Na foto acima, Dona Maria da “Lavagem” mesmo simples, sempre era convidada a participar de encontros com autoridades pelo trabalho voluntário que prestava na comunidade. Aqui, com o ex-prefeito Dr. Lúcio Flávio de Souza Mesquita, e o então governador de Minas Gerais, Dr. Aureliano Chaves, durante uma visita a Monlevade, em 1974
Toda cidade tem seus personagens ilustres, independente da posição social. Aqueles que nasceram para cooperar, cumprindo realmente um dos mandamentos de Deus, de amar ao irmão como a si próprio. E uma dessas pessoas era a saudosa Dona Maria Efigênia, popular “Dona Maria da Lavagem”, residente ali no Bairro Vila Tanque. Apelido que aceitou com muito orgulho, pois enviuvou-se cedo e criou seus filhos pegando restos de comida nas casas dos vizinhos para transformar em lavagem e alimentar seus porcos. Daí o seu trabalho tão honesto e foi através dele que todos os filhos foram bem educados. Mas, mesmo diante de sua luta diária, com filhos pequenos, nunca deixou de fazer por aqueles ainda mais necessitados e sempre conseguiu dividir o tempo para cuidar dos velhos do Asilo, dos pobres miseráveis, dos andarilhos, através de um trabalho voluntário de magnitude importância. E que nunca deixou de sorrir às gargalhadas. Nunca ficou triste quando mais a vida lhe machucou. Desfilava formosa pela Escola de Samba Estrela da Vida, do Mestre Zé Liga, e sempre foi a “Baiana” mais famosa entre todas que desfilavam pela avenida nos saudosos carnavais de João Monlevade. Uma mulher simplesmente fantástica e de incontestável generosidade!
Fôssemos relatar a vida desta mulher que podemos chamá-la de “A Dama da Solidariedade”, gastaríamos inúmeras laudas e outros tantos espaços para descrever e escrever a sua história, cuja obra a imortalizou. Tanto é que filhos, vizinhos e pessoas que a conheceram e conviveram com ela, criaram uma ONG que leva o seu nome e cujo trabalho é dar continuidade ao que ela fez em toda a vida: ajudar os mais necessitados e levar alegria aos desamparados.
Mas Dona Maria da Lavagem se foi, porque Deus gosta das pessoas puras, simples, aquelas que transformam-se em estrelas. As sábias, independente de seu grau de escolaridade. As iluminadas. Depois de passar anos enferma, ela veio a falecer no dia 31 de outubro de 2011, aos 87 anos de idade. Mas está muito bem no céu e com certeza muita próxima do Criador.
E eu, em nome do “Morro do Geo”, senti a vontade de prestar mais esta homenagem a esta senhora, muito especial para quem com ela conviveu. E quem a viu caminhando, sempre sorridente, pelas ruas de Car-neirinhos. Salve, a minha Benção, Dona Maria Efigênia, esta preta linda, popular Dona “Maria da Lavagem”.
Dona Maria de baiana, durante um desfile de sua querida escola de samba, a Estrela da Vila
*Matéria publicada no jornal “Moro do Geo”, na edição de nº 163, de agosto/2012.