A Usina da Belgo-Mineira em João Monlevade, no ano de 1938, um ano depois de começar a produzir
Em 1872 falece, aos 83 anos, o pioneiro francês, Jean Antoine Félix Dissandes de Monlevad, depois de ter construído, em 1826, na região hoje se localiza o Solar Monlevade (Fazenda Solar), com recursos próprios e também com o dote recebido pelo seu casamento com a sobrinha do Barão de Catas Altas, uma moderna (para os padrões da época) fábrica de aço, de origem Catalã.
Contudo, após o seu falecimento, a fábrica entrou em decadência e em outubro de 1879 (sete anos após o falecimento do pioneiro e 53 anos da inauguração da Usina pioneira), o seu filho Joãozinho Monlevade pretendeu obter, junto a Assembleia Provincial da Provincia de Minas Gerais, um financiamento para continuar com o legado do pai.
Após longos debates, o financiamento foi deferido, mas ele não conseguiu levar avante o projeto por não ter conseguido os capitais necessários e, segundo dedução do próprio, para que fosse lucrativa teria que exportar o excedente e não havia como, por falta de vias de comunicação.
Ademais, segundo João Antônio Monlevade, antes de qualquer lucro ele prezava o próprio nome e não quis arriscar, nem os seus e nem os capitais alheios, em uma empresa que não podia dar resultado satisfatório e que, portanto, teria de sobrecarregar consideravelmente os cofres da Província. Ele então vendeu todo o acervo para a Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros.
A nova proprietária, com sede no Rio de Janeiro, coloca em sua direção, o neto do pioneiro e filho de Joãozinho Monlevade, Francisco de Paes Leme Monlevad, que inicia a construção, no local, de uma nova fábrica, com máquinas mais modernas para os padrões da época.
A Hipoteca do acervo da fábrica
Para tocar o empreendimento, a Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros hipoteca todo o acervo para o Banco da Lavoura e Comércio, com sede no Rio de Janeiro. A Companhia coloca na direção do empreendimento Francisco de Paes Leme Monlevad, que abandona a antiga fábrica e no local constrói uma nova.
A Revista Industrial de Minas, em 1897, noticiou:
“(…) na usina Monlevade. Como se sabe, este estabelecimento foi inteiramente reconstruído em 1894, e dotado de todos os aparelhos necessários para aperfeiçoar e aumentar a capacidade de produção que existia no mesmo local, fundado em 1825 pelo engenheiro Monlevade (…)”.
A Falência e a execução judicial do Crédito Hipotecário
A Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros não conseguiu pagar o débito hipotecário, obrigando ao Banco, credor hipotecário, a ingressar com a execução judicial no fórum do Rio de Janeiro, tendo sido penhorada a usina dirigida pelo neto de Jean Monlevad.
Em que pese a ação de execução hipotecária ter sido proposta na comarca do Rio de Janeiro, foi expedida uma Cata Precatória para a Comarca de Ouro Preto, então presidida por Augusto de Lima, para levar à hasta pública todo o acervo hipotecado.
Não tendo havido licitantes na primeira e segunda hasta pública, todo o acervo foi adjudicado pelo Dr., Gaston Barbanson, então Presidente da ABERD, que esteve no Brasil, por volta de 1920, acompanhando a comitiva do rei da Bélgica adquiriu (E depois foi reembolsado pelo Companhia Siderúrgica Belgo Mineira, que iniciava a sua jornada gloriosa por terras mineiras). Ele adquiriu também a mina de Andrade.
Após a Usina Siderúrgica de Sabará, a Belgo Mineira inaugurou, em 1937, em João Monlevade, a maior usina siderúrgica da América Latrina, além de ter construído a cidade com toda infraestrutura necessária, onde nasceu a 1ª Vila Operária da América Latina. A pedra fundamental para construção da Usina foi lançada em 31 de agosto de 1935, ou seja, dois anos antes da fábrica começar a operar.
*Mais detalhes dessa trajetória podem ser vistos no livro “De Jean Monlevad a Louis Ensch – Breve história da Belgo Mineira em Sabará e João Monlevade”, de autoria do Dr. Edelberto Augusto Gomes Lima, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais. Esse livro está disponível no Google na Galeria Edelberto.
*Por Edelberto Augusto Gomes Lima. Historiador e Escritor!

































