Eu o conheço já faz algum tempo. E desde o nosso primeiro encontro, notei na sua lucidez um exemplo em viver bem, mesmo chegando próximo aos 90 anos de idade. Hoje, já passou dali e continua o mesmo. Sempre de bem com a vida, sorridente e contando suas histórias, seus causos. Às vezes com a sua camisa azul estrelada, orgulhoso de torcer pelo Cruzeiro das Gerais. Outras vezes com seu violão às mãos. E o sorriso largo e tranqüilo, na idade da sabedoria.
Falamos do Seu José Romualdo Brandão, o qual chamo “Seu Zé”. Natural de Rio Casca, veio ao mundo em 7 de fevereiro de 1920, mas que chegou ainda moço em João Monlevade. Como todo aventureiro da época, era mais um que chegava ao Distrito de São Miguel para trabalhar na Usina da Belgo-Mineira. E com o RG de número 988, fichou na Usina em 13 de abril de 1946 e, durante exatos 30 anos, foi exemplar operário da Cia. Siderúrgica Belgo-Mineira, de onde saiu em 30 de junho de 1976. Mas lá deixou a sua obra, imortalizada. Durante este tempo em João Monlevade, teve várias residências, e residiu no Acampamento do Anjo, Pedreira, Tamoios e Tocantins. E entre uma parada e outra, conheceu a moça Maria Magalhães, com quem se casou. O casal teve nove filhos (hoje são quatro vivos – Maria Geralda, Antônio Brandão, Luci e Luiz Gonzaga) São ainda 11 netos e quatro bisnetos. E durante toda a vida, Seu José Romualdo sempre foi esta pessoa simples, vivendo entre a família e o trabalho e sem muitas vaidades. A família sempre foi a sua história.
Na fotografia acima, Seu José Romualdo com seu violão e o Oratório ao lado
Religiosamente ouve a Missa pela Rádio Aparecida e tem como roby ouvir os esportes pela Itatiaia. Ao lado de sua cama, um pequeno oratório, onde sempre faz a suas orações e toca o seu violão. E do outro lado da parede, um quadro com algumas fotografias do passado. Ele, Seu José Romualdo, sempre saudosista. Com seu jeito manso de falar, e uma lucidez e memória fantásticas. Gosta de uma taça de vinho e vez ou outra um copo de cerveja. Não dispensa um pé de porco e um bambá de couve. Almoço e janta são horas sagradas e, como ele mesmo gosta de falar, “não posso é ficar sem a bóia, uai”.
Seu Zé levando a sua vida, dando a cada dia mais exemplos de como levá-la com sabedoria e serenidade. Muito religioso, vai subindo a montanha, devagarinho.Sem pressa.
*Este artigo foi publicado na edição de nº 149 do jornal “Morro do Geo”, em abril/2011. Seu José Romualdo faleceu três anos depois, e deixou um grande legado.