Antônio Ramos falece cinco meses depois, mas deixou seu legado; eu perdia um amigo!

Cinco  meses  depois,  precisamente  no  dia  24  de  abril  de  1999, aos  48  anos  de  idade,  um  sábado,  falecia  em  João  Monlevade  o sindicalista  e amigoAntônio  Ramos.  Na  época  publiquei  reportagem sobre  ele.  Na  matéria,  que  teve  como  manchete  de  capa  o  título “Depressão  pode  ter  provocado  morte  de  Ramos”,  relatei  todo  o ocorrido.  Ramos  havia chegado  de  Belo  Horizonte  naquele mesmo  dia  e,  após  ingerir  um  coquetel  de  comprimidos  para hipertensão,  foi  encaminhado  ao Hospital  Margarida,  onde chegou  a  receber  atendimento  médico,  mas  acabou  falecendo. Sua  morte  causou  grande  repercussão, principalmente  entre  os antigos  companheiros  de  luta  operária.  Durante  a  despedida,  um dos  parceiros da Velha Guarda do Sindicato  que  mais  se  solidarizou e  deu  todo  apoio  foi  o amigo para  quem  ele  sempre  tiraria  o  chapéu,  o  ex-sindicalista  Vicente Guimarães,  o  grande  “Caiana”,  falecido  anos  mais  tarde.  Uma amizade  que  se  manteve  durante  toda  a  vida,  seja  nos  momentos tristes  ou  felizes.  Mas  estavam  sempre juntos.

No  entanto,  o  nosso  trabalho  profissional  acaba  às  vezes  nos provocando certos constrangimentos e aborrecimentos. Algumas  frustrações  e  perdas,  como  foi  no caso com  Antônio  Ramos, que  veio  a  falecer  pouco  tempo  depois  de  nossa  conversa,  que poderia ter sido apenas informal, mas acabou se tornando uma entrevista  que  marcaria  a  minha  carreira  como  repórter. Polêmica,  assim  como  foi  sua  vida  pessoal  e  profissional,  mas cheia  de  verdades.  Porque  Ramos  sempre  mostrou  a  cara, colocou-a  à  frente  para  bater  se  fosse  necessário. Nunca  fugiu da  raia  e  foi  injustiçado  e  traído  por  alguns  que considerava parceiros  e  aliados.  Tivemos  uma  boa  ligação,  de  respeito mútuo,  e  nenhuma  notícia  que  tivesse  dado  sobre  o  Sindicato dos  Metalúrgicos  de  João  Monlevade,  fosse  positiva  ou  não, abalou  a  nossa  relação.  Tinha  toda  a  liberdade  para  estar  sempre na  sua  sala, dentro  do  Sindicato,  ali  na  Rua  Siderúrgica,  seja quando  ele  era  secretário-geral  da entidade ou  como  presidente.  Assim também  ele, sempre  que  convidado,  ia  ao  meu  programa  de rádio  para  uma entrevista.  E  ele  foi  uma  grande  perda  não apenas  para  o  seu  Sindicato  e  os  seus  ideais  em  favor  da  luta operária,  mas  também  para  nossa  cidade.  E  me  expresso  mais pelo  lado  pessoal  do  que  profissional, porque sempre o considerei um amigo e pessoa de minha confiança.

Djalma assume a presidência da Câmara!

Mas  voltemos  à  história,  e  deixemos  que  o  tempo  cure  as  nossas dores. Vamos  aos  fatos  e  aos  bastidores  do  mundo  midiático  e político  de  nossa  terra,  descoberta  por  um  francês.  Final  de  1998 e  vem  a  troca  de  comando  na  Mesa  Diretora  na  Câmara Municipal.  Werneck  daria  lugar  a  Djalma  Bastos,  que  tem  na vice-presidência  o  petista  Gleber  Naime  de  Paula.  Minha cabeça a prêmio novamente.  Afinal, tratava-se de um cargo de confiança.  Ainda  mais  com  o  PT ocupando  o  segundo  cargo mais  importante  da  Mesa.  Lembro-me de  que,  após  a  votação  e dias  antes  da  posse,  quando   Djalma  não  havia ainda  confirmado minha  permanência  no  cargo,  estávamos  no  Plenário  jogando conversa  fora,  quando  os  vereadores  Leonardo  Diniz  e Filinha, ambos  do  PT, chegaram  brincando  comigo  e  disseram  que  eu tivesse  cuidado  porque  Gleber  estaria  na  Mesa,  ou  seja,  que  eu deixasse  de  criticar  tanto  o  governo  do  Dr.  Laércio  nas  páginas do  “A Notícia”.  Apenas  sorri.  Djalma Bastos assumiu a presidência da Câmara em 1999. Ao  final  fui  mantido  e  trabalhei mais  dois  anos  como  assessor  de  Comunicação  da  Casa Legislativa. Com um porém: sem deixar de criticar a administração petista do Dr. Laércio, continuando a ser um opositor ferrenho do governo.

*Do Livro “A Saga: Memórias de um Jornalista do Interior” – Parte LII

Autoria: Jornalista Marcelo M. Melo!

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