Visita do presidente Collor a Monlevade para inauguraração do Novo Laminador!

Um  fato  histórico  ocorreria  também  naquele  ano  de  1991,  quando um  presidente  da  República,  pela  segunda  vez  na  história  do velho  arraial  de  São  Miguel,  desceria  em  nossa  terra de Jean Monlé!  A primeira vez  ocorreu  com  Getúlio  Dornelas  Vargas,  que  chegou  a  João Monlevade  em  31  de  agosto,  de  1935,  para  o lançamento da Pedra Fundamental  para  instalação  da  Usina  da  Belgo-Mineira.  E, mais  de  cinco  décadas  depois,  atendendo  a  um  convite  também  da  Belgo-Mineira,  o  presidente  Fernando  Collor  de  Mello chegou  ao  município  para  acionar  um  mecanismo  e  dar  partida  ao  novo  Laminador  da  Usina,  cuja  tecnologia  era  a  mais moderna  do  mundo.  Investimentos  chegaram  à  casa  de  110 milhões  de  dólares.  O  evento  contou  com  a  presença  de  mais  de duas  mil  pessoas,  entre  populares,  autoridades  políticas  e empresariais.  Na  época,  presidia  o  grupo  Belgo-Mineira,  o engenheiro  François  Moyen.

Eu fui o privilegiado de  fazer  a  cobertura  jornalística  pelo jornal  “A Notícia”.  Nunca  na  história  de  João  Monlevade concentraram-se  tantos  jornalistas  de  toda  grande  mídia nacional,  entre  a  imprensa escrita,  falada  e  televisada.  Havia repórteres do  “Folha”,  do  “JB”,  “Estadão”,  “Estado  de  Minas”,  “O  Globo”, “Veja”  etc.  Eu  estava  entre  os  pequenos  da  mídia  do  interior, com  minha  velha  máquina  fotográfica.  O  helicóptero  que  trouxe o  presidente  e  sua  Comitiva  desceu  exatamente  no  meio  da  saudosa Praça  do  Cinema,  cuja  arquitetura havia  sido  demolida  três  anos atrás.  Era  a  primeira  vez  que  via  aquele  cenário  pós  destruição,  e confesso  minha  grande decepção!  Só o  antigo  Ginásio  Monlevade  de pé:  todo  o  resto,  à  direita da praça, como o majestoso prédio em L,  havia  se  transformado  em  pó.  Tinha se tornado um local para estocar os rolos de fio máquina, mas, naquele  instante,  servia  como  um  heliporto.  E  lá  vinha  em passos  apressados  o  presidente  Collor  de  Mello,  o  “Caçador  de Marajás”  que  iria  se  transformar  na  página  suja  da  história política  de  nosso  país  ao  ser  cassado  dois  anos  depois.  Lembro-me  da  correria  que  nós,  profissionais da imprensa,  tivemos  de  praticar  para acompanhar  o  trajeto,  que  duraria  alguns  poucos  minutos,  da Portaria-3  até  a  chegada  ao  Laminador.  Collor  andava  a  passos longos  e  só  correndo  para  acompanhá-lo.  Flashes  eram disparados  segundo  a  segundo,  até  a chegada  ao  painel  de controle.  Somente  ali  tivemos  tempo  para  as fotografias,  porque o  presidente  entrou  mudo e saiu calado. Não discursou e nem falou à imprensa, deixando frustrada principalmente a mídia local, que aguardava uma entrevista com ele. Com a presença também do governador do Estado, Hélio Garcia,discursou só o presidente da Belgo-Mineira,  François Moyen.  Logo  em  seguida,  o  alagoano  Fernando  Collor  de  Mello acionaria  o  botão  que  dava  partida  ao  novo  Laminador  Morgan. Mas  algo  tinha  de  sair  do  protocolo  e,  tão  logo  cumprimentou  Moyen,  o  governador  e  outras  autoridades  presentes,  o presidente  recebeu  uma  flor  de  uma  estudante  mas,  apressado para  retornar  à  Casa  da  Dinda,  tomou  um  tombo,  o  que  arrancou tímidas gargalhadas.  Levantou-se  e  saiu  quase  que  correndo  em direção à antiga Praça Ayres Quaresma, onde entrou no helicóptero. Na  época,  foi  o  tombo  a  pauta  de  todos  os jornais  da  cidade.

