Na foto acima, a página de capa do nosso jornal, o “Folha da Cidade”, que circulava com sua 1ª edição em novembro de 1987, e periodicidade semanal
Estava em meu terceiro ano militando na imprensa. O programa “Tiradentes/Globo Comunicando com a Cidade” continuava a todo vapor. Já era sucesso com apenas um ano no ar, e a mudança veio com a saída do parceiro Geraldo Magela, que naquele ano foi contratado pelo deputado federal João Paulo como seu assessor na região. Para seu lugar foi contratado o ex-metalúrgico e professor de Inglês, José Geraldo Lima, que já tinha tido experiências em rádio durante a fase em que a emissora funcionou na Praça do Cinema. Demos a ele o nome artístico de J. Lima, e pegou. Foi um ano bem produtivo na mídia falada, e a Rádio Tiradentes cada vez mais ganhava a simpatia do ouvinte diante de seu trabalho sempre voltado em favor da comunidade. José Inácio tornou a emissora mais dinâmica e havia programas sertanejos matutinos e vespertinos, com Vicente de Paula e Dudu Nunes, além de Carlos Moreira com seu programa de participação popular. Geraldo Cardoso continuava comandando a Hora do Rei e eu na parte jornalística e de entrevistas. Maurício Reis era o responsável pela Editoria de Esportes. Não ficávamos muito atrás das emissora da capital em termos de programação, principalmente na área jornalística. Ruim mesmo era o salário (rs). Tudo conforme o ditado, que nos consolava, de que “ganha-se pouco, mas se diverte muito”.
Para fechar 1987, decidi tomar outro rumo. Deixei o “Tribuna de Monlevade” e, com a cara e coragem à frente, fundei o meu próprio jornal. Na época, todos imprimiam seus jornais no formato Tablóide. Em novembro de 1987, circulava a 1ª edição do jornal “Folha da Cidade”, com periodicidade semanal, em sociedade com o amigo Raimundo Formiga, “Fufu”. Alugamos uma salinha à Rua Sayonara, atrás da loja Ulete Mota. Contratamos uma secretária e formamos uma equipe seleta, com vasta experiência na área. Faziam parte do grupo, entre colunistas e colaboradores, Geraldo Magela, Claudina Dias, Professor Evandro, Lúcio Flávio (Perereca), José Inácio, Chico Franco, Marilene Cruz, Geraldo Guerra, José Couto, Tereza Antônia e Renato Lima. Estilos para todos os gostos, do Direito aos Esportes, passando pelas artes e culinária. Uma experiência curta, mas bastante proveitosa. Nosso jornal duraria apenas 13 edições e fecharia na mesma época em que entrava em circulação o “Prezado Senhor”, em fevereiro de 1988, primeiro jornal em formato Standard na cidade e com páginas em policromia (coloridas). Aliás, como João Monlevade sempre foi cercada de alguns mistérios, o surgimento daquele jornal foi mais um deles. Afinal, o forasteiro, jornalista Kao Martins, chegava à cidade em um ano eleitoral para montar um jornal com periodicidade semanal. A desconfiança era de que ele vinha financiado por algum dos possíveis candidatos a prefeito, já visando as eleições naquele ano, e a desconfiança pairou sobre o petista Leonardo Diniz e o ex-prefeito Lúcio Flávio de Souza Mesquita. Mas, mesmo depois de parar de circular, uns anos depois, continuou o dilema de quem estava por trás daquele projeto.
*Do Livro A Saga: Memórias de um Jornalista do Interior” – Parte XVII
Autoria: Jornalista Marcelo M. Melo!