Chega o Caçula e mudança na imprensa escrita!

O  ano  de  1995  começaria  com  mais  uma  grata  novidade  em casa.  O  primogênito  Ícaro  ganharia  um  irmão,  e  que  também nasceria  durante  a  festa  carnavalesca,  assim  como  ele,  quatro anos  atrás.  Diferença  de  alguns  dias  e  de  Signo.  O  primeiro,  de Aquário,  e  o  segundo,  Arthur  Alex  Cruz  e  Melo,  chegou  em  27 de  fevereiro,  segunda-feira, portanto,  de  Peixes.  A cada  ano  que se  passava  aumentavam  as  nossas  responsabilidades:  a  vida profissional,  filhos,  afazeres  domésticos.  A rotina  de  qualquer família  em  que  se  mata  um  leão  a  cada  dia.

Tudo  caminhava  normalmente  entre  o  lar o jornal  “A Notícia”  e a  Rádio  Cultura.  Mas  novas  mudanças  surgiriam  na  área profissional.  O vereador  Clésio  Gonçalves  havia  assumido  a presidência  do  Poder  Legislativo  para  comandar  a  Mesa Diretora para o biênio  1995/1996, em substituição a Juninho Starling. Após  acordo  entre  alguns  vereadores,  cuja  proposta  havia partido  de  João  Bosco  Vieira Paschoal,  meu  nome  foi  sugerido  para ocupar  a  Assessoria  de  Imprensa  da  Casa,  em  substituição  a Carlos  Moreira,  que  não  tinha  se  adaptado  às  funções.  Ainda  no primeiro  semestre  estava   ocupando  o  posto  e  uma  nova experiência na vida profissional. Financeiramente, era compensador,  mas  ao  mesmo  tempo  iria  prejudicar  o  meu trabalho  como  repórter, principalmente  em  meu  programa  de rádio,  sempre  polêmico  e agressivo.  Mas  acabei  encarando  o desafio  e  tentei  conciliar  de  forma  mais  ética  possível  as  minhas obrigações  profissionais,  entre  o  rádio,  o  jornal  e  o  poder.  No entanto,  outra  mudança  viria  naquele  mesmo ano,  em  junho. Uma  sucursal  do  jornal  “Diário  do  Aço”,  de  Ipatinga,  estava para  se  instalar  em  João  Monlevade.  Seu  diretor,  Wilton Rodrigues  de  Oliveira,  ex-professor  do  Senai  e  ex-diretor  do Departamento  de  Educação  no  1º  governo  do  ex-prefeito Antônio  Gonçalves,  mandou  então  convidar-me  pra  fazer  parte da  equipe  do  periódico,  que  viria  para  revolucionar  os  meios  de comunicação  na  cidade. Apesar  de  minha  ligação  de  amizade com  o  pessoal  do  “A Notícia”,  não  poderia  perder  aquela oportunidade,  de  trabalhar  em  um diário,  vivendo  todo  o  clima de  uma  grande  redação.  Até  aquele  ano,  1995,  ainda trabalhávamos  com  as  velhas  máquinas  de  escrever  e  foi  no “Diário  do  Aço”  que  tivemos  o  primeiro  contato  com  um Computador,  numa  tela  verde,  meio  embaçada,  mas  uma novidade  e  tanto.  O  velho  barulho  de  minha  Remington  era substituído  pelo  silêncio  dos  teclados  e,  de  datilógrafo,  passava ao  grau  de  digitador.  A redação  começou  a  funcionar  na  casa  do ex-prefeito  Antônio  Gonçalves,  ali  na  Avenida  do  Contorno, 450,  Vila  Tanque.  Mas,  devido  à  localidade,  pouco  acessível, mudou-se  para  a  Rua  Floresta,  em  Carneirinhos,  no  prédio  onde se  instalou  o  Sintramon.

Pela  manhã,  trabalhava  na  Câmara  Municipal.  À  tarde  dividia meu  tempo  entre  a  redação  do  Diário  do  Aço  e  a  Rádio  Cultura. Após meu  programa  na  emissora,  que  terminava  às  18  horas, voltava  para  o  jornal,  para  fechar  as  principais  manchetes. Estava  como  editor-adjunto,  mas  sempre  batia  de  frente  com  o editor Marcos  Benevides,  por  ser  contrário  à  sua  forma  muito amena  de  fazer  jornalismo,  tentando  sempre  a  política  da “imprensa  bem  comportada  politicamente”.  Não  era  do  meu feitio.  Mas,  íamos  levando!  Além  de  repórter e redator,  acabei  também assumindo  a  Coluna  “Radar”,  cujo  nome  plagiava  uma  Coluna famosa  do  “Folha  de  São  Paulo”.  Não  havia  assinatura,  pois  era de  responsabilidade  de  todo  grupo  editorial  do  periódico.  No entanto,  somente  eu  fazia  a  Coluna  que,  algum  tempo  depois, custaria  minha  cabeça.  Mas  isso  é  uma  história  para  mais  tarde…

