Na foto acima o prédio da Funcec, onde uma intervenção do MP foi altamente política
Naquele ano houve também uma intervenção junto à Fundação Comunitária, Educacional e Cultura de João Monlevade – Funcec – protagonizada por um promotor de justiça. Uma decisão política, provocada, talvez, pela prepotência daquele representante do MP, cujo principal objetivo era o de tirar da Funcec, a qualquer custo, pessoas que tanto trabalharam pelo crescimento da instituição. Tudo muito pessoal e diria, covarde, que culminou com a mudança radical na direção da Fundação. Homens sérios e comprometidos com história na cidade, que trabalhavam voluntariamente como membros do Conselho da Fundação, foram, na época, tachados de “desonestos” pelo então promotor. Mais uma vez a população de nossa cidade se calou, se omitiu diante da ação de um forasteiro que nada fez pela cidade, a não ser sair dela meses depois, transferindo-se para Belo Horizonte e dando uma banana à nossa comunidade. E com o dever cumprido, creio eu, de vingança. Foi um fato que provocou revolta e indignação, e a Funcec começou a ser administrada por pessoas que nunca tiveram história junto ao setor educacional de João Monlevade. Cargos técnicos foram entregues a leigos. E dali eu pude ter a certeza de que João Monlevade contava em suas entranhas com um grande câncer, que até hoje veste a sua pele de cordeiro sobre seu corpo de lobo e infesta seu caráter dissimulado. Passo a passo, ele vai destruindo os bons frutos por onde passa, entre uma entidade e outra, despejando seu veneno. Uma terra que adora valorizar esses abutres!
Pois bem, acabada a temporada de caça na Funcec, onde venceram os lobos; o ano caminhou para a corrida eleitoral. O grupo da situação manteve os nomes de Carlos Moreira e Conceição Winter como candidatos ao cargo majoritário. Pela primeira vez na história política de João Monlevade, eram grandes as chances de um prefeito se reeleger. O PT manteve o nome do ex-prefeito Laércio José Ribeiro, mas desta vez havia uma mudança na chapa. Gentil Bicalho tentaria o Legislativo e o vereador Djalma Bastos seria o candidato a vice-prefeito. Pela segunda eleição consecutiva, a disputa estava polarizada. Com uma diferença: o PT não estava mais no poder e o nome do Dr. Laércio não tinha mais tanta força, abalado até mesmo por um fato envolvendo uma ex-assessora enquanto chefe do Executivo. Afinal – sem entrar na vida particular do ex-prefeito – caía por terra o argumento que era muito utilizado pela militância petista durante as eleições de 1996 e 2000, de que o radialista Carlos Moreira levava uma vida um tanto atordoada em relação á sua família, e sua de fama de “mulherengo” e infiel, era muito usada como termo pejorativo contra o então candidato. Era uma estratégia utilizada pelo grupo do PT para tentar denegrir a imagem de Moreira. No entanto, antes mesmo de se iniciar a campanha eleitoral de 2004, e de o nome de Laércio Ribeiro ser homologado como o candidato do PT, surgiu pela famosa “rádio-peão” um assunto que estremeceu as hostes petistas, mas não ao ponto de retirar o nome do Dr. Laércio do páreo, que saiu candidato com apoio incondicional da militância.
No entanto, o que se assistiu nas eleições daquele ano – como se diz na gíria esportiva -, foi um verdadeiro “chocolate”, com a reeleição do radialista Carlos Moreira, com mais de oito mil votos à frente do petista Laércio Ribeiro, que sairia derrotado nas urnas pela terceira vez, sem contar sua candidatura a deputado estadual, que também terminou derrotada. Talvez estivesse ali encerrado o ciclo político do médico – o que não ocorreu -, enquanto saia fortalecido o grupo liderado pelo deputado Mauri Torres. A novidade estaria no Poder Legislativo, já que, após vários anos, o número de vereadores reduziria de 15, para 10, seguindo determinação da Justiça Eleitoral. E Moreira também fez maioria no Legislativo, quando foram reeleitos Dorinha Machado, Sinval Jacinto Dias, José Marcos dos Santos (Zé Lascado), Antônio Miranda Contrapino, Luiz Cláudio do Patrocínio e Wilson Starling Júnior. Retornavam ao Legislativo os ex-vereadores Zezinho Despachante e Helenita Melo Lopes, enquanto como estreantes assumiram suas cadeiras os candidatos Luiz Bicalho (Luiz do Açougue) e Roberto Romualdo (Robertinho do DVO).
O ano seguinte seria apenas mais um ano e minha dedicação profissional ficaria por conta do “Morro do Geo”. No entanto, um novo desafio em minha carreira surgiria meses depois. A convite do jornalista Luiz Muller, diretor do “Diário de Itabira”, e que contava com uma sucursal em João Monlevade, o tablóide “Diário do Vale” e cujo editor era Guilherme Assis, acabei integrando a equipe e fiquei responsável por uma Coluna assinada, que sairia diariamente, ou melhor, de segunda a sábado. Seria o primeiro jornalista a ter a responsabilidade de assumir uma coluna diária. Não deixava de ser uma proposta interessante, pois iria contar com um espaço meu, falando sobre minha cidade o que certamente me daria muito prazer. Rapidamente os artigos começaram a agradar e durante quatro anos foi sucesso entre os leitores. Que o diga o mais famoso jornaleiro de nossa terra, o popular e saudoso “Ronaldão”, “Corneteiro-Mor” de Plantão e que desde aquela época já distribuía o “jornalzin” (assim os monlevadenses definem os jornais em formato tablóide) e que foi testemunha ocular do quanto a nossa coluna era procurada pelos leitores do diário.
*Do Livro “A Saga: Memórias de um Jornalista do Interior” – Parte LXII
Autoria: Jornalista Marcelo M. Melo!