A simplicidade de um homem que criou um Império. O artista Ulete Mota, aqui em frente à sua loja
Falecido em 2011, aos 93 anos de idade, o cidadão Ulete Mota deixou um grande legado em João Monlevade, e se torna mais um imortal diante da grande obra que deixou construída em João Monlevade.
A sua história com a cidade começou muito cedo. E foi diante dos amargos da vida e das adversidades, que o acaso o fez se tornar um grande comerciante. Nascido no distrito de Santa Rita, município de São Domingos do Prata, veio se tornar um cidadão monlevadense por adoção, o que nos faz ter muito orgulho.
Aprovado no teste para trabalhar Cia Siderúrgica Belgo-Mineira, não foi admitido por ter problemas de hipertensão (pressão alta). O mesmo ocorreu quando tentou se ingressar na Cia. Vale do Rio Doce. Passou no teste, mas na época o problema de hipertensão era motivo para que a pessoa não fosse admitida na empresa. Desempregado e precisando se sustentar, o que fez? Montou, timidamente, em sociedade, uma pequena porta para vender materiais de construção e que, em poucos anos, transformou-se nessa potência na área civil que hoje a Loja de Material de Construção Ulete Mota.
Sr Ulete muito contribuiu para o desenvolvimento econômico e social do município. Vicentino de longa data, sempre ligado à Igreja Católica, foi um dos responsáveis pela construção da Matriz de Carneirinhos. Sua atuação também sempre foi presente na Corporação Musical Guarani, considerado um exímio músico e presidente da Banda por várias administrações.
Casamento e Família
Depois de casar-se com a conterrânea Maria da Soledade Mota, “Dona Solita”, do distrito prateano de Vargem Linda, Sr. Ulete Mota sempre foi um homem ligado à família, mas comerciante nato também sempre foi participativo junto à comunidade. O casal teve 10 filhos, e ainda são mais de 30 netos e bisnetos.
Início da Loja
O início da história de um dos fundadores, o Sr. Ulete Mota, foi em 01/01/1961, quando efetivamente ingressou na empresa e foi feito o primeiro balanço. A razão social era COTA MELO E CIA. LTDA. Fruto da sociedade de Sr. Joaquim Augusto de Melo, conhecido como “Joaquim do Lete”, e José Ferreira Cota – também conhecido por “Zé Caxambú”. “Cota de Zé Caxambú, Melo de Sr. Joaquim e o Sr. Ulete” brincava ele dizendo que ele era o CIA. LTDA.
No início das atividades o objeto de venda era produtos de mercearia, além de alguns produtos para construção. Vendia-se telha de amianto e barro, cerâmicas, ladrilhos de fabricação própria, cimento e gás de cozinha. Junto com esses produtos também eram vendidos: arroz, feijão, rapadura, mas o campeão de venda era TOUCINHO. O movimento era tão grande, pois atendia aos funcionários da CAF- Companhia Agrícola Florestal, influenciados pelo Sr. Zé Caxambú, que também era funcionário de prestígio na CAF, que tinha que ser adotado o sistema de senhas para atendimento.
Por volta do ano de 1965, os sócios decidiram se a dedicar somente à venda de material de construção, deixando então de comercializar os cereais. O estoque foi vendido para o Sr. José Miguel, que possuía uma mercearia na cidade.
Um fato negativo na história da loja foi um acontecimento ocorrido no ano de 1969, com a enchente que levou cerca de 30% do estoque. Um enorme prejuízo foi registrado. Na ocasião ainda pagaram os impostos sobre os produtos que a enxurrada havia levado. Foi uma das maiores enchentes já registradas na história de João Monlevade e vários comerciantes tiveram que fechar as portas e outros duraram mais algum tempo, mas acabaram também fracassando nos negócios.
No entanto, sua esposa, “Dona Solita”, a fiel companheira de todas as horas, foi o alicerce, a base de toda família e permitiu que tudo isso fosse realizado, Residindo no Distrito de Caxambú, município de Rio Piracicaba, a esposa percebeu que não daria para criar a família ali e tratou de incentivar o marido a se mudar para João Monlevade. E construir toda esta história. Dona Solita faleceu no ano de 2000.
Nasce a Loja Ulete Mota
Anos depois – não se sabe ao certo a época – o Sr. Zé Caxambú vendeu sua parte para os dois outros sócios. E, em julho de 1974 o Sr. Ulete procurou o Sr. Joaquim com a proposta de adquirir a sua parte, nas seguintes condições: mercadoria a preço de custo, 30% de desconto sobre os recebíveis e um ano para pagar. O Sr. Ulete era também sócio do Depósito “Novo Horizonte”, que fora construído para comercializar madeiras. Feita a proposta, o Sr. Joaquim aceitou, mas queria no entanto receber o pagamento mensalmente. Perguntado se “não desse conta de pagar”, como ficaria, o Sr. Joaquim ofereceu-se para ser avalista de um possível empréstimo bancário. “Graças a Deus não foi preciso”, lembrou Seu Ulete Mota, que em seis meses havia saldado o débito com o ex-sócio, usando inclusive a participação que o ele possuía no Depósito Novo Horizonte. Daí então é que a empresa Cota Melo passou a se chamar ULETE MOTA e CIA LTDA.
Um dos primeiros vendedores da loja Ulete Mota, Sr. Álvaro Magalhães, assim como o Sr. Itajiba, que ficou na loja por mais de 20 anos
No ano de 1982 o Sr. Ulete Mota demonstrava sinal de cansaço e pensava em fechar o comércio, mas estava preocupado em deixar sem emprego várias pessoas que dependiam do salário. Ele sempre teve muita preocupação com seus funcionários e foi um patrão que respeitava os direitos de todos. Mas, acabou encontrando uma saída na própria família para se afastar da loja, mesmo que aos poucos.
Foi quando a administração passou a ter a colaboração do filho Ulete Lúcio Mota, “Letinho”. Em 1985 Raimundo Nonato Mota passou também a trabalhar na empresa e assumiu a administração financeira. Em tempo, também o terceiro filho homem, João Eustáquio Mota, começou a trabalhar logo no início das atividades e a partir dos anos 80 passou também a fazer parte na sociedade.
Com a nova administração, a empresa passou por vários planos econômicos, além das altas taxas de inflação que prejudicaram o desenvolvimento de todo o país – mas bem administrada pela nova gerência. Veio então o plano REAL no governo de Itamar Franco, que colocou toda a economia no eixo e permitiu o crescimento da empresa, fazendo mudanças, inovando e investindo.
Hoje, com quase 60 anos de atividades na cidade, a Loja Ulete Mota é saudável financeiramente. E que o nome de seu idealizador, o prateano que se tornou monlevadense por adoção, Sr. Ulete Mota, seja eternizado. E que o seu dinamismo, coragem, justiça e simplicidade perdurem entre seus seguidores.
*Pesquisa: Jornal “Morro do Geo” – Jornalista Marcelo Melo!
2 comentários “História da grande figura humana e do empresário Ulete Mota!”
Este sim era um homem íntegro. Tudo conquistado através de muito trabalho e honestidade.
Com certeza meu amigo. Grande Seu Ulete!