O “furo” que me fez cair da cama!

Seguia  na  mesma  luta  diária,  correndo  atrás  dos  “furos jornalísticos”,  entre  a  Câmara,  Prefeitura,  Delegacia  de  Polícia, entidades  de  classe. E tudo  na  base  do  “a  pé”. Ou  então  pela  Transcomol  (empresa  de  transporte  coletivo  da época).  Carro  era  artigo  de  luxo.  Celular,   Internet,  na  década   de 1980?  Aquilo  seria  impossível  até de  imaginar.  E,  falando  em tecnologia,  o  nosso  melhor  amigo  na  época  era  o  telefone  fixo.  E por  causa  dele,  quase  fui demitido da  rádio, tudo pela “descomunicação” (rs).

Pela  primeira  vez  na  história  da  cidade,  um  movimento trabalhista  que  não  envolveria  a  classe  metalúrgica.  Os bancários  ameaçavam  deflagrar  uma  greve  e  aqui  operavam  as agências  dos  extintos  Bemge  e Credireal,  o  Bradesco,  Caixa Federal  e  Real  (hoje  Santander).  Uma  assembleia  ocorreria  na  sede  do  Sindicato  dos  Metalúrgicos,  à  Rua Siderúrgica.  Eu fazia a cobertura do encontro da categoria.  Por volta  das  22  horas,  foi  encerrada  a  sessão,  e  a  categoria  decidiu pela  paralisação.  Havia  ficado  acertado  ainda  que,  na  manhã seguinte,  um  piquete  se  formaria  entre  bancários  em  frente  à agência  do  Bradesco,  na  Praça  do  Lindinho,  com  objetivo  de impedir  que  colegas  pudessem  furar  a  greve.  Decisão  tomada, peguei  minhas  coisas  e  fui  para  casa.  Todo  suado  e  cansado,  só um  banho  e  uma  cama  para  renovar  as  energias.

Acordo  pela  manhã  e  veio  a  preguiça.  Resolvi  ligar  então  para  o estúdio  da  Tiradentes  para  dar  um  flasch  no  noticiário  das  7 horas  e  assim  poderia  ir  mais  tarde  para  a  emissora.  Deitado  em minha  cama,  entro  no  ar.  No  estúdio  estava  o  colega  Vicente  de Paula.  Entro no ar: – “Foi  deflagrada  na  manhã  de  hoje  greve  dos  bancários, em  João  Monlevade.  Os  grevistas  encontram-se  em  frente  à agência  do Bradesco,  onde  promovem  um  piquete.  Decisão  se deu  na  noite  de  ontem,  após  assembleia  da  categoria  e,  segundo lideranças  do  movimento,  a  adesão  é  superior  a  setenta  por cento.  Mais  informações  no  noticiário  das  8.  Marcelo  Melo, para  a  Rádio  Tiradentes/Globo”.  Fechei  a  matéria  e,  após  ouvir  a vinheta,  a  certeza  do  dever  cumprido,  e  sem  ter  de  sair  de  casa. Mas,  para  meu  desespero,  não  se  passaram  cinco  minutos  e Elmar  Venícius,  meu  gerente,  entra  em  contato  telefônico comigo.  Quando  atendo,  ouço  uma  voz  ríspida, descontrolada,  com  fogo saindo  pelas  ventas:  – “Marcelo,  você  está  onde”?  Vacilei.  Perdi a  fala.  E  ele  continuava,  quase  aos  berros,  no  telefone:  –  “Onde você  está?  Estou  aqui  em  frente  ao  Bradesco  e  não  tem  greve alguma”.  Não  teve  jeito.  Com  a  maior  cara  de  pau,  fui  logo dizendo:  –  “Elmar, estou  em  casa.  Estava  morto  de  cansaço  e resolvi  fazer  a  cobertura  daqui  mesmo.  O  que  estou  estranhando é que saí da assembleia de ontem à noite e a categoria já havia decidido pela greve. O que pode ter ocorrido”? Ele,freneticamente,  afirmou  que,  logo  após  minha  saída,  chegou uma  nova  proposta  salarial  e  a  categoria  decidiu  aceitá-la. Minha  cabeça  só  não  rolou  naquele  dia  porque  tinha  alguns créditos  com  a  chefia…  E  sempre  aprendendo  com  a  profissão que o  bom  repórter  tem  de  estar  presente  no  momento  certo.  Não pode  ficar  aguardando  a  notícia  em  casa. Assim como o artista. “tem de ir aonde o povo está”!

“Morte no Apogeu”!

O  ano  de  1985  se  encerraria  com  “A Morte  no  Apogeu”,  uma obra  literária  escrita  pelo  jornalista  e diretor da Revista “Mostrar”,  Otávio  Viggiano Filho,  o  Tavinho.  Um  romance  que  tratava  de  um  paralelo  entre a  vida  dos  menores  abandonados  e  marginalizados  pela sociedade,  e  a  ganância  e  o  desejo  desordenado  do  poder. Tavinho  ali  retratava  a  dura  realidade  brasileira,  nua  e  crua, como  descreveu  na  época  uma  crítica  publicada  na  mídia  local. O  lançamento  do  livro  se  deu  no  Social  Clube,  em  grande  noite, quando  também  foi  empossada  a  nova diretoria  da  Casa  de  Cultura, presidida  por  Francisco  Ribas,  tendo  como  vice-presidente, Dirceu  Roberto  da  Silva.  O  saudoso  Guido  Valamiel  foi empossado  como  diretor-executivo  da  Fundação.

*Do Livro A Saga: Memórias de um Jornalista do Interior” – Parte VIII

Autoria: Jornalista Marcelo M. Melo!

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