Acima, a foto do saudoso João Bosco
Acredito que foi por ocasião da realização do I Festiaço ( e único!), de gloriosa memória para os monlevadenses que aqui viviam nos anos setenta, que a cidade conheceu e começou a conviver com o empresário João Bosco Viera Pascoal. Embora não tenha integrado o grupo que organizou aquele evento em comemoração ao 10º aniversário de emancipação da cidade, foi ele o prestador de serviços que se responsabilizou pelos itens mais badalados daquele evento: os shows de Jair Rodrigues e Roberto Carlos. É bem verdade que fora o então Prefeito Lúcio Flávio de Souza Mesquita, preocupado com a falta de lazer para a população, que lhe abrira as portas à oferta desses serviços, mas não se pode negar que sua larga experiência no setor, aliada a uma grande visão empreendedorística, começava a escrever uma história diferente na oferta de lazer e programação de espetáculos na cidade.
Culto, educado, bem apessoado, bom comunicador, persuasivo já nos primeiros contatos, presença constante nos eventos sociais da cidade, não demorou que conquistasse a simpatia da população e a confiança do Prefeito que, a partir de 1976, lhe entregou a Assessoria de Imprensa e Relações Públicas da Prefeitura de Monlevade. Com a nomeação, passava a exercer de forma organizada e contínua o serviço que vinha prestando de forma precária e eventual.
Estabelecendo-se em João Monlevade na década de1970, proveniente de Sete Lagoas, onde fora casado e se divorciara, era, na realidade, natural de nossa região: nasceu em Alvinópolis em 24 de fevereiro de 1935, filho de Maria Vieira Pascoal e José Valentino Pascoal. Dessa família original, sobrevivem-lhe irmãos residentes em Belo Horizonte, Fabriciano e Brasília, e uma filha que reside em Belo Horizonte. Em João Monlevade, uniu-se a Maria das Graças Silva, companhaeira de seus últimos 14 anos de vida.
Sua rápida passagem pela Assessoria de Imprensa e Relações Públicas lhe possibilitou iniciar em Monlevade rica trajetória de promotor de festas e espetáculos, arrendando por cerca de 12 anos o Campo do Flamengo, palco de shows de artistas famosos como Os Trapalhões, Xitãozinho e Xororó, Benito de Paula, Cazuza e o conjunto 14-Bis, entre outros. Tais atividades, proporcionando-lhe grande contato com as massas, alavancaram sua carreira política. Eleito no pleito de 1976, foi reeleito sucessivamente, integrando, quatro legislaturas: foi vereador, portanto, de 1977 a 1995, quando faleceu. Vereador bastante prolífico e combativo, autor de numerosos projetos, conquistou como ninguém a simpatia e aceitação dos eleitores monlevadenses que o reconduziram três vezes à Câmara Municipal, para um novo mandato.
Tendo falecido a 31 de julho de 1995, seus pares lhe legaram dupla homenagem: a Praça onde se situava o antigo prédio do Legislativo Municipal, na confluência das Ruas Duque de Caxias e Rua do Andrade, recebeu seu nome; também o Plenário da Câmara Municipal o tem como patrono. Justificativa expressiva para tão bela homenagem está nas palavras de seu pai, José Valentino Pascoal, em 02 de novembro de 1996, que transcrevo: “Tristeza e alegria moram pertinho. Aqui, de joelhos, na casa da tristeza, neste campo santo, e tomado de imensa emoção, posso, do alto, contemplar esta bela cidade chamada João Monlevade, cidade na qual viveu, morreu e foi sepultado meu filho João Bosco. Nesta encantadora cidade, meu filho encontrou a felicidade e tentou fazer de tudo para alegrar e tornar melhor a vida de seus habitantes. Alegra-me saber que ele continua sendo estimado e carinhosamente prestigiado por essa gente tão boa!”
*Pesquisa e Texto: Geraldo Eustáquio Ferreira (Professor Dadinho)
Esta matéria saiu publicada na edição de nº 118 no jornal “Morro do Geo”, de fevereiro/2008.