1986: O ano das mudanças políticas e sindicais!

Nasceria  1986,  o  ano  que  ficaria  marcado  pelo  movimento sindical  e  as  mudanças  no  quadro  da  política  partidária.  Era  um ano eleitoral quando seriam escolhidos governadores, deputados  e  senadores.  E  com  um  sabor  diferente,  já  que naquele  ano  seriam  eleitos  os  parlamentares  do  Congresso Nacional  que  fariam  uma  nova  Constituição  Brasileira.  E  já  em março  daquele  ano,  a  surpresa  viria  na  decisão  tomada  pelo maior  líder  sindical  da  história  de  João  Monlevade,  João  Paulo Pires  de  Vasconcelos,  que  havia  presidido  o  Sindicato  dos Trabalhadores  Metalúrgicos  na  década  de  1970  e  mudado  a história  do  sindicalismo  regional.  Ele  deixava  para  trás  sua  vida sindical  para  entrar  na  política  partidária,  contrariando  a máxima  do  líder  polonês  Leach  Wallesa  (que  depois  também trairia  sua  própria  ideologia,  ao  se  tornar  presidente  da  Polônia) de  que  “Política  é  Política.  Sindicalismo  é  sindicalismo”. 

E naquela oportunidade, filia-se ao Partido dos  Trabalhadores (PT). O caso provocou grande repercussão  e  surpresa,  já  que  João  Paulo,  além  de  simpatizante do PMDB, tinha uma ligação de amizade muito estreita com o médico  Nelson  José  Cunha,  uma  das  lideranças  peemedebistas em João Monlevade. Tanto  que,  durante  uma  convenção  do  PMDB no município,  ocorrida  no  ano  anterior,  ou  seja,  em  1985,  as duas  chapas  que  disputavam  o  Diretório  Municipal  tinham como  líderes  Nelson  Cunha  (com  apoio  do  então  prefeito  Bio)  e o  vereador  Antônio  Marmo  Torres  Duarte  (Toninho  Torres).  Na história  política  de  João  Monlevade,  uma  convenção  nunca havia  atraído  tantos  militantes  peemedebistas.  Cerca  de  mil pessoas  participaram  do  processo  eleitoral  e  uma  imensa  fila  se formou  em torno da antiga sede da Câmara Municipal, localizada na Praça Duque de Caxias, próximo ao DAE. Naquela oportunidade, João Paulo  percorreu  toda  a  fila  pedindo  votos  à  chapa  encabeçada  por Nelson Cunha, que saiu vitorioso. Mas, por pressão dos próprios líderes sindicais e devido ao relacionamento comum junto ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista – que tinha Luiz Inácio Lula da Silva como maior liderança -, acabou filiando-se ao PT no dia 12 de março de 1986, com muita festa da militância,  em solenidade  realizada  na  Câmara  Municipal.

Minha saída da “Revista Mostrar”!

Profissionalmente,  mais  uma  porta  se  abriria  para  mim.  No início  do  mês  de  abril  deixava  o  trabalho  na  “Mostrar”. Lembro-me  de  que a  revista  passava  por  um  problema  de  ordem financeira e o Otávio Viggiano já não tinha o mesmo entusiasmo. Aos poucos os dias na redação ficaram tensos e então resolvi deixar a equipe, com quem muito aprendi e deixei muitas amizades, entre eles o fotógrafo Beto e o professor  Evandro,  com  o  seu  “Mosaico”,  outra  grande figura.  Uma  turma  de  feras, a começar pelo Tavinho, que tanto me ensinou na arte de redigir, e me valorizou como profissional..  Começaria  um  novo  ciclo  em  outro órgão  da  imprensa  escrita.

Fui  convidado  a  trabalhar  no  “Tribuna  de  Monlevade”,  jornal com circulação quinzenal e ainda sem muito compromisso com o leitor.  Seu  diretor Maurício  Pereira  do  Carmo,  tinha  como  principal missão faturar. Era o seu lema!  Não  vendia  espaço,  mas,  sim,  a  sua  linha  editorial. Mas  houve  intervenção  do  vereador  João  Bosco Vieira  Paschoal  – falecido  em  julho  de  1995  -,  que  tinha  bom relacionamento  comigo  e  com o  próprio  Maurício.  O  papel  usado  para impressão do jornal era tipo revista, mais caro. No entanto, antes de fecharmos o acordo, fiz algumas colocações, entre elas mudar o papel, a linha editorial e passar a circular com periodicidade semanal. Passou então a circular às quintas- feiras um dia antes do jornal “A Notícia”. Maurício e sua filha Nadja controlavam a parte financeira. E eu cuidaria da linha editorial. Acordo fechado. Em meados de abril comecei ali uma nova etapa de minha vida profissional, numa sala ampla e bem montada, com móveis caros, vizinha à Contabilidade de Mauri Torres Duarte, num prédio na Avenida Wilson Alvarenga, no andar superior à Padaria “Pão Tentação”. Nesse período, retornei com a coluna “Com-Mentando Monlevade”. Mesmo tendo nascido no A Notícia” fui eu quem a batizou. Nada  mais  justo,  assim  como também criei um novo espaço, usando como pseudônimo meu segundo  nome  lido  ao  contrário.  De  Manuel,  nasceu  o  Leunam, na  coluna  “Língua  de  Trapo”.  Ao  longo  desses  tantos  anos,  Leunam  nunca  mais  me  abandonaria.

*Do Livro A Saga: Memórias de um Jornalista do Interior” – Parte IX

Autoria: Jornalista Marcelo M. Melo!

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