O “sequestro” FakeNews!

Para a imprensa e os convidados, entretanto, a festa estava só começando. A Usina montou um QG para os jornalistas, no antigo prédio da Afin, vizinho à gerência, com aparelhos de Fax, telefones, tipo uma grande redação de jornal, para que pudessem fazer os seus contatos. Outro fato viria marcar  a visita do presidente Collor à cidade. Estava ali entre a grande mídia e chega a notícia, por parte de uma repórter do “Jornal do Brasil”, de que uma pessoa havia sido sequestrada no Bairro Vale do Sol. Tratava-se de uma mulher e todos queriam tentar ligar o fato à visita do presidente. Talvez tentando plantar uma pauta, afinal, a não ser as fotos e a história sobre o laminador mais moderno do mundo, nada mais de interessante havia em termos de cobertura jornalística. Ouvindo uma conversa entre os jornalistas de fora, acabei chegando ao nome da pessoa que supostamente teria sido sequestrada. Conhecia parte da história e sabia tratar-se de um problema familiar. Tudo não passava de um mal entendido e vontade da tal “vítima” (uma profissional de Odontologia) de aparecer. Afinal, com toda  a  grande mídia do país na  cidade, não  poderia  haver  melhor  momento  para  ela  expor  o  seu  marido.  Felizmente,  tudo  acabaria  bem  e  melhor  ainda  com  um agradável  almoço  oferecido  pela  Belgo-Mineira,  no  salão  nobre do  Social  Clube. 

Meses  antes  da  visita  presidencial  a  João  Monlevade,  que  teria ocorrido  em  agosto,  uma  nova  fase  era  registrada  no  jornal.  Um antigo  sonho  do  amigo,  saudoso  Héber  Passos,  tornava-se  realidade.  Na  edição  de  nº  377  do  “A Notícia”,  junho  daquele ano  de  1991, estávamos  lançando  o  2º  Caderno,  uma  proposta  idealizada pelo irmão do Márcio, então gerente administrativo do  jornal.  Naquela  altura,  o  diretor  já  se  dedicava  mais  em planejar  a  campanha  do  empresário  Li  Guerra,  em  Itabira,  que tentaria  a  Prefeitura.  Dessa  forma,  éramos  eu,  Chico  Franco, Maria  Auxiliadora  (Dôra)  e  Héber  Passos  quem  tocávamos  o barco.  E  dali  nasceu  aquele  que  viria  preencher  uma  lacuna ainda  vaga  do  semanário,  e  um  projeto  inédito  na  imprensa escrita  da  cidade,  um  Caderno  Especial,  de  seis  páginas,  com humor grade  de  novelas,  palavras  cruzadas,  culinária  e  um espaço  para  agenda  cultural,  além  de  entrevistas  que  eram  feitas com  monlevadenses  mais  antigos,  que  contavam  histórias  do passado.  O  primeiro  entrevistado  foi  o  senhor  Agenor  Gomes Lima  (pai  do  saudoso  Walter  Martins  Lima  e  outros  tantos filhos),  então  empresário  mais  antigo  de  João  Monlevade.  O  2º Caderno  durou  apenas  alguns  meses  e  foi  paralisado  em  razão de problemas de ordem financeira, já que aumentou consideravelmente  o  custo  gráfico.

Obs: Infelizmente não tenho em meus arquivos as fotografias que fiz durante a visita do presidente Fernando Collor durante inauguração do novo Laminador, que se encontram na redação do jornal “A Notícia”, onde não tenho acesso.

*Do Livro A Saga: Memórias de um Jornalista do Interior” – Parte XXXIII

Autoria: Jornalista Marcelo M. Melo!

Compartilhe esta postagem

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Notícias por Categoria

Cultura

Esportes

História

Gerais

Seja assinante!

Assine agora mesmo por apenas R$ 59,90 Semestrais!

Já é assinante?

Faça seu login!