História da Vila Tanque: Por Marcelo Melo!

Uma vista parcial da parte baixa do Bairro

O bairro da Vila Tanque é um dos mais tradicionais de João Monlevade e seu nome originou de um tanque (para lavar roupas) que havia na Rua 21 e que hoje funciona a Escola Estadual Dr. Geraldo Parreiras. A Vila faz divisa com os bairros Areia Preta, Baú e Laranjeiras. Construído pela Belgo-Mineira entre os anos 1940, o bairro serviu mesmo como uma Vila para moradia dos operários da empresa. Primeiramente foram construídas casas de madeira na parte baixa do bairro e em seguida a parte alta, já em alvenaria. Todas essas ruas são estreitas e lembram realmente pequenas vilas. Em seguida as casas onde iriam morar os engenheiros e médicos que trabalhavam na Belgo-Mineira, na bonita Avenida Aeroporto, uma via vem extensa em sua largura e cartão postal do bairro. Em outro local foi fundada a Vila Velha, também conhecida como Vila dos Engenheiros, também no mesmo bairro.

O grande Lago que se transformou em campo de futebol e depois em escola

A região começou então, a partir dos anos 1950, ser a mais habitada em Monlevade. Para fornecer uma infra-estruturada adequada aos operários, suas esposas e filhos, a Belgo-Mineira, através do seu presidente, Dr. Louis Jacques Ensch, deu construção ao Hospital Margarida, inaugurado em novembro de 1953. Também foi construído o prédio onde abrigaria a Escola Profissionalizante do Senai, no início da década de 60 e que seria transferida de dentro da Usina para a Vila. A escola era um trampolim para que os filhos dos operários pudessem ingressar na Usina, já com experiência profissional. Também foi construída a primeira escola para atender crianças do primário, denominada Escola Eugênia Scharlé. À sua frente existia o popular “Campo da Lenheira”, onde eram realizadas as partidas de futebol. Aliás, a Vila contou com times que fizeram história em Monlevade, entre eles o Atletic, Vila Nova, Penharol e o time de “Seu Santos”. O campo estava localizado exatamente na Rua 21, também apelidada de “Rua do Sapo” pelo fato de ter existido no local o grande tanque e um brejo. Ainda nos anos 1950, no entanto, o presidente da Belgo, Dr. Louis Ensch, já havia inaugurado a Pedra Fundamental do estádio que anos depois levaria o seu nome, o belo campo de futebol localizado na entrada do bairro. Mas, em 1972, o Campo da Lenheira dava lugar à Escola Polivalente, para atender estudantes do ensino fundamental, de 5ª à 8ª séries. Tratava-se de um ensino revolucionário para a época, em tempo integral, e faziam matérias de extraclasse, como teatro, jornalismo, música e praticavam várias modalidades de esporte especializado. Infelizmente, o Sistema Premen foi desativado e a escola passou a ser do Estado, passando a se denominar Escola Estadual Dr. Geraldo Parreiras. Também foi fundado o Centro Tecnológico Joseph Hein, Centec, com cursos profissionalizantes em Metalurgia, Eletrônica e outros. E depois foi implantada no mesmo prédio a Fundação Comunitária, Cultural e Educacional de João Monlevade, Funcec, onde constam cursos de nível superior em Letras, Pedagogia, Administração de Empresas, Direito, Ciências Contábeis, Jornalismo e Normal Superior. Hoje está instalada a Faculdade Doctum, que deu fim aos cursos primário, fundamental e de 2º grau.

