Na foto acima, a Escola Estadual Jenny Faria, cujo nome do estabelecimento fora tirado do pioneiro na Educação em João Monlevade, Luiz Prisco de Braga
A Escola Estadual Dona Jenny Faria é uma das mais antigas de João Monlevade, sendo fundada em abril de 1946. Porém, com o nome de “Escola Rural Municipal Luiz Prisco de Braga”.
Engraçada a história, não! Afinal, Luiz Prisco de Braga teria sido o primeiro professor a chegar no povoado de Carneirinhos, em 1895, mas foi a Dona Jenny Faria quem recebeu primeiro as honras. Logo ela que não teve nenhuma ligação com João Monlevade, mas que recebeu a homenagem simplesmente por ser a mãe de um político e que, segundo consta, era um incentivador da educação no Estado. Mas, a Dona Genny, assim como o Armando Fajardo, de acordo com a história, nunca pisaram no chão de João Monlevade e o segundo tem até avenida com seu nome. Coisas que fogem da esfera da justiça, mas que incomodam. Mas, vamos falar aqui um pouco da história desta grande escola, cujos dados foram colhidos entre a ex-diretora Eliana Botelho e o corpo docente do estabelecimento, que realizou um trabalho de resgate muito importante para preservar a sua memória.
Tudo começou ainda no século XIX, quando havia em João Monlevade um distrito que pertencia ao município de Santa Bárbara, chamado Carneirinhos. Isso mesmo, pois Carneirinhos pertencia à terra de Afonso Pena. Como não havia professor na época no povoado, foi então contratado o senhor Luiz Prisco de Braga, que aqui chegou em 1895. Ele lecionava em sua própria casa, onde situa-se hoje o Central Palace Hotel, na avenida Getúlio Vargas. Por volta de 1946, exatamente no dia 19 de abril, foi fundada a primeira escola do lugarejo, denominada “Escola Rural Municipal Luiz Prisco de Braga”, como justa homenagem ao pioneiro do ensino em Monlevade. A escola funcionou inicialmente no mesmo local onde residia o professor, até mudar-se para o endereço onde funciona hoje.
Carneirinhos passa a pertencer a Rio Piracicaba
No dia 27 de dezembro de 1948, através da lei 336, o distrito de João Monlevade e consequentemente o povoado de Carneirinhos passam a pertencer ao município de Rio Piracicaba. No dia 1º de março de 1950 a Escola Municipal Luiz Prisco de Braga transfere-se para outro ponto da avenida Getúlio Vargas, em prédio do município, construído pelo então prefeito de Rio Piracicaba, Dr. Darcy Duarte de Figueiredo. A construção, segundo documentos obtidos na própria escola, foi feita em terreno doado por Geraldo de Paula Santos, onde a escola está até hoje, bem no centro de Carneirinhos. Até 1955, a escola funcionava com as classes de primeira, segunda e terceira séries. Um ano depois começaram a funcionar as classes de quarta série.
Escola muda de nome, mas o ex-prefeito Dr. Lúcio Flávio faz justiça
Mas, ainda em 1956, o ex-prefeito de Rio Piracicaba, Jésus Drumond, juntamente com a Inspetora Municipal de Ensino, Maria da Conceição Cotta, iniciaram um trabalho junto à Secretaria de Estado da Educação para que fosse obtido junto àquele órgão a licença para que a Escola Rural Luiz Prisco de Braga passasse à categoria de estadual. O convênio foi assinado quatro anos depois, em dezembro de 1960 e, como consequência, o estabelecimento ganhou novo nome, passando a se chamar Escola Estadual Dona Jenny Faria. Segundo consta, em homenagem à mãe do deputado Clemente Faria, que certamente deve ter sido o mediador das negociações entre a Prefeitura de Rio Piracicaba e a Secretaria de Estado da Educação. Luiz Prisco de Braga, pioneiro na educação em Monlevade, foi relegado a segundo plano e, somente em 1975 teve as honras de volta, quando o então prefeito Lúcio Flávio de Souza Mesquita, fazendo justiça, inaugurou a Escola Estadual Luiz Prisco de Braga, no Bairro de Lourdes.
