Pintura do rosto de Jean Antoine Félix Dissandes de Monlevade, já mais velho
A Chegada do pioneiro Jean Monlevade
Engenheiro de minas, francês de origem nobre nascido em Guéret, fundador da primeira usinametalúrgica com mão-de-obra escrava, encomendada pelo governo português, para produzir ferramentas para a economia agrícola de então. Jean Antoine Félix Dissandes de Monlevade, descendente direto de conceituados troncos da nobreza francesa, os Bogenet e os Monlevade, veio para o Brasil em 1817) deixando os conflitos decorrentes do processo revolucionário francês e aportou no Rio de Janeiro aos 14 de maio, com 28 anos de idade, recém-formado Engenheiro de Minas. Apaixonado pela mineralogia e pela geologia compreendera que o Brasil, mais especificamente a Província de Minas Gerais, constituir-se-ia em vastíssimo campo de estudos, aceitando, assim, uma comissão do governo francês para estudar os recursos minerais do Brasil. Morou inicialmente em Caeté, MG, onde montou uma pequena indústria de beneficiamento de ferro, antes, percorreu várias comarcas e distritos mineiros como São João Del Rey, Vila Rica, Sabará, Caeté e finalmente. São Miguel do Piracicaba.
Nessa região, encantou-se com a extraordinária riqueza da mesma e adquiriu duas léguas abaixo do então arraial de São Miguel de Piracicaba. Providenciou também a construção da sede da fazenda, o Solar de Monlevade em 1818, edificação imponente que dominou a paisagem do Vale do Piracicaba e que, varando os tempos, tornou-se o marco histórico e o símbolo maior da civilização plantada pelo pioneiro francês e existente ainda hoje.
Decidiu construir sua própria fábrica de ferro e na margem do rio Piracicaba, nas proximidades de uma forja catalã já existente, construiu uma nova usina que beneficiava em 1825, no início, trinta arrobas diárias de ferro. Nos anos seguintes, adquiriu equipamentos ingleses, consolidando a fábrica como uma das mais prósperas do Império. Produzia enxadas, foices, machados, alavancas, pás, ferraduras, cravos, martelos, picaretas e similares, freios para animais, moendas para engenhos de cana, entre outros artefatos.
As Forjas Catalã, hoje as peças da fábrica fundada pelo pioneiro Jean Monlevade encontram-se em um Museu instalado nas dependências da Arcelor/Mittal
Neste período casou-se em 1827 com Clara Sofia de Souza Coutinho, sobrinha do famoso Barão de Catas Altas. A qualidade de seus produtos logo ganhou fama, tornando-se fornecedor preferencial de companhias estrangeiras que iniciavam empresas mineradoras no Brasil. Após sua morte em São José do Rio Abaixo, aos 83 anos, a fábrica ficou sob os cuidados de sucessivos administradores, incluindo o filho e herdeiro, até que foi vendida para a Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros em 1891, empresa fundada em 1845 por Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá (1813-1889).
A Belgo-Mineira nasce em Sabará
Nesse ponto, a história da Belgo-Mineira muda de cenário e se desloca para a cidade de Sabará. Com o esgotamento das jazidas de ouro em Minas Gerais e o incremento do setor industrial no país despertaram ainda mais o interesse pelas reservas de ferro da região. Para Amaro Lanari, Cristiano Guimarães, Ovídio Paulo de Andrade e Gil Guatimosin, jovens engenheiros recém-formados da Escola de Minas de Ouro Preto, esse interesse transformou-se em empreendimento. Em 21 de janeiro de 1917, eles criaram – juntamente com outros pioneiros como o banqueiro e comerciante Sebastião Augusto de Lima e o industrial Américo Teixeira Guimarães – a Companhia Siderúrgica Mineira, na cidade de Sabará. O projeto era ambicioso: construir um alto-forno com capacidade para produzir 25 toneladas/dia de ferro gusa – seria o maior até então do Brasil e da América Latina.