Símbolos da Vila

Mas, para se falar da Vila Tanque seriam necessárias muitas páginas de um livro. Afinal, é um bairro de muitos símbolos e de um povo solidário, bastante tradicionalista. Uma comunidade formada por operários da Usina da Belgo-Mineira que sempre foi muito unida. E, entre os símbolos, um que marcou é o Palanque, onde eram realizadas as missas pelos Padres Hidelbrando ou Ilídio. Ou ainda pelo Cônego Higino. No local, foi construído o prédio do Centec. Em frente um comércio ativo: as Casas Pessoas, de Dona Santa e Sr. Delvo, e um pouco abaixo o “Redondo” (hoje Posto de Saúde), onde funcionavam a feira de Seu Geraldo e o Açougue do Seu Diolindo. À frente do “Redondo” o mais famoso boteco de João Monlevade, que era o Bar do Alonso. Duas sinucas profissionais, um bar bem variado em bebidas e tira-gostos. Ao lado, numa portinha, a Barbearia do Jaime. Havia ainda o Bar de Dona Nenem e Seu Adílio, um pouco acima, e abaixo o famoso salão de beleza de Dona Abigail. Também temos de falar das Casas Sampaio, do Sr. Miguel, e do Mercado que havia no mesmo prédio, hoje Supermercado da Vila.

Havia também o conhecido “Caminho da Sonda”, uma mata atlântica que passava debaixo do Hospital, entrando pelo “Campo da Lenheira”. Ali corria – ou ainda corre – uma nascente e servia de atalho até a parte alta do bairro. Havia uma estória de que um homem louco pegava crianças que saiam do Grupo Scharlé para fazer linguiça (rs). Coisas da Carochinha e que não passavam de lenda! Havia também figuras folclóricas, como Pedro Cêpo, Dilcin Doido, Noé, Sá Luzia.

Mas, o progresso foi chegando e o primeiro ponto foi a religião. O Palanque já estava velho e a comunidade necessitava de uma Nova Igreja. Pois bem, mas com total apoio da Belgo-Mineira, os vilatanquenses, operários da Usina, através da SAVITA – Sociedade dos Amigos da Vila Tanque -fizeram um mutirão e, em menos de um ano, construíram a Igreja Nossa Senhora de Fátima. Muitos homens participaram daquela história, entre eles Tião de Melo, Sr. Clemides Barros (Sô Nozinho), Tião Pipoqueiro, Batista Bramante, Paulo Silva, Paulo Moreira, Antônio Gonçalves, Expedito Gonçalves, Laudelino Fonseca, Chico Fonseca, Zé Nossio, Geraldo Braga, Hilário Correa, Maurício Araújo, João Peixe, Armindo da Mata, José Rosa, Sr. Paulo e tantos outros. Depois da Igreja, parte desta turma construiu o prédio onde seria instalada a Arpas e mais tarde o Clube Recreativo da Vila Tanque, que foi responsável em tirar muitos meninos das ruas, através da prática de esportes, e várias equipes do esporte especializado.

Construção da Igreja pela comunidade do bairro

Na vida política e social, a Vila Tanque também deu muitos nomes e deixou sua história. Foram três prefeitos eleitos no bairro; Antônio Gonçalves (1971/72 e 1977/82), Lúcio Flávio de Souza Mesquita (1973/76) e Laércio Ribeiro (1997/2000 e eleito para este mandato de 2021/2024). E vários foram os vereadores que integraram o Poder Legislativo,, entre eles Sebastião Gomes de Melo, Juventino Caldeira, Vicente da Farmácia, José Vieira do Amaral, Laudelino Fonseca, Ricarbene Pinto, Cristiano Vasconcelos, Solange Medeiros, Cristina de Araújo, Helenita Melo Lopes e Clésio Gonçalves.

A Vila, hoje berço de trabalhadores aposentados e um bairro estritamente residencial, é certamente a marca do início do desenvolvimento sócio-econômico e político do município de João Monlevade. Vila da escola de Samba Estrela da Vila, do saudoso Zé Liga; do Vila Nova de Zé Soldado e do Atletic de Zezinho. Um lugar onde ainda pode-se assentar na praça e levar um papo. Vila dos artistas, como Gehart Michalick, Márcio Diniz, Seu Ângelo Castro (Mestre Lelé) e tantos outros. Vila das irmãs holandesas, do Padre “Juca”. Vila Tanque da famosa Avenida do Contorno, de tantas histórias e de muitos amores!

A famosa Avenida do Contorno, aparecendo ao fundo as Casas Pessoa

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