Na foto abaixo, o ex-prefeito Lúcio Flávio de Souza Mesquita, durante um discurso. Ele governou João Monlevade entre 1973 a 1976 e, fazendo justiça, deu honras ao pioneiro da Educação em João Monlevade, construindo a escola no Bairro de Lourdes e dando o nome a Luiz Prisco de Braga
Nesta foto abaixo, o retrato pintado do grande educador Luiz Prisco de Braga
João Monlevade era emancipada em 29 de abril de 1964. Em abril de 1968 o então prefeito Germin Loureiro (Bio), fez a inauguração, no mesmo local, de um novo prédio da Escola Jenny Faria, que foi totalmente reconstruído e ampliado, contando com oito salas de aula e ainda um pátio para recreação.
Diretoras
Desde a sua fundação, ou melhor, desde que passou a integrar a rede de ensino estadual, a escola teve como primeira diretora a senhora Manoela Soares da Fonseca (Dona Nenela) que, por sinal, foi uma das primeiras educadoras de João Monlevade e teve sua vida voltada para o ensino, executando um belo trabalho social. Uma mulher de fibra e sempre disposta a educar, ela prestou assistência aos alunos mais carentes, muitas vezes com seus próprios recursos, para que nunca abandonassem a escola. Dona Nenela foi um exemplo de amor pelo ensino. Outras diretoras fizeram história e deram muita contribuição à Escola, entre elas Geralda de Barros Alves, Laura Caetano Goulart Silva, Policena Guimarães Fernandes, Coramar de Jesus Alves Vaccari, Maria de Lourdes Silva Souza e Isabel Ferreira Perdigão.
Dona Nenela Bicalho (foto abaixo) foi a 1ª Diretora da Escola Estadual Dona Jenny Faria
*Pesquisa: Jornalista Marcelo Melo – Jornal “Morro do Geo”!
7 comentários “A História da Escola Jenny Faria: quando o Pioneiro da Educação em João Monlevade – Luiz Prisco de Braga -, foi injustiçado! – Marcelo Melo”
Embora ele tenha nascido em Carneirinhos e passado grande parte de sua existência em São Domingos do Prata, no livro “São Domingos do Prata no período imperial (fragmentos), 2ª edição ampliada, consta na página 142, essa passagem de sua vida:
“Removendo, a pedido, o professor Luiz Prisco de Braga, da cadeira do distrito de Salto, termo da capital (a capital nessa época era em Ouro Preto), para a do de Carneirinhos, município de Santa Bárbara”. Ele faleceu em Belo Horizonte, em dezembro de 1946 e, em 1945, com o patrocínio do então Prefeito de São Domingos do Prata, Manoel Martins Gomes Lima, escreveu o livro “História do Município de São Domingos do Prata”.
Valeu pela intervenção nobre amigo é grande escritor!
Muito pertinente a pesquisa, principalmente porque restaura as honras de quem realmente mereceria ser o patrono da Escola. No entanto, a foto e a legenda que ilustram a pesquisa devem ser atribuídas, salvo engano, à inauguração de reforma de prédio da Escola Estadual Antônio Papini, ocorrida também no Governo Lúcio Flávio.
Ok professor Dadinho. Vou fazer então uma retificação. E obrigado pela intervenção. Prazer recebeu seu comentário. Um abraço,
Marcelo, estudei todo ensino fundamental na E.E. Dona Jeny Faria, de 1967 a 1970. Lembro das Professoras D. Marlene, D. Francisca, D. Vanda e D. Aparecida. Foi minha base.
Abraço.
Valeu. Outro.
Estudei nesta escola! Tenho muito boas lembranças! Nunca é tarde pra fazer justiça! O nome dele deveria ser recolocado aonde merece! O fato do prefeito ter usado o nome dele pra outro estabelecimento, foi só um jogo político, que na minha opinião só feriu mais! Com estes políticos não tem jeito: pra bajular um deputado, tiram o nome de um imortal e colocam o nome da sua mãe (mãe do deputado) no lugar, sem nenhuma consideração pelo povo e sua história! Eu votaria agora em recolocar o nome dele de volta aonde merece!!