A destruição da Praça do Mercado e da Cidade Alta em nome do progresso!

Aquele  ano  ficaria  marcado  na  história  de  João  Monlevade como  o  início  da  destruição  de  nossa  história  arquitetônica  e  do passado de nossos ancestrais, ou seja, a destruição do nascedouro da 1ª Vila Operária da América Latina.  Apresentando como justificativa a  expansão  da  Usina  para  instalação  de  um  novo  Laminador  e  a construção  de  um  pátio  para  o  depósito  de  materiais,  a  Belgo-Mineira  –  que  acabava  de  completar  51  anos  de  atividades  no município  –  dava  início  à  demolição  da  Praça  do  Mercado.  A derrubada  dos  prédios  e  lojas  que  ocupavam  a  praça  estava marcada  para ocorrer em  janeiro  de  1987,  mas  o  serviço  foi  antecipado  e iniciado  em  outubro  de  1986,  criando  protestos  por  parte  dos comerciantes  que  tinham  ali  suas  atividades.  Além  da  praça, começaram  a  ser  destruídas  as  70  casas  da  tradicional  Cidade Alta,  complexo  construído  junto  à  Vila  Operária  e  onde residiam  os  mais  antigos  trabalhadores  da  Usina.  Aqueles moradores  teriam  até  dezembro  para  desocupar  seus  imóveis. Um  loteamento  foi  aberto  no  Bairro  José  Elói,  para  onde  foram transferidos  os  operários e suas famílias.  Inicialmente,  eram  trinta  casas,  que foram  construídas  em  regime  de  mutirão  e  com  ajuda  da  Belgo-Mineira.  Os  demais  moradores  da  Cidade  Alta  já  tinham buscado  novas  moradias.  Aquilo  foi  como  uma  facada  no  peito, em  que  se  misturavam  a  indignação  e  a  revolta.

Todo  aquele  monumento  arquitetônico  construído  no  início  dos anos  1940  pelo  então  diretor  da  empresa,  Dr.  Louis  Jacques Ensch,  era  demolido.  Não  haveria  mais  praça,  o  grande  mercado e  o  ponto  de  encontro  para  operários  e  donas  de  casa  que  iam fazer  suas  compras.  Nem  o  grande  Armazém  do  Geo  foi poupado.  Também  o  Grêmio  Esportivo  Monlevadense  –  e  toda sua  história  como o 1º clube de inclusão social de João Monlevade, e seu engajamento com crianças e jovens na prática de várias categorias nos esportes especializados  e  seu ginásio  de  tantos eventos  esportivos  e  culturais  -,  estava  com  os  dias  contados.  E o  pior  estaria  por  vir  dois  anos  depois,  em  1988,  com  o  tiro  de misericórdia:  a  demolição  da  Praça  Ayres  Quaresma,  a fantástica  Praça  do  Cinema.  Assim,  a  nossa  memória  ia  sendo desrespeitada  e  começávamos  a  perder  a  nossa  identidade.

*Do Livro A Saga: Memórias de um Jornalista do Interior” – Parte XIII

Autoria: Jornalista Marcelo M. Melo!

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