Nos estúdios da Rádio Cultura, após meu retorno, entrevistas diárias de segunda a sexta-feira. Aqui, com o jornalista esportivo Maurício Reis, durante uma boa resenha
E veio com mudança de endereço na mídia falada. O Sistema Globo não mais tinha interesse de manter uma emissora de rádio no interior e a Tiradentes estava à venda. Com sua visão política e sabendo da força de se ter uma emissora de rádio nas mãos, o deputado Mauri Torres foi o primeiro a se interessar pela sua aquisição. Somava-se a isso o poder de comunicação do radialista Carlos Moreira, que ficou comprovado nas eleições passadas, quando conseguiu a terceira colocação, sem apoio e nem dinheiro para gastar em campanha. Mauri convidou o amigo e empresário José Oscar de Morais para entrar com ele na sociedade, e a Tiradentes foi então adquirida. Uma mídia nas mãos e, de sobra, um candidato para as próximas eleições municipais. A emissora retornou com o seu nome de origem, ou seja, Rádio Cultura de João Monlevade, assim como foi batizada ao ser instalada pela Belgo-Mineira, naquele 1º de maio de 1961.
Estávamos em março de 1993, e tão logo o negócio foi fechado, Mauri Torres e Carlos Moreira procuraram por mim e pelo Geraldo Cardozo, que estávamos na Alternativa, convidando-nos a integrar a nova equipe da Cultura. Ficamos de dar uma resposta, até que nos procuraram novamente, um mês depois. Pouco tempo eu e Cardozo aceitamos o convite e estávamos de volta à emissora AM da cidade. O amigo assumiu o horário vespertino, de 13 às 16 horas, incluindo na primeira hora o quadro “As Canções do Roberto”, sucesso de audiência. E eu retornava com meu programa jornalístico, bem mais produzido, de 16 às 18 horas, cujo nome foi dado pelo próprio Moreira e caiu a gosto: o “Plantão Cultura”. Era o que sempre sonhava: retornar com um programa de entrevistas, interatividade e muita, mas muita polêmica. Informação na hora do fato. Na Alternativa aquilo era impossível pela forma de funcionamento de uma emissora FM.
Na época, a diretora administrativa era Maria Barbosa, monlevadense da gema, que havia sido transferida do Sistema Globo, em Belo Horizonte, para assumir a Tiradentes, desde a saída de José Inácio. Ela foi mantida no cargo por alguns meses apenas. No primeiro contato com Barbosa, lembro-me de que ela chegou próxima a mim, na redação, e perguntou se eu poderia imaginar o motivo pelo qual me chamaram para trabalhar novamente na emissora. Sorri e disse a ela que o motivo não me preocupava. Afinal, estava feliz por ter novamente a oportunidade de fazer o tipo de rádio que gosto e não ficar bitolado apenas à redação, e ainda por cima recebendo por aquilo. E finalizei com um comentário irônico: – “olha, Barbosa, se o problema é político e estão querendo me usar visando às próximas eleições, o problema não é meu, mas sim deles”. Pouco depois, ela era demitida e dava o lugar a Leiza da Mata, que assumiu a área administrativa. Foi o início de um momento de muito crescimento profissional e inspiração em minha escalada na mídia falada. As entrevistas diárias, polêmicas, iam cada vez mais fazendo crescer a audiência e a credibilidade do programa, sem qualquer intervenção ou censura por parte dos proprietários ou da direção.
Germin Loureiro assume a Prefeitura de João Monlevade naquele 1º de janeiro e a Câmara elege seu presidente: Juninho Starling. Li Guerra assume o governo em Itabira e MárcioPassos, oficialmente, deixava a direção do jornal para assumir a Assessoria de Governo do novo chefe do Executivo itabirano. Em seu lugar, assumiu o cargo o irmão Ivan Passos. Cacá Lima assumiria a parte comercial nas prefeituras da região, enquanto eu e Chico Franco assumiríamos de vez a Editoria. Dôra deixava a nossa equipe e iria trabalhar na Assessoria de Comunicação da Prefeitura, junto ao novo titular da pasta, Ricarbene de Souza Pinto, que não conseguira reeleger-se para o Legislativo. O único fato novo naquele início de ano seria a decisão tomada pelo ex-vereador Wilson Vaccari, primeiro filiado no Diretório Municipal do PMDB, ao se desfiliar-se do partido. Em ofício encaminhado ao presidente do PMDB, o ex-prefeito Antônio Gonçalves, Vaccari comunicou que o pedido era em caráter irrevogável, alegando problemas ocorridos durante a campanha eleitoral do ano anterior.
Algumas coisas, entretanto, nunca mudaram em nossa cidade, comprovando-se, ao longo dessas três décadas, que os governantes sempre foram inoperantes em algumas questões. Afinal, desde aquele período, dois assuntos eram pautas constantesem minha Coluna e nas páginas do jornal: a exploração ilegal do Areão e o desrespeito ao Código de Posturas do município, que sempre foi uma lei apenas no papel.
*Do Livro “A Saga: Memórias de um Jornalista do Interior” – Parte XXXIX
Autoria: Jornalista Marcelo M. Melo!