Pois  bem,  mas  por  essas  ironias  do  destino,  o  principal articulador  de  minha  contratação  como  assessor  de  Imprensa  na Câmara  Municipal,  vereador  João  Bosco  Vieira  Paschoal,  foi acometido por uma doença rara naquele ano e nem chegamos a conviver  no  Legislativo  após  a  minha  efetivação,  pois  ele  ficou afastado  de  suas  funções  por  alguns  meses,  entre  internações  e repouso  em  casa.  Lembro-me  de  uma  noite,  durante  reunião ordinária  –  eu  ainda  não  havia  sido  contratado  -,  quando  João Bosco  chegou  a  chamar  o  presidente  à  Coxia  (sala  reservada  aos vereadores)  e,  na  minha  presença  e  do  assessor  jurídico  da Câmara,  Adilson  Prates  dos  Reis,  exigiu  a  minha  contratação imediata,  o  que  foi  acatado  por  Clésio  Gonçalves.  Coisa  que  não pode  passar  despercebida  e  talvez  explique  sua  atitude, certamente  foi  a  gratidão  que  ele  tinha  por  meu  pai,  Sebastião Gomes  de  Melo  que,  sendo  vereador  no  mandato  de  1773  a 1976,  e  presidente  do  Legislativo,  no  período  de  1974  a  76,  o lançara  na  política. Mas, óbvio, também pela minha competência como profissional.

Falecimento do vereador João Bosco!

No  entanto,  a  doença  do  vereador  se  agravava  e  ele  acabou internado  no  CTI  de  um  hospital  em  Belo  Horizonte,  e  veio  a falecer no  dia  31  de  julho  de  1995.  Foram  quatro  mandatos consecutivos,  iniciados  em  1977,  com  a  vitória  nas  urnas  em  15 de novembro de 1976.  A notícia provocou uma comoção geral entre  os  monlevadenses  e  uma  multidão  compareceu  ao  cortejo para  se  despedir  do  vereador,  que  também  se  tornara  popular  em razão  de  sua  carreira  como  empreendedor,  sempre  trazendo  à cidade  grandes  nomes  da  Música  Popular  Brasileira,  cujo  palco era  o  conhecido  campo  do  Flamengo.  João  Bosco  era  amado  por muitos  e  invejado  por  alguns,  mas  era  sinônimo  de  festas  e  não se  acomodava  apenas  nas  funções  de  legislador.  Como  tal, sempre  foi  respeitado  pela  sua  postura  firme  e  de  nunca  ficar preso  às  amarras  do  governo.  Era  um  opositor  nato  e  muito falastrão.  Não  tinha  medo  e  geralmente  suas  idas  à  Tribuna eram recheadas  de  denúncias  e  críticas,  sempre  polêmicas.  Para  a imprensa,  sempre  dava  boas  manchetes.  Minha  ligação  com João Bosco  nunca  foi  de  amizade,  mas  sempre  mantivemos  um bom  relacionamento.  E,  para  a  política  monlevadense,  foi mesmo  uma  grande  perda.  Em  seu  lugar,  assumiu  a  cadeira  o  1º suplente,  Rivaldo  de  Brito.

A vida  seguia  seu  rumo  normal  e  eu  seguia  minha  trajetória entre  as  entrevistas  polêmicas  no  meu  programa  de  rádio,  a corrida  atrás  de  notícias  diárias,  a  coluna  Radar  e  o  tempo  para criar  fatos  –  às  vezes  –  e  o  cumprimento  de  meu  trabalho  junto  à Comunicação  do  Legislativo.  No  plano  político,  começavam  as articulações  em  torno  dos  nomes  dos  pré-candidatos  na  corrida sucessória,  para  o  governo  municipal.  O  PT tinha  dois  nomes  na disputa:  o  ex-prefeito  Leonardo  Diniz  Dias e  o  médico,  derrotado  nas eleições  passadas,  Laércio José Ribeiro.  Pelo  PMDB,  estava  difícil encontrar  um  nome,  mas  havia  a  possibilidade  de  um  acordo junto  ao  deputado  Mauri  Torres  para  lançar  como  candidato  o radialista  Carlos  Moreira.  E,  pelo  PTB,  o  vereador  Juninho Starling  não  abria  mão  de  seu  nome.  Faltava  muito  ainda  para  a linha  de  chegada,  mas  a  largada  estava  dada!

*Do Livro “A Saga: Memórias de um Jornalista do Interior” – Parte XLVII

Autoria: Jornalista Marcelo M. Melo!

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