Na fotografia acima, Wilson Bastieri, que no ano de 1993 ficou marcado pelo acordo do “fio de bigode, quando era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos
No geral, o ano começaria um tanto morno, mas somente até maio, quando os metalúrgicos da Divisão de Siderurgia da Belgo-Mineira decidiram entrar em estado de greve, durante a data-base da categoria, que havia mudado de outubro para maio. Cerca de 700 operários, em assembleia realizada no Anfiteatro do Centro Educacional, optaram pela paralisação, ao rejeitar a proposta patronal. No entanto, antes mesmo da paralização, ocorreu um fato inédito. A greve nem chegou a ser deflagrada. Em assembleia realizada na noite de uma sexta-feira, no Anfiteatro, cerca de mil operários se faziam presentes. A Belgo-Mineira havia feito uma contra proposta e houve alguns avanços, o que acabou dividindo a categoria. Havia muitas discussões e a palavra franca era o prenúncio de que o desfecho não seria o desejado pela diretoria da entidade sindical. Mesmo porque até entre seus diretores não havia unanimidade. E não seria a primeira vez, porque também na época em que Antônio Ramos, quando comandava o Sindicato, durante um acordo salarial os dirigentes quase saíram no tapa, exatamente pelas opiniões desencontradas. O cerco estava formado e, durante a votação – feita por aclamação -, os números contabilizados entre os metalúrgicos que levantaram as mãos em favor da greve e os que eram contrários à paralisação deixaram dúvidas. Assim, após acirrada discussão, ficou decidido que uma nova assembleia ocorreria na manhã seguinte, um sábado, e o voto seria através do escrutínio secreto.
Aí a alta cúpula da Belgo-Mineira entrou em ação e exigiu que todo o seu pessoal de supervisão para cima, incluindo engenheiros e chefes de setores – mesmo não filiados ao Sindicato – marcassem presença no encontro de sábado, no mesmo local. E assim chegaram todos eles, por volta de 9 horas, identificados pela cor de seus uniformes, que era um tom de azul mais claro, enquanto a turma da produção utilizava um uniforme em tom cinza. Surpresa para alguns diretores, misturado à revolta. Afinal, apesar de legal, era um jogo considerado sujo pela entidade sindical. Uma assembleia com público recorde que não se via desde os anos 1970 e 80. E, antes de se iniciar a votação, discursos inflamados, principalmente do então secretário geral do Sindicato, Carlos Magno, que provocou muita polêmica. Em tom agressivo, “Carlinhos” chegou a dizer a todo o pessoal da supervisão que, se estivesse no lugar deles, enfiaria suas cabeças no vaso e daria descarga. Foi ríspido, usando palavras que causaram o maior mal estar no Anfiteatro do Centro Educacional. Com toda certeza, a vontade daqueles que sentiram-se ofendidos era agredir o diretor. Mas silenciaram-se!
A votação foi iniciada e, em seguida , os mesários fizeram a apuração dos votos. Como já era esperado, a presença dos supervisores e engenheiros fez a diferença e o resultado final foi pela aprovação da proposta patronal, encerrando-se assim mais uma novela em torno da data-base. O efeito 1 986 não seria repetido. Meses depois, após realização de novas eleições sindicais, quando foi eleito Luiz Cláudio do Patrocínio para assumir a presidência, tendo Carlos Magno como seu secretário geral, Wilson Bastieri deixava o cargo muito criticado pelos próprios colegas de diretoria, entre eles o novo presidente, Luiz Cláudio, e pelo ex-prefeito Leonardo Diniz que chegou a afirmar, na época, que “Wilson Bastieri realmente se omitiu. Respeito o companheiro pelo seu passado de luta, mas, como presidente, ele deixou a desejar”. Nasceu aí o jargão do “acordo do fio de bigode”, que se referia ao bigode que fazia uma contextualização à marca de Wilson Bastieri. A nova diretoria assumiria e, àquela altura do campeonato, muita coisa teria de ser revista na política sindical, que começava a perder sua força e a credibilidade junto às bases.
Partidariamente falando, a primeira crise chega à esfera da política municipal. Isso após acordo fechado com o governo do Estado, que culminaria com a adoção do Colégio Estadual pelomunicípio. A diretora do Departamento de Educação, Geralda Machado, com total apoio do prefeito Germin Loureiro, coordena o projeto e,da forma que era feito, contrariou o vice-prefeito, José Nelson Fagundes. Como a diretora tinha carta branca, mesmo enfrentando manifestações de grande parte dos profissionais da área da educação, o processo teve continuidade, e o vice-prefeito praticamente se afastou da administração.
*Do Livro “A Saga: Memórias de um Jornalista do Interior” – Parte XL
Autoria: Jornalista Marcelo M. Melo!