolvendo-me, deixando-me levar pelo lado do eterno aprendiz, porque não há idade para entender que a vida será sempre uma escola onde aprendemos cada dia mais. Ali, eu e Magela, os “titios” daquela sala de aula, com nossos quarentões, e quase duas décadas de experiência na área. Convivemos com colegas que tinham a idade para ser nossos filhos, mas aluno será sempre aluno, independente da faixa etária. De certa forma, nos sentíamos como que “protetores” daqueles meninos e meninas da 1ª turma do curso de Jornalismo da Funcec. E o ano se passava, entre o banco da escola, o “Morro do Geo” e a família, até que em junho, quando completaria 43 anos, minha vida mudaria radicalmente. Mas isto não é assunto para esta pauta! Veio a separação…
Tudo parecia caminhar bem até que minha instabilidade voltou e o pior aconteceu: acabamos por nos separar de vez naquele 7 de dezembro de 2002. Descobri naquele momento, que não basta apenas um sentimento forte para segurar a barra de um relacionamento. É preciso mais, muito mais… Ali fecharia um ciclo deu uma relação de quase 20 anos! E, como na música de Belchior “estava mais angustiado do que um goleiro na hora do gol”. E na letra de Chico Buarque, deixávamos nosso último recado: “Trocando em miúdos, pode guardar, as sobras de tudo que chamam um lar, as sombras de tudo que fomos nós, as marcas de amor nos nossos lençóis… As nossas melhores lembranças”…
Em minha vida, no início do novo século, as coisas aconteceram muito rápidas. Tanto do lado profissional quanto na pessoal. Havia perdido dois empregos, criava o meu próprio jornal, era aprovado na Faculdade e a separação conjugal. E tudo por minha culpa, minha máxima culpa. Eu era o único responsável pela colheita e recebia em troca o que havia plantado. A vida seguiria seu curso normal e não haveria uma máquina do tempo que me trouxesse de volta para consertar meus erros. Em dado momento, gostaria de ter encontrado a forma de me redimir para poder dar continuidade ao relacionamento que eu gostaria de manter, não “eterno enquanto dure”, mas, de fato, “resistindo” para sempre. Mas, “para sempre” é uma afirmativa complicada. Não havia a máquina, e o tempo seria, sim, o senhor da razão.
*Do Livro “A Saga: Memórias de um Jornalista do Interior” – Parte LVIV
Autoria: Jornalista Marcelo M. Melo!