Racha entre o Diretório do PT e o governo de Leonardo!

Outros  fatos  ainda  contribuíram  para  que  o  governo  petista continuasse  a  ser  alvo  constante  da  imprensa,  sempre  com  a pauta  cheia  de  notícias  envolvendo  a  administração  e  o  próprio PT.  Muitas vezes  provocados  por  discussões  internas.  Tanto que,  numa  ocasião,  o  tesoureiro  da  Executiva  Municipal  do  PT, Sinésio  Patrício  de  Oliveira,  foi  manchete  de  capa  no  jornal  “A Notícia”,  quando  denunciou  o  prefeito  Leonardo  Diniz  por  estar em  débito  com  o  partido  há  meses,  ou  seja,  não  contribuindo com  as  mensalidades.  O  caso  provocou  um  grande  conflito interno,  já  que  o  partido,  através  de  seus  dirigentes,  começou  a discordar  de  fatos  que  vinham  sendo  praticados  pelo governo, que  culminaria  em  crise.  O  estopim  da  bomba  viria  em  junho, quando  o  próprio  presidente  da  Executiva,  vereador  Antônio Contrapino,  resolveu  colocar  ainda  mais  lenha  na  fogueira  e  fez ataques  contra  seu  próprio  partido.  Nessa  época,  a  manchete  de capa  do  “A Notícia”  foi  “Contrapino  ameaça  denunciar  os podres  do  PT”.  Ele  teria  procurado  a  imprensa  e  afirmado  que informaria  todos  os  atritos  e  podres  que  estavam  acontecendo dentro  do  partido,  caso deixasse  a  presidência.  Na  mesma ocasião,  João  Calixto  dos  Santos,  o  “Tostão”,  fazia  um desabafo: – “Em Monlevade, o PT  acabou. O que se vê hoje são esses  assessores  de  fora  que  vieram  para  mamar  o dinheiro público,  pois  competência  mesmo  ninguém  demonstra.  Era  o sinal  de  que  o  PT perderia  espaço  em  João  Monlevade,  um  dos berços  da militância  nascida  das  bases  operárias.

Novos  episódios  estavam  por  vir,  que  davam  sempre  pauta  à imprensa,  sem  que  o  governo  pudesse  reagir.  Isto  porque  os  fatos eram  evidentes  e  comprovados,  como  no  dia  em  que  cheguei  ao setor  de  Almoxarifado,  no  Departamento  de  Obras,  cujo responsável  era  o  saudoso Rômulo  Caldeira,  popular  “Rominho”. Tínhamos  uma  ótima  relação  e  cheguei  ao  local  após  denúncia de  que  uma  grande  quantidade  de  leite  a  ser  distribuído  à população  carente e nas creches estaria  com  data  de  validade  vencida.  Rominho,  sem  se  preocupar  com as consequências que poderia sofrer diante de sua  informação, confirmou a denúncia e relatou detalhadamente  o  processo,  quando  responsabilizou  o  alto escalão  do governo pelo  ocorrido.  Ele  ainda  colocou  as  caixas  do  produto  à vista para que eu pudesse fotografar. Manchete de capa e mais uma crise  interna.  Como efeito, como é praxe dentro do PT, o funcionário  acabou  sendo  destituído  do cargo.  E  olha que se tratava de um  militante  com  história  dentro  do  partido.

Pois  bem,  chegou  um  dia  que  o  prefeito  Diniz  perdeu  a paciência e moveu uma ação na Justiça contra mim. E, sinceramente, ele estava com toda razão porque nesse caso eu fugi à ética como jornalista e ataquei o chefe do Executivo sem motivos. Confesso que deixei ali de ser um profissional da imprensa para me tornar um algoz do governo petista, movido talvez pela paixão. Tudo se deu após a realização de um concurso público, quando uma das candidatas aprovadas para ocupar um cargo na Assessoria Jurídica da Prefeitura ter sido uma sobrinha do prefeito, que residia em Barão de Cocais. De forma irresponsável, eu especulei que havia ocorrido fraude no concurso em benefício da concursada.  E  não tinha provas  de  nada,  tecendo  veemente  crítica  em  minha Coluna,  o  “Com-Mentando  Monlevade”.  O  meu  ato  imprudente me  custou  um  processo  na  Justiça,  quando  Leonardo  Diniz entrou  com  uma  ação  por  crime  de  calúnia. Tudo levava a crer que era uma causa perdida e minha defesa foi feita pelo brilhante advogado, saudoso Dr. Onofre Francisco. O juiz responsável pelo caso foi o Dr. Alberto Deodato. Um pequeno erro de redação parece ter virado o jogo a meu favor, já que no processo movido pelo chefe do Executivo no início da ação, estava escrito que “O município de João Monlevade” movia uma ação contra o jornalista, quando, diante da interpretação do meritíssimo, quem estava entrando com o processo, na verdade, seria o senhor Leonardo Diniz Dias e não o município. Mesmo recorrendo em 2ª Estância, o caso foi arquivado e, felizmente, pelo menos naquele processo, fiquei livre da acusação.

*Do Livro A Saga: Memórias de um Jornalista do Interior” – Parte XXXII

Autoria: Jornalista Marcelo M. Melo!

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