Em 1920, após visita do Rei Alberto I da Bélgica, o grupo belgo-luxemburguês ARBED (Aciéries Reunies de Burbach-Elch-Dudelange), tendo como presidente Gaston Barbanson, enviou uma missão técnica a Minas Gerais, que constatou a possibilidade do grupo se associar a uma empresa brasileira já existente e a partir daí ampliar seus negócios.
Assim, em 11 de dezembro de 1921, a Companhia Siderúrgica Mineira realizou uma assembleia de acionistas para aumentar seu capital, que seria subscrito pela ARBED. Com isso, a Companhia passava a se denominar Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira.
O documento que selou a assembleia e o novo nome da empresa, que passava a se denominar Cia. Siderúrgica Belgo-Mineira
Louis Ensch: o Visionista que mudou a história
De Sabará a Monlevade antes mesmo da fundação da Belgo-Mineira, o representante da ARBED – Gaston Barbanson – comprou a antiga propriedade de Jean Monlevade, em São Miguel do Piracicaba que pertencia ao Banco Ultramarino, credor da falida Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros, que havia adquirido a propriedade dos herdeiros de Monlevade. A área incluía as ruínas da antiga fábrica de ferro e a região onde se encontrava a Mina do Andrade. Entre 1926 e 1927 a usina de Sabará chegou a ter as atividades paralisadas e a ARBED enviou ao Brasil o engenheiro luxemburguês Louis Jacques Ensch, com a missão de tentar contornar os problemas e apontar soluções possíveis. Cogitava-se até mesmo o encerramento dos negócios no Brasil, caso a situação se mostrasse de fato insustentável. Ainda no final do ano de 1927, o novo engenheiro-chefe da usina chegou a Sabará e logo concluiu que, com o aporte de novos equipamentos e melhoria da qualidade do produto final, o quadro poderia ser revertido.
Depois de obter sucesso no desenvolvimento da usina de Siderúrgica, Louis Jacques Ensch consegue convencer a matriz na Europa a investir em um novo empreendimento: a Usina de Monlevade. Com o sinal verde da matriz, ele iniciou, no final da década de 1920, os trabalhos de terraplenagem para a edificação da nova usina, nos antigos terrenos de Jean Monlevade. Como na área central da fazenda situavam-se as antigas instalações de Jean Monlevade, a fazenda, com o tempo, foi sendo chamada de “João” Monlevade. Por esse nome, afinal, ficaria conhecida a usina, muito embora inicialmente a Belgo-Mineira a tenha batizado como Usina Barbanson, em homenagem ao presidente da ARBED.
O engenheiro Luxemburguês, Dr. Louis Jacques Ensch (D), aqui acompanhado do então presidente Getúlio Vargas, durante lançamento da pedra fundamental para instalação da Usina da Belgo-Mineira, em João Monlevade, em 31 de agosto de 1935
Nasce a 1ª Vila Operária da América Latina
Para que a usina funcionasse, em pleno sertão de Minas Gerais, numa região dominada por morros, era preciso que antes de tudo se criassem condições de vida no local. Assim, decidiu-se que a usina ficaria no alto de uma pequena esplanada e o conjunto urbano seria construído em seu redor. A cidade mereceria, aliás, tanto ou mais planejamento do que a própria usina.
Por determinação do visionista Dr. Louis Jacques Ensch, o projeto da construção daquela que foi a 1ª Vila Operária da América Latina foi entregue a um jovem e talentoso urbanista chamado Lúcio Costa. Um “ensaio”, talvez, em grande estilo, da obra que seria realizada, anos depois, em pleno Planalto Central. Por sua vez, o arquiteto Yaro Burian projetou a obra. Até 1938, os funcionários da Belgo-Mineira eram acomodados em hotéis e alojamentos provisórios construídos especialmente e com algum conforto, mas não era possível que essa situação perdurasse. Ao redor do imenso platô formado para sustentar as instalações da usina, acima e abaixo, foram então surgindo as vilas operárias, a partir das ruas Beira Rio e Siderúrgica, que ficavam entre a margem do Rio Piracicaba e uma exuberante mata nativa.
