A fotografia acima mostra o grande número de metalúrgicos durante a votação na disputada eleição sindical em que Antônio Ramos foi eleito presidente do Sindicato, em 1987. O número de operários que participou da votação foi um das maiores na história. Pode-se ver ao centro, de braços cruzados, acompanhando o processo eleitoral, Ramos, e mais à frente o então prefeito Germin Loureiro
Cinco meses depois, precisamente no dia 24 de abril de 1999, aos 48 anos de idade, um sábado, falecia em João Monlevade o sindicalista e amigoAntônio Ramos. Na época publiquei reportagem sobre ele. Na matéria, que teve como manchete de capa o título “Depressão pode ter provocado morte de Ramos”, relatei todo o ocorrido. Ramos havia chegado de Belo Horizonte naquele mesmo dia e, após ingerir um coquetel de comprimidos para hipertensão, foi encaminhado ao Hospital Margarida, onde chegou a receber atendimento médico, mas acabou falecendo. Sua morte causou grande repercussão, principalmente entre os antigos companheiros de luta operária. Durante a despedida, um dos parceiros da Velha Guarda do Sindicato que mais se solidarizou e deu todo apoio foi o amigo para quem ele sempre tiraria o chapéu, o ex-sindicalista Vicente Guimarães, o grande “Caiana”, falecido anos mais tarde. Uma amizade que se manteve durante toda a vida, seja nos momentos tristes ou felizes. Mas estavam sempre juntos.
No entanto, o nosso trabalho profissional acaba às vezes nos provocando certos constrangimentos e aborrecimentos. Algumas frustrações e perdas, como foi no caso com Antônio Ramos, que veio a falecer pouco tempo depois de nossa conversa, que poderia ter sido apenas informal, mas acabou se tornando uma entrevista que marcaria a minha carreira como repórter. Polêmica, assim como foi sua vida pessoal e profissional, mas cheia de verdades. Porque Ramos sempre mostrou a cara, colocou-a à frente para bater se fosse necessário. Nunca fugiu da raia e foi injustiçado e traído por alguns que considerava parceiros e aliados. Tivemos uma boa ligação, de respeito mútuo, e nenhuma notícia que tivesse dado sobre o Sindicato dos Metalúrgicos de João Monlevade, fosse positiva ou não, abalou a nossa relação. Tinha toda a liberdade para estar sempre na sua sala, dentro do Sindicato, ali na Rua Siderúrgica, seja quando ele era secretário-geral da entidade ou como presidente. Assim também ele, sempre que convidado, ia ao meu programa de rádio para uma entrevista. E ele foi uma grande perda não apenas para o seu Sindicato e os seus ideais em favor da luta operária, mas também para nossa cidade. E me expresso mais pelo lado pessoal do que profissional, porque sempre o considerei um amigo e pessoa de minha confiança.
Djalma assume a presidência da Câmara!
Mas voltemos à história, e deixemos que o tempo cure as nossas dores. Vamos aos fatos e aos bastidores do mundo midiático e político de nossa terra, descoberta por um francês. Final de 1998 e vem a troca de comando na Mesa Diretora na Câmara Municipal. Werneck daria lugar a Djalma Bastos, que tem na vice-presidência o petista Gleber Naime de Paula. Minha cabeça a prêmio novamente. Afinal, tratava-se de um cargo de confiança. Ainda mais com o PT ocupando o segundo cargo mais importante da Mesa. Lembro-me de que, após a votação e dias antes da posse, quando Djalma não havia ainda confirmado minha permanência no cargo, estávamos no Plenário jogando conversa fora, quando os vereadores Leonardo Diniz e Filinha, ambos do PT, chegaram brincando comigo e disseram que eu tivesse cuidado porque Gleber estaria na Mesa, ou seja, que eu deixasse de criticar tanto o governo do Dr. Laércio nas páginas do “A Notícia”. Apenas sorri. Djalma Bastos assumiu a presidência da Câmara em 1999. Ao final fui mantido e trabalhei mais dois anos como assessor de Comunicação da Casa Legislativa. Com um porém: sem deixar de criticar a administração petista do Dr. Laércio, continuando a ser um opositor ferrenho do governo.
*Do Livro “A Saga: Memórias de um Jornalista do Interior” – Parte LII
Autoria: Jornalista Marcelo M. Melo!