Na foto acima, quando a Praça do Mercado era destruída
Tudo parecia improvável, mas aconteceu. Em nome do progresso e da expansão da Usina da Cia. Siderúrgica Belgo-Mineira, a herança arquitetônica deixada pelo Dr. Louis Jacques Ensch, através dos arquitetos e projetistas, foi-se por terra. Eram demolidas as praças do Mercado e depois a Praça Ayres Quaresma, que ficou conhecida como “Praça do Cinema”. Foi jogada ao chão a bela arquitetura em estilo neo-clássico, com seus arcos e o virtuoso prédio em formado de L. Sobraram apenas os prédios onde funcionavam o Ginásio Monlevade (Colégio Estadual) e o da Assistência Médica. O restante, onde abrigava o Cine Monlevade, Ideal Clube, União Operário, Foto Diló, Barbearia do Bramante, Bar para Todos, Bar do Simões, Agência do INPS, Farmácia de Seu Vicente, Rádio Cultura e o Banheiro público; tudo foi demolido.
Mas, anterior à praça do Cinema, foi destruído todo o complexo onde funcionava a Praça do Mercado, isto no ano de 1984. Em nome da expansão da Usina, para construção de um novo Laminador. Do Armazém do Geo, passando pelo Empórium, até o Grêmio Esportivo Monlevadense, não sobrou pedra sobre pedra. Cobal, Loterias JG, Casa do Pescador, Casa do Zé Cravo, Farmácia de Juventino e Ildeu Caldeira, Casa do Zé Gordo, Açougue, Casa Jaime, Bar Primavera, Casas Maluf, Casa Bráz, Feira de Seu Geraldinho; tudo também seria demolido. E quatro anos depois, ou seja, em 1988, ia ao chão a grande obra arquitetônica da Praça do Cinema.
Toda destruição patrocinada pela mesma Belgo-Mineira que, na década de 1930, deu início à grande obra e construiu a 1ª Vila Operária da América Latina. Ela construiu e ela destruiu, por ironia do destino. A Praça do Mercado era um projeto e necessário para a expansão da Usina, para se erguer um novo Laminador. Mas, a Praça do Cinema virou apenas um local para depósito de rolos de fio-máquina, e mais nada. Poderia ter sido mantida. Uma Comissão foi criada na época, da qual eu fiz parte, para impedir a demolição da Praça, mas o governo municipal foi omisso, assim como as entidades de classe e nós, monlevadenses. Ela poderia ter sido preservada para a nossa história e passar para nossos filhos, netos e gerações futuras., mas sucumbiu em pó.
A nossa história arquitetônica foi toda destruída. O que era a entrada das praças – com o mostra a 1ª foto abaixo -, restou um muro, a qual chamo de “Muro da Vergonha”, fechando a entrada de nosso passado, mostrado na foto abaixo.
5 comentários “Demolição das Praças Do Mercado e do Cinema! Por Marcelo Melo”
A destruição do conjunto arquitetônico da chamada Praça do Cinema foi, pela sua desnecessidade, como demonstrado no histórico artigo acima, um desserviço à João Monlevade e um desrespeito à memória de Louis Ensch. Na minha infância residi nesta área (Na casa em cima da antiga farmácia da Belo Mineira, depois rádio Cultura), razão pela qual ela também faz parte da minha história de vida. A minha vida girava entorno desta área. Cinema, barbearia, Grupo Escolar João Monlevade, Grêmio, em que ia praticamente quase todos os dias, passando por dentro do mercado, armazém do Geo, etc. Comprava quase toda semana Gibis (revista em quadrinhos) em uma Banca de Jornais que existia na Rua Siderúrgica, perto do Hotel Monlevade. Recordo ainda dos jogos no Campo do Jacuí, onde ia com meu pai, em caminhões cedidos pela Cia, assim como do Sr. Moacir do Hotel Siderúrgica. Era torcedor do Vasquinho. Enfim, são centenas de recordações da infância, em locais hoje destruídos em nome de um “pseudo” progresso.
Verdade meu amigo Edelberto. Foi uma destruição desnecessária.
Foi mesmo uma tragédia e egoísmo desta empresa, simplesmente pra afastar as pessoas de suas áreas! Este muro fechando o arco é um afronto à toda a cidade e sua memória! Em um ato autoritário, mandaram o recado: daqui pra cima quem manda somos nós, fora todos! De outro lado, faltou aquela visão futurista que os políticos deveriam ter tido na época! ! É claro que apenas aquela área não iria suportar as necessidades de crescimento da cidade e sua população por muito tempo! Os políticos deveriam ter negociado e feito a Belgo se comprometer a conservar, zelar e não destruir os prédios, pra serem visitados como museus, sem interferir nas atividades da empresa! É uma vergonha e depressivo ver aquele concreto, fechando a entrada do morro do geo!
Com certeza, foi um desrespeito e afronta à comunidade. Até fizemos na época um movimento, mas de anda adiantou. Infelizmente, nossa história arquitetônica foi ao chão.
Estes são os abusos que estas multinacionais cometem no país sem leis e com esta classe política suja, corrupta, que não respeitam a nossa história, hereditariedade, patrimônio! O único interesse é se enriquecerem com o poder público! Estas empresas não cometem estes crimes, atrocidades em seus próprios países! Suas histórias, memórias, monumentos são conservados e protegidos por séculos, porque suas populações vigiam e cobram sério!