Aqui tem início a construção das primeiras casas da Rua Siderúrgica. Mais acima o Hotel Cassino, à esquerda
Do núcleo pioneiro, novos conjuntos foram sendo construídos ao longo dos anos: Siderúrgica, Tupis, Guaranis, Carijós, Caetés, Aimorés, Tamoios, Tabajaras, Tocantins, Piracicaba, Araguaia, Cidade Alta, Contratados, Rua da Bomba, Três Casas, Jacuí, Tapajós, Paraúna, Tietê, Timbiras, Tupiniquins, Amazonas, Santa Cruz, Pedreira, Matadouros, Morro dos Cabritos e, próximo ao ribeirão Carneirinhos, as vilas Engenheiros, Tanque, Baú, Areia Preta e Pirineus. Em 1943, já existiam em Monlevade 600 residências; em 1948, 1440 e em 1952 eram ao todo 2.500 residências, distribuídas em 19 núcleos residenciais. Também começou a ser construído, a partir do final da década de 30, todo um conjunto obras de infra-estrutura e serviços – redes de água e esgoto, estação de tratamento, abertura, calçamento e iluminação de ruas, rodovias vicinais, centro comercial, escolas, hospitais, hotéis – como o “Cassino” -, clubes, cinema, igreja e muitos outros equipamentos urbanos estruturais e sociais.
Uma vista do Centro Industrial, onde aparecem ao alto as cúpulas da Usina e a Pensão Grande, a Prça do Cinema. Mais abaixo o Lactário, o Hotel Cassino, o prédio da Caatanga e as ruas Siderúrgica, Beira-Rio e Tocantins. À esquerda, as casas da Cidade Alta e o velho tubo de água que segue até o Bairro Jacuí
Especial atenção também em Monlevade foi dada à assistência médica e educacional. Na área médica, desde o início das obras foram montados ambulatórios e centros médicos e, em 1952, foi montado o moderno Hospital Margarida. Considerado um dos mais bem equipados do Brasil, o hospital chamou a atenção do então governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitscheck, que, durante a inauguração, teria chamado seu secretário de saúde e dito: “construa um desses em Belo Horizonte, que seja a quarta parte deste…” Além do hospital, a Belgo-Mineira também providenciou a instalação de uma usina de beneficiamento de leite e uma lactaria. Preocupada com o grande consumo de leite sem tratamento – a moderna indústria de laticínios no Brasil surgira já em meados dos anos 20, mas restringia-se às grandes cidades – a empresa decidiu criar sua própria usina de tratamento de leite, através de processos de pasteurização. Até então, alertavam os médicos da região, grande parte dos índices de mortalidade infantil devia-se ao consumo do leite in natura, que é um grande veículo de disseminação de doenças, como a tuberculose. Leite e manteiga eram fornecidos a um preço subsidiado aos funcionários da Belgo-Mineira e às crianças de até um ano de idade era fornecida gratuitamente uma mamadeira de leite enriquecido por dia.
Dr. Louis Ensch, com seu tradicional terno branco, tem como convidado ilustre o então governador do Estado de Minas Gerais, seu grande amigo, eleito depois presidente da República, Juscelino Kubitschek. Ainda na foto o Cônego Higino, fazendo as bençãos das instalações, e demais convidados, entre operários, autoridades e diretores da Belgo-Mineira
Na área de assistência educacional foram construídas três escolas primárias e uma profissionalizante, que começou a funcionar em 1942 e em 1951 passou a contar com a parceria do SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. As aulas eram ministradas por engenheiros da Belgo-Mineira e os alunos que nela se formavam geralmente estavam aptos a desenvolver atividades profissionais tanto na própria Belgo, como em qualquer outra empresa de grande porte no país. O nível de aprendizado era tão bom que, costumava-se dizer, quando os alunos de Monlevade iam estagiar em outras escolas do SENAI, em São Paulo, Rio e outros estados, em comparação com outros alunos, estavam aptos até a lecionar.
