Um dos primeiros presidentes do Ideal Clube e fundador do Belgo-Minas lembrou com saudade da época de ouro de nossa cidade
O saudoso Luiz Simões foi um dos entrevistados pelo jornal “Morro do Geo”, em 2001, e contou sua bela história. Nascido em 1917 na cidade de Conselheiro Lafaiete, ainda residiu em Sete Lagoas e Sabará antes de chegar a João Monlevade, em 1943, aos 26 anos de idade e muitos sonhos! Começou a trabalhar na Belgo-Mineira naquele mesmo ano como escriturário e depois transferiu-se para outros setores, até aposentar-se, em 1974.
Já namorada de Lídia Alves – que mais tarde ganharia o sobrenome Simões -, filha do chefe da Estação Ferroviária de Sabará, depois de três anos eles se casam, no dia 21 de janeiro de 1946. O casal residiu primeiro no Hotel Siderúrgica, de Moacir e Dona Dora, por um período de cinco meses, e depois mudou-se para a Rua Tapajós, próximo ao Clube de Caça e Pesca. E, conforme ele relatou, seis dias após o casamento nascia o Ideal Clube, sendo Sr. Simões um dos grandes incentivadores e um dos primeiros presidentes. “Ali se iniciava a vida social na cidade, e logo depois vierem os outros clubes, pois na época existia apenas o Social. Era um clube maravilhoso e foram muitos bailes inesquecíveis”, contou. Ao lado, sua esposa Lícia lembrava dos grandes carnavais da época, assim como os bailes animados pela Orquestra Cassino de Sevilha, que veio a João Monlevade pela primeira vez quando seu esposo era o presidente do ideal.
Na fotografia acima, quando presidente do Ideal Clube, Sr. Smões (E) presta uma homenagem ao diretor da Belgo-Mineira, Dr. Geraldo Parreiras, no dia de sua despedida da Usina de Monlevade
A Paixão pelo Futebol
Mas o ideal não seria sua única paixão. Na década de 1950 Sr. Simões ajudou a fundar o time de futebol do Belgo-Minas, através de uma fusão entre o Sport e o Independente, juntamente com Arcanjo Policarpo. Tinha um amor pelo Belgo-Minas. “Aos domingos, o almoço aqui em casa ficava pronto às 11 horas, religiosamente, pois o Simões tinha de estar no campo cedo. Eu costumava brincar, perguntando se ele era o presidente ou o porteiro do estádio”, disse sorridente Dona Lícia. A esposa lembrou ainda que o cartola Simões era dedicado até demais ao clube, tanto que, nas tardes de domingo havia sessões de filmes no Cine Monlevade, que sempre começavam às 18 horas. “Ele saia para o futebol e dizia para eu ficar pronta, que me apanharia antes da seis da tarde para irmos ao cinema. Mas raramente chegávamos no início do filme, pois sempre tinha de levar jogador machucado para casa ou diretamente ao hospital”, relatou saudosista.
Sr. Simões e a esposa Dona Lícia, no dia de nossa entrevista realizada na residência do casal, no Bairro de Lourdes, em abril de 2001
Na foto abaixo, o casal e sete dos nove filhos, ainda crianças (Álbum de Família)
Mas, o esforço valia a pena, disse Sr. Simões. “Tanto que chegamos ao penta-campeonato, de 1954 a 58. Nossa equipe era muito boa e chegamos a trazer ao estádio do Jacuí jogos memoráveis, como no jogo contra o América do Rio, que tinha um timaço naquela época, e nos derrotou por 3 a 2. Mário de Souza – que também atuou pele Clube Atlético Mineiro – e Paulo Curi fizeram os gols do Belgo-Minas. Ainda chegamos a enfrentar o Siderúrgica, de Sabará, e outros grandes clubes”, disse emocionado. Com relação aos grandes jogadores que atuaram, Sr. Simões citou Caroço, Mário de Souza, Carlinhos, Raul, Afrânio, Curió, Remisson, Joaquim Etelvino entre outros. “Naquela época a gente e era feliz e sabia”, poetizou.
O grande time do Belgo-Minas, que sagrou-se penta-campeão pela Liga Monlevadense de Futebol, na década de 1950, aparecendo em pé, da esquerda para a direita: Lilinho, Juca, Joaquim Etelvino, Nôca, Joãozinho Fuzil, Joãozinho Boa Pinta e o presidente Sr. Simões. Agachados, na mesma ordem: Rôla, Antônio Massa, Caroço, Mingau e Mário de Souza. Uma das melhores formações da equipe de todos os tempos
Aliás, ele ainda lembrou com saudade do tempo em que era proprietário da Lanchonete Santa Rita, ali na Praça do Cinema, que ficava ao lado do Bar para Todos, no início da década 1960, que ele adquiriu de Dona Zira e do Sr. Arlindo Monteiro e disse que muitas histórias aconteceram ali!
Sr. Simões e sua esposa Lícia passaram os últimos anos no Bairro de Lourdes, onde moravam, curtindo a família, participando da vida dos nove filhos e na época dos nove netos, ficando sempre a saudade da Monlevade antiga!
*Matéria publicada na edição de nº 06 do jornal “Morro do Geo”, de maio/2001!
Um pensamento em “Luiz Simões: A História deste grande homem que tanto fez por João Monlevade! Por Marcelo Melo!”
Sr. Simões e Sra sempre atuantes na comunidade!