Uma entrevista com o escriturário do Armazém do Geo, do “Seu Leleu”! – Por Marcelo Melo!

Uma entrevista que marcou a história do jornal “Morro do Geo” foi feita na edição de nº 03, de março de 2001. Na época, era nosso entrevistado o hoje saudoso Sr. Jarbas de Carvalho, na época com seus 72 anos de idade e apresentando problemas de saúde, mas bem lúcido. A entrevista se deu em seu apartamento no Conjunto Vale do Sol. Foi uma conversa proveitosa, onde ele nos relatou os bons tempos em que trabalhou no famoso “Armazém do Geo”, de propriedade de saudoso Silv´[erio Lima Geo, o famoso e popular “Leleu”.

Com uma memória fantástica, Seu Jarbas lembrou do período exato em que trabalhou no Armazém, que se iniciou em 10 de setembro de 1945 e lá foi funcionário até 15 de dezembro de 1972, ou seja, durante 27 anos, e começou sua carreira como caixeiro de balcão, passando a entregador de mercadorias e, de 1948 até deixar o Armazém, como ele frisou, de bom humor, “larguei o chicote e peguei a caneta”, ressaltando que ali deixava de entregar as mercadorias nas carroças, batendo em um dos burros do Geo com o chicote, para entrar na área burocrática., como escriturário.

Nascido na vizinha Alvinópolis e sendo o filho mais velho de uma família numerosa, em abril de 1944 resolveu deixar a cidade natal e mudar-se para João Monlevade. “Meu primeiro trabalho foi como aprendiz de padeiro na Padaria do geo, que tinha como gerente o senhor Modesto, em seguia trabalhei no açougue do João Horta e meses depois chegava ao Armazém do Geo, onde fui muito bem recebido”, lembrou saudoso.

De tudo um pouco!

Como bem frisou Sr. Jarbas, no Armazém do Geo se vendia um pouco de tudo, e era o ponto de encontro dos trabalhadores da Usina. “Não havia discriminação e era ali que compareciam para as compras os chefes da Companhia e os operários mais simples. Todos faziam ali as suas compras para o mês e, para as regiões mais próximas, as mercadorias eram levadas nas carroças. Havia também a entrega de pães e os burros se revezavam entre uma entrega e outro e o termo “burro do Geo” não era usado exclusivamente para um animal, mas para todo o conjunto dos animais que transportavam as carroças. Lembra ele que, assim como tinha o “Rouxinol”, havia também um burro chamado “Peixão”, que era um burro muito mole, apesar de sabido (rs). Na vida pessoal, seu Jarbas casou-se com a Dona Irani, em 1958, ou seja, 14 anos após chegar a João Monlevade. O casal teve oito filhos.

Lembrando de alguns colegas de trabalho, como Antônio Celso – e de outros que se mudaram para outras cidades e aqueles que partiram “fora do combinado” -, o escriturário do Armazém do Geo falou da tristeza que foi para os mais de 20 funcionários que trabalhavam no mercado, quando o Sr. “Leleu” chegou para mim e disse que teria de fechar o estabelecimento divido à crise financeira que se deu em dezembro daquele ano de 1972. Depois de fechado, o comerciante ainda residiu por alguns meses na cidade, precisamente no prédio do Pombal, ali no Bairro Vila Tanque, mas depois retornou a Sabará, onde funcionava a Matriz do Armazém. Um ano depois, aos 54 anos de idade, ele veio a falecer. Seu pai, o senhor Antônio de Lima Geo, fundador do grande mercado nos anos 1940, havia falecido bem antes, em 1964, também em sua cidade-natal, Sabará. Devido ao fechamento, ele começou a trabalhar na Cia. De Melhoramentos de Monlevade, mas ficou muito popular trabalhando como porteiro do Cine São Geraldo, em Carneirinhos, onde ficou até setembro de 1984.

Hoje, só Saudade!

Lembrando dos bons e velhos tempos, Sr. Jarbas de Carvalho  dizia que “hoje é só saudade e as memórias em um painel de fotografias que encontrava-se na sala de seu apartamento. Os filhos, genros, noras e a foto da companheira, Dona Irani, com que viveu seus melhores dias e quem conheceu exatamente ali no Armazém do Geo, na saudosa Praça do Mercado. Com ele lembrou saudosista, com que ele saia para ir a uma sessão de cinema no Cine Monlevade, ao lado da Barbearia do batista Bramante e do Bar para Todos. Quem acompanhou o dito que ficou tão popular: “nem o burro do Geo, com o cachimbo do Geraldo Pintor e o suspensório do Daniel”! O burro morreu velho, Geraldo Pintor morreu fumando seu cachimbo e Daniel levou para sua sepultura o seu suspensório. Coisas que nem o tempo apaga da memória, apesar de ser tão curto!

*Entrevista publicada na edição de nº 03 do jornal “Morro do Geo”, em março de 2001!

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