Dr. Louis Jacques Ensch (Epílogo): Morre o homem que transformou João Monlevade em Pólo Siderúrgico!

Acima, com o então governador de Minas Gerais – que depois se tornaria presidente da República -, e seu amigo pessoal Juscelino Kubistcheck de Oliveira (famoso JK), durante a inauguração do Hospital Margarida. Ainda na foto, o Cônego Higino, autoridades e diretores da Belgo-Mineira

Apesar de ter morrido em Luxemburgo, na Europa, onde se encontrava em viagem de serviço, em  setembro de 1953, junto com a esposa Clara Coutinho e o engenheiro Caetano Mascarenhas, foi sepultado, cumprindo um desejo seu, no Cemitério da Usina de Monlevade, ao lado do túmulo do Senhor de Monlevade.

Livro lançado soobre o falecimento do Dr. Ensch em Luxemburgo

O engenheiro, professor e escritor Marc André Meyers, hoje com 74 anos, lançou, no ano de 2013, o livro “A Dama e o Luxemburguês”. Ele escolheu a nossa cidade para lançar sua mais nova obra literária não foi por acaso. Nascido em Belo Horizonte, foi aqui quem passou a infância, para onde se mudou com o pai, Henry Meyers, a mãe Mariana Meyers e os irmãos, quando o pai veio trabalhar na Belgo-Mineira, onde chegou a gerente da Usina. Depois formou-se em Engenharia pela UFMG e, desde 1988, é professor de Ciência de Materiais na Universidade da Califórnia, San Diego, nos Estados Unidos.

O livro “A Dama e o Luxemburguês” narra a trajetória de vida e morte do engenheiro luxemburguês Louis Jaques Ensch, e de sua esposa. Dr. Ensch, como era conhecido pelos operários das usinas de Monlevade e Sabará, foi o principal responsável pela instalação da Belgo-Mineira na cidade, cuja pedra fundamental foi lançada em 31 de agosto de 1935. Falecido em setembro de 1953, em Luxemburgo, fez um último pedido: ser sepultado em João Monlevade, no que foi atendido pela esposa, que o acompanhava na viagem. Assim, veio de navio até o Rio de Janeiro e de lá pela estrada de ferro até Monlevade, sendo enterrado no histórico cemitério dos escravos, localizado próximo ao Social Clube, Bairro Vila Tanque. Mas sua morte até hoje é um mistério, e Marc Mayer narra isso em sua obra literária, em detalhes, Tudo faz-se entender que Dr. Louis Ensch suicidou-se e na ocasião deixou duas cartas: uma para sua companheira e outra para o Dr. Albert Sharlé, que foi seu sucessor no comando da Usina em João Monlevade.

Durante os anos que resgato a história de João Monlevade, através do “Morro do Geo”, e nas palestras que faço nas escolas do município, sempre me preocupo quando falo sobre a morte de Louis Ensch, pois sempre tive a impressão de que ele não teve morte natural. Afinal, é difícil imaginar que alguém possa deixar uma carta, com um pedido, sem que tenha a sensação que está para se despedir. Portanto, vale muito a pena ler a obra literária do Marc Mayers.

Amor por João Monlevade e seu Povo

Seu pedido de ser sepultado em João Monlevade era a prova de amor pela nossa terra e pelo seu povo. E também a forma de se unir no berço do eterno repouso duas personagens que, tendo em comum a origem européia, a formação profissional, o gosto pela siderurgia, o espírito empreendedor, comungaram também, embora distantes no tempo, do mesmo amor por essa terra.

Na foto abaixo, o funeral do Dr. Louis Jacques Ensch, um homem adorado pelos seus operários, e levou centenas de pessoas, para a despedida, com um grande cortejo de carros que desfilou pela cidade. Aqui, a passagem em frente ao Lactário

O Segredo que Louis Ensch não levou para o Túmulo

O jornalista David Nasser chegou a escrever um artigo na Revista “O Cruzeiro“, a qual era o editor e era a mais vendida no país naquela época, intitulado “Morreu O Rei do Ferro do Brasil – O segredo que Ensch não levou para o túmulo” (O texto na íntegra você pode ler aqui em nosso Site, na Matéria “Revista O Cruzeiro – David Nasser escreve sobre Louis Ensch”, também na Categoria “Personagens”

O corpo veio de navio de Luxemburgo ao Rio de Janeiro e da capital federal a João Monlevade, de trem. Aqui chegando, o caixão foi carregado pelos operários da Usina, em dia de muita comoção para a cidade e região. Esta foto foi feita em frente ao Solar Monlevade

Este foi o segredo que Louis J. Ensch não levou para o túmulo. Seu grande amor ao Brasil (os luxemburgueses são tremendamente sentimentais e afeiçoam-se inteiramente à terra onde constroem o seu  lar).

Ensch casou-se no Brasil com D. Maria Campos Coutinho Ensch e adorava a vida e os costumes tradicionais de Minas e o seu devotamento a esta terra era tanto que pediu, reiteradas vezes, que o seu corpo descansasse nas montanhas de Minas Gerais, cujo ferro ele arrancou das reservas de milênios, para transformar em base da revolução econômica que no governo de Juscelino Kubitschek atinge a fase máxima na província central do Brasil. Ensch elegeu Minas Gerais para abrigo dos seus despojos, talvez porque desejasse que a lembrança da sua energia e da sua fé no futuro siderúrgico desta terra estivesse presente.

Resta saber se a sua palavra reveladora sobre a produção do aço com a ajuda do hidrogênio, alternativa magnífica parta este país no campo industrial, será ouvida ou se morrerá com ele nas montanhas de ferro de Minas Gerais”.

Aqui descansa Louis Jaques Ensch, o homem que transformou o velho arraial em pólo siderúrgico no país. junto ao desbravador Jean Monlevade Félix Dissandes de Monlevad. Preferiu descansar o sono eterno sob as montanhas das Minas Gerais, no Cemitério dos Escravos, como é conhecido, que está localizado no bairro da Vila Tanque. Aqui foram enterrados os homens que ajudaram a construir a nossa história

Solar Fazenda Monlevade, o símbolo que nasceu com a siderurgia. Obra do século XIX

A cidade cronstuída pelo engenheiro Louis Jaques Ensch, que aqui ergueu a 1ª Vila Operária da América Latina, a partir da década de 1930

Fotos abaixo (Crédito: Lutécia Espechit)

*Biografia de Louis Jacques Ensch: Vida, obra e morte!

Pesquisa: Jornal “Morro do Geo”

Professor Eustáquio Ferreira de Souza (Dadinho)

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