Na fotografia acima, Avenida Aeroporto nos anos 1970, com uma das casas ao fundo
Pois é, mas como monlevadense da gema, nascido e criado na Vila Tanque, apesar do amor que tenho pela minha terra natal, às vezes a indignação nos consome, assim como a mágoa e a revolta. Isto em razão da falta de memória de parte do povo e das tradições interrompidas ao longo do tempo. Podemos falar que, assim com um dia chamamos a vizinha Santa Bárbara de “Cidade do já teve”, hoje não ficamos para trás. Apesar do desenvolvimento sócio-econômico, da expansão temporária da Usina, da agigantada na construção civil – mesmo sem um planejamento sustentável e lotes abertos a toque de caixa -, o comércio crescente, aqui não se respeita a história e o velho, em vez de preservado, é destruído, e as festas tradicionais, em vez de mantidas, foram destituídas.
Nem vamos falar da destruição da Praça Ayres Quaresma – saudosa Praça do Cinema -, nosso maior patrimônio cultural e arquitetônico, e sem qualquer motivo, e o silêncio dos governantes da época e da nossa sociedade, vamos a exemplos mais simples, como o não tombamento das antigas casas de tábua construídas pela Belgo-Mineira nos anos 1940/50 para onde moraram os primeiros operários da Usina. Madeira esta que resiste ao tempo, sem cupins e sem danos. Nossas autoridades não se preocuparam em tombar estes imóveis, e muitos deles já foram jogados ao chão e construídas casas de alvenaria. Assim como as belas casas construídas na Avenida do Aeroporto, primeiras moradias dos engenheiros e médicos que vieram trabalhar na Usina. Depois de vendidas pela empresa, grande parte dos novos proprietários deu fim à memória arquitetônica. Deveria também ter sido feito o tombamento pelo Patrimônio no sentido de proibir a mudança nas fachadas, ou seja, que fizessem a obra que quisessem no interior das casas, mas a frente fosse mantida conforme foram construídas. Isto é preservação de memória de uma cidade, e podem vasculhar nossa Biblioteca Municipal ou a Fundação Casa de Cultura, que praticamente nada encontrarão sobre nossa história. Quando precisam de alguma informação sobre João Monlevade e seu passado, procuram a nós, porque fazemos este trabalho de resgate e preservação de nossa história desde o ano de 2001.
Mas aqui, tudo pode, desde que o dinheiro possa comprar, e nossos políticos os de sempre; retrógados, incompetentes, sem terem o visionarisamo de homens como os antepassados Louis Jacques Ensch, Joseph Hein, Geraldo Parreiras, Caetano Mascarenhas e, ainda entre nós, felizmente, dos empresários e comerciantes Nicolau Alves Fernandes, Rodolfo Passos, Américo Brunauer, Hélio Alves, Marcelo Bicalho, Eustáquio Bicalho e outros.
Acima, uma das casas de madeira bem preservadas no alto da Vila Tanque