Após o famoso Grupo de Minério, uma dads primeiras escolas construídas pela Belgo-Mineira e que funcionava onde está hoje o estádio Louis Ensch, foi inaugurado o Ginásio Monlevade, em madeira, e que ficou famoso e conhecido como “Grupo de Tábua, que estava loalizado à Rua Carijós, e onde forfmaram grandes profisionais
Operários e suas famílias recebem os clubes
A qualidade de vida dos funcionários da Belgo-Mineira era complementada por uma grande rede de lazer. Um estádio de futebol (Jacuí) e dois times – o Metalúrgico e o Belgo-Minas – além de clubes recreativos – o Caça e Pesca, o Social, o Ideal, o União Operária e o Grêmio Esportivo – eram mantidos ou subvencionados pela empresa. Esses benefícios eram ainda complementados por obras sociais de grande importância que, desde 1942, eram promovidas pela Caixa Beneficente de Monlevade, criada pelos próprios funcionários. Além disso, a partir de 1955, através da Fundação Félix Chomé, passou a ser prestado auxílio especial para funcionários e seus filhos na área educacional, através da cessão de bolsas de estudo para cursos profissionais e aperfeiçoamento técnico em universidades.
O 1º clube a ser construído em João Monlevade foi o Social Clube, inaugurado em 16 de janeiro de 1943, com duas piscinas enormes e este trampolim seguindo os mildes europeus. Entre os seus fundadores, figuram os nomes de Louis Jacques Ensch, Albert Scharlé, Joseph Hein e outros. O Clube veio para atender aos gringos e chefes da Usina, que mudaram-se para João Monlevade tão logo a Cia. Siderúrgica Belgo-Mineira se instalou, para qualificar a mão de obra brasileira. Afinal, era apenas o início da siderurgia no Brasil. E o pessoal vindo do Velho Continente para ensinar na fabricação do aço exigia um local pra o lazer. Dessa forma, ergueu-se o Social na década de 1940, com piscinas, quadras esportivas, campo de tênis e um amplo salão de festas, além de todo glamour de um grande clube para uma pequena vila do interior. E assim foram durante quase três décadas; somente a partir do início dos anos 1970 foi aberto para operários comuns e mais tarde para negros. Era clara a divisão de classes naquela época, como da segregação racial
Com a instalação do Grêmio Esportivo Monlevadense, nasce em Monlevade a paixão pelos esportes especializados. E o grande responsável pela obra foi o engenheiro Caetano Mascarenhas, amante do Basquete, e que foi o idealizador de tudo, construindo o 1º clube de inclusão social em João Monlevade. A inauguração do Grêmio se deu no dia 15 de novembro de 1953
O crescimento econômico em toda região com o carvão vegetal
A constante preocupação da Belgo-Mineira em construir infra-estrutura adequada ao trabalho revela-se ainda com maior intensidade no grande desafio que representou montar um plano para garantir o fornecimento de carvão vegetal à usina. Embora a região que circundava a usina de Monlevade fosse coberta por densa mata nativa, tinha-se a consciência de que cada vez mais as reservas ficariam distantes e por isso, logo no início da construção da usina, a Belgo-Mineira tratou de adquirir reservas florestais por todo o vale do Rio Doce.
