Pintura do rosto de Luiz Prisco de Braga
Se alguém nos dissesse que em nossa Monlevade de antanho, no século passado, havia ali, diante da Fazenda Solar, a enfeitar a paisagem, um belo repuxo, que projetava água a grande altura, certamente a surpresa tomaria conta de nós e imaginaríamos estar diante de um ficcionista ou um grande sonhador.
Não se trata, entretanto, de sonho ou ficção. É história viva, memória resgatada e registrada pela pena inspirada do grande professor Luiz Prisco de Braga que, residindo aqui em priscas eras, constituiu-se em uma das fontes de informação mais fidedignas de nossa história.
Com efeito, registra ele em seus apontamentos sobre a história do município: “…um parque de jaboticabeiras, plantadas com capricho, com esmero e muita simetria, em cujo ponto central ( havia ) um lindo e bem acabado repuxo que atirava água em grande altura, coisa bastante rara naquela época…”E não param por aí as anotações do grande professor: elas nos fornecem uma informação completa e detalhada sobre o pioneiro Jean de Monlevade, sua Fazenda Solar, sua forja catalã, suas terras, seus escravos, bem como dados bastantes significativos de sua vida e personalidade.
Tendo nascido em Carneirinhos aos 18 de janeiro de 1862, viveu aqui grande parte de sua vida. Seu pai era proprietário da fazenda que posteriormente veio a pertencer a Gentil Bicalho. Foi ali, certamente, que passou sua infância, e, sendo sua família de grande prestígio no povoado, frequentou a Fazenda Solar, registrando na mente e, depois, em seus escritos, os fatos mais importantes relativos às terras do Senhor de Monlevade.
Formou-se na Escola de Ouro Preto e, em pouco tempo, firmou-se como grande professor de Matemática. Ensinou primeiramente nas dependências da Fazenda Solar, o que faz dele, com certeza, o mais antigo professor de primeiras letras de que se tem notícia em nossa terra. Outros registros históricos dão-nos conta de que, lá pelos idos de 1896, ensinava em sua residência, situada exatamente no terreno onde se ergue hoje a Escola Estadual Dona Jenny Faria que, em seus primórdios, já se denominou Escola Rural Municipal Professor Luiz Prisco de Braga, em honra ao grande educador.
Casou-se em São Domingos do Prata, para onde se transferiu, trabalhando durante longos anos na Escola Normal daquele município. No Prata, tinha também um pequeno comércio, e dirigia uma agência bancária. Interessado na política, foi vereador por duas legislaturas. Sabe-se também que foi grande charadista e pintor.
Morreu aos 25 de dezembro de 1945, em Belo Horizonte, para onde se mudara em 1936. Seus onze filhos lhe garantiram numerosa descendência: netos e bisnetos se distribuem pelas cidades da região, principalmente Belo Horizonte e São Domingos do Prata.
Fizeram-lhe justiça as autoridades do ensino, fazendo-o patrono da Escola Estadual Luiz Prisco de Braga, de 1º e 2º graus, situada no bairro de Lourdes. Renomado professor e grande historiador, sua vida e obra o credenciam como um dos grandes nomes de nossa história.
Em Tempo: Faleceu hoje em São Domingos do Prata sua última neta que estava viva, Marisa Braga, conhecida como “Marisinha”.
Matéria publicada no jornal “Morro do Geo”, edição de nº 98, de junho/2006.
*Pesquisa e Texto: Geraldo Eustáquio Ferreira (Professor Dadinho).
4 comentários “LUIZ PRISCO DE BRAGA: NOSSA HISTÓRIA, NOSSA VOZ!”
Parte da vida dele em São Domingos do Prata onde, na minha opinião, viveu a maior parte de sua vida, conto em alguns de meus livros sobre a história antiga de São Domingos do Prata, onde a antiga Praça do Hospital, tem hoje o nome de Praça Luiz Braga.
Bacana.
Digo, Praça Luiz Prisco de Braga. Hoje, 24.06.2020, faleceu em São Domingos do rata a sua última neta, a professora Marizinha Braga, que residia na Rua Manoel Martins Vieira, antiga Rua 13.
Isto Edelberto. A Giovana Gati, filha do saudoso Seu Monteiro, irmão de Teófilo Torres, Seu Dão, prateanos também saudosos, me passou está informação e até coloquei na matéria.