Geraldo Zenóbio, o popular “Pindoba”, contou as histórias sobre o Baú
O povo de João Monlevade sabe arranjar os apelidos a todos os fatos, ou locais, e até mesmo a bairros da cidade. Quem já ouviu falar do “Pirineu”? Ou na “Beira do Asfalto”? Ou ainda das “Três letras”? W no “Santo Eloy”? Podem estar certos de que o Bairro do Baú conseguiu tantos apelidos que seria preciso um corsário para decifrar todos.
Para falar deste tradicional bairro (que teve o azar, ou sorte, de ter instalado em suas terras o cemitério local) está o aposentado Geraldo Zenóbio Soares, um aposentado natural de Barão de Cocais, residindo no Baú desde 1962, quando foram construídas pela Belgo-Mineira as casas do Santo Eloy. Segundo Zenóbio, mais conhecido por “Pindoba”, tais casas foram construídas para os contramestres da época. Aliás, a herança do seu apelido, “Pindoba”, nasceu após a passagem de um circo por sua cidade-natal, Barão de Cocais, após Geraldo Zenóbio substituir um palhaço que encontrava-se enfermo.
Baú Velho
O Baú é um bairro bem antigo, chamado também de “Velho Baú”. Ele nasceu bem antes do Santo Eloy. Havia ali anteriormente um depósito de Carvão, conta Pindoba, que não se esquece do “Clubinho Rui Barbosa”, que tinha como um dos objetivos trabalhar com as crianças e adolescentes. Haia do canto/coral até apresentação de peças teatrais. Isso durou de 1968 a 1973, quando os moradores do Baú eram mais unidos. “Hoje não. Existe muita discriminação de uma área para com outra, e fica até difícil trabalhar por esta comunidade. O bairro é bastante dividido. O Centro Comunitário inexiste. E nem mesmo o denominado Centro Esportivo funciona, já que as dimensões de suas quadras são pequenas, fora dos padrões. Falta no Baú a solidariedade”, explicou Pindoba.
Vista parcial do Baú, na dácada de 1970
Ele explicou ainda que os moradores do Baú são os próprios responsáveis por alguns de seus problemas, como por exemplo o excesso de sujeira nas ruas. “A coleta de lixo é considerada boa, mas alguns moradores do bairro prejudicam tal serviço. Eles mesmo colaboram para que a sujeira se acumule. Água também não falta, felizmente”. No entanto, a maior carência dos moradores daquela região é ligado a um centro comercial. “Precisamos de uma farmácia, um supermercado e mesmo uma feira livre, que poderia nos atender semanalmente nas quadras esportivas que ficam à beira do asfalto”, finalizou o morador.
Sua História
Pindoba é um sujeito bastante conhecido na cidade de João Monlevade, tendo sido diretor da extinta Rádio Cultura, no período de 1963 a 1968, quando escrevia textos para novelas e apresentava um Programa de Calouros. Mas foi também um excelente goleiro da equipe do Metalúrgico e um dos pioneiros do teatro em Monlevade, estreando em novembro de 1957, ao lado de Mundico, Dirce, Elaine, Hilário Quaresma, Moacir, Valdemar Gonçalves e José Pereira. E ele foi também um famoso palhaço, uma de suas grandes paixões na vida. “Se não viesse para Monlevade, onde ingressei-me na Belgo-Mineira, estaria com certeza até hoje em um Picadeiro”, disse emocionado Geraldo Zenóbio Soares, este grande homem com quem tive o prazer de levar esta prosa, o “Palhaço Pindoba”!
Pindoba quando era Regente do Coral de Jovens do “Clubinho Rui Barbosa”, durante uma apresentação
*De julho a dezembro de 1989, tive o prazer de produzir uma série de reportagens no extinto “Jornal de Monlevade”, periódico este fundado pelo amigo e jornalista Elmo José Lima – hoje residente em Belo Horizonte -, com algumas personalidades de nossa cidade, bairros e fatos curiosos sobre a história de João Monlevade, que estarei publicando em nosso Site.
Obs: O artigo está transcrito na íntegra, conforme publicado na edição de nº 291 do “Jornal de Monlevade”, de agosto/1989.