Ainda nos primeiros anos da década de 1930, a empresa fora beneficiada por uma lei estadual que concedeu dez mil hectares de terras cobertas de mata virgem, que se estendiam desde a foz do rio Piracicaba, à margem direita do rio Doce, até o município de Caratinga. Mas considerando-se a demanda pelo carvão vegetal, a área ainda era insuficiente. A partir de 1935, através de representantes comerciais, a Belgo-Mineira passou a adquirir grandes extensões de terra, inclusive na margem esquerda do Rio Doce, onde existiam somente pequenas e esparsas cidades surgidas ao longo da Estrada de Ferro Vitória a Minas ou às margens dos principais rios.
Uma região extremamente inóspita, onde, dizia-se, ocorriam de três a cinco mortes por dia por causa da malária – isso sem falar na violência, porque a inacessibilidade da região fornecia abrigo ideal a muitos criminosos. Era difícil até mesmo obter mapas detalhados da região, porque os topógrafos contratados pelo estado acabavam fazendo medições errôneas, por não quererem expor-se demais aos perigos. Para possibilitar a implantação de núcleos de extração de madeira e carvoaria, a Belgo-Mineira montou uma base inicial em Calado, que depois se tornaria o município de Coronel Fabriciano. A localização era estratégica, a meio caminho entre Figueira do Rio Doce – depois Governador Valadares – e Monlevade, servindo de “porta” de entrada para todo o vale do Rio Doce. Além disso, a incidência de malária no local era pequena, uma vez que ali o solo era bastante silicoso, absorvendo as águas pluviais e, portanto, impedindo a formação de poças d’água, onde o mosquito transmissor se proliferava.
Nesta região do Vale do Aço as primeiras reservas florestais adquiridas pela Belgo-Mineira, movimento a economia da regão
O pequeno lugarejo chamado “Calado” se transforma na cidade de Coronel Fabriciano
Calado era um pequeno arraial com não mais de 15 casebres que praticamente só existia em função da “parada” do trem da Vitória a Minas, para reabastecimento de água e lenha para as locomotivas. A partir de 1937, porém, seria um verdadeiro “quartel general” da Belgo-Mineira para a conquista do vale do Rio Doce. Ali a empresa construiu um escritório e um ambulatório, residências para o superintendente e médico responsáveis e, logo depois, um grande hospital, o “Siderúrgica”. O hospital, necessidade inquestionável pelas características da região, foi entregue à administração das irmãs da Piedade, que já administravam a Santa Casa de Sabará. Anexa à grande construção que abrigava o hospital, foi construída também uma singela capela.
A partir dali, organizaram-se vários pontos de extração de madeira e produção carvoeira por todo o vale – uma atividade que cresceria em importância nas décadas seguintes. Em cada local, foi montada uma base, com posto médico e serviço de enfermaria, que era ligado ao hospital de Calado. E, na medida em que a Belgo-Mineira ia criando novos postos – chegaram a ser 27 enfermarias em toda a região -, ia também promovendo serviços de engenharia sanitária, aterrando lagoas insalubres, retificando córregos e aplicando inseticidas. Mesmo assim, durante muitos anos a malária foi o grande inimigo a ser vencido e necessitou o trabalho de um grande número de médicos, verdadeiros heróis na luta contra a doença, que dizimava os trabalhadores. Eles percorriam vários pontos da região – de trem, a cavalo, no lombo de mulas – para fazer trabalhos preventivos ou emergenciais. Contra eles, existiam ainda as péssimas condições de vida da população local, agravada ainda mais por hábitos culturais que, muitas vezes não se adequavam às medidas sanitárias.
A Belgo-Mineira logo percebeu então que era necessário ir ainda além. Em cada núcleo implantado em meio à floresta, mesmo que a mão-de-obra fosse terceirizada, foi construindo casas de alvenaria – simples, mas com condições sanitárias adequadas -, escolas, postos permanentes de saúde, foi abrindo e iluminando ruas, além de também abrir um número imenso de rodovias vicinais, não apenas necessárias ao próprio escoamento da produção de carvão, como promotoras da integração regional. Sozinha, a Belgo-Mineira foi responsável pela construção de mais de mil quilômetros de estradas de rodagem em todo o vale do Rio Doce.
