Em 1953, quando morreu Louis Ensch, criou-se um vazio que a sua ausência provocou na cidade. Pouco depois, no entanto, o vazio foi-se enchendo com o nome de outro estrangeiro ilustre que assumiu seu lugar na gerência da então Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira: o engenheiro Albert Scharlé, que com ele e com o Dr. Joseph Hein, tornaram-se os grandes artífices da Usina de Monlevade.
Esse famoso luxemburguês, formado em metalurgia, nasceu em Steinfort em 1898, vindo para o Brasil em 1929, para trabalhar na Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira. Nessa ocasião, comprou a Fazenda Santo Antônio da Mouraria, nela construindo casa, piscina e capela. Residiu nesta propriedade com sua família: a esposa Eugénie e os filhos Jean Armand, Émile e Adrienne.
Uma de suas grandes realizações como Diretor Geral da Belgo-Mineira, talvez a mais significativa para o futuro da cidade, foi, sem dúvida, o convite formulado a Dom Helvécio de Oliveira, em 1954, para instituir, sob a orientação da Mitra Diocesana, um ginásio em João Monlevade: já em 1955, o Ginásio Monlevade, o primeiro da cidade estava em pleno funcionamento sob a competente direção do Cônego Higino e de seu coadjutor, Padre Henriques.
Tendo Albert Sharlé falecido em 1956, seus filhos decidiram, dois anos depois, vender a Fazenda Santo Antônio para um grupo de engenheiros, da Sociedade Mineira de Engenheiros, que nela instalaram um clube: o Clube Albert Sharlé ou Casa de Campo do