Foi assim que a empresa colaborou em grande medida para a ocupação e a valorização econômica de toda a região. Em torno dos núcleos carvoeiros, foram surgindo prósperas cidades – Goiabal, Dionísio, Alfié, Grama, Santa Isabel, Ipatinga, Jaguarassu, Várzea da Palma e muitos outros. Calado, o arraial transformou-se na cidade de Coronel Fabriciano, um importante centro regional. Várzea da Palma, onde a Belgo-Mineira construiu mais de 300 quilômetros de estradas de rodagem, escolas, hospital e até um campo de pouso para aviões, transformou-se no município de Pirapora. Ipatinga surgiu da doação de áreas feita pela Belgo-Mineira à comunidade.
A partir da década de 1940, com a implantação do serviço de reflorestamento, esses núcleos teriam importância crescente e serviram, inclusive, de ponto de partida para a implantação de outras grandes usinas siderúrgicas, como a Acesita e a Usiminas, para as quais a Belgo-Mineira vendeu parte de seu patrimônio florestal. O “Vale do impaludismo” transformou-se no “Vale do Aço”. Para as comunidades locais, porém, ficou o legado de melhor qualidade de vida impulsionado pela Belgo-Mineira. Muito tempo depois, constatou-se, por exemplo, que Dionísio, já uma cidade com mais de dez mil habitantes, apresentava um dos mais baixos índices de analfabetismo de todo o estado de Minas Gerais. Talvez o resultado de longo prazo dos primeiros grupos escolares mantidos ali pela Belgo-Mineira, décadas antes.
Composição Atual
A antiga Cia Siderúrgica Belgo-Mineira, junto com a CST e a Veja do Sul, passou a integrar a ArcelorMittal Brasil, empresa que começou a ser estruturada em 2005. A ArcelorMittal Brasil é a maior siderúrgica da América Latina, formada por 25 unidades, capacidade de produção de 11 milhões de toneladas de aço por ano e 14 mil empregados.
A empresa é controlada pelo Grupo ArcelorMittal, formado em 2006 a partir da junção dos dois maiores grupos siderúrgicos do mundo. O Grupo está presente em mais de 60 países da Europa, Ásia, Américas e África, registra capacidade de produção de 130 milhões de toneladas/ano, possui cerca de 300 mil empregados e lidera os principais mercados consumidores de aço.
Atualmente o seu produto é o fio-máquina de aço carbono e baixa liga, utilizado na indústria metalúrgica para a manufatura de extensa gama de produtos de aço, como, por exemplo, molas, cabos diversos, mangueiras para extração de petróleo, cordoalhas para concreto protendido, arames para aplicações agropecuárias, lãs e palhas de aço, fixadores em geral, cordoalhas para fabricação de pneus, arames para solda, eletrodomésticos e outros.
A Usina da ArcelorMittal de João Monlevade, uma de suas principais unidades, produz o fio-máquina e sua capacidade total de produção anual é de um milhão e duzentas mil toneladas, e conta atualmente com cerca de 900 empregados, direto.
Vista geral da Usina da Cia Siderúrgica da Belgo-Mineira, na década de 1960, e ao seu redor casas da Vila Operária
A Usina da ArcelorMittal/Usina Monlevade, hoje
REFERÊNCIAS
Adaptação do: AÇO PARA O BRASIL – A HISTÓRIA DA BELGO.
Projeto Memória Belgo – Relatório de Pesquisa Histórica. São Paulo, 2001.
Companhia Siderúrgica Belgo Mineira.
Fontes, compilação e adaptação:
Acesso em 21/09/2009
Acesso em 21/09/2009
Acessado em 21/09/2009
Acesso em 21/09/2009
http://blogdoleunam.wordpress.com/ – Jornal O Morro do Geo
Acesso em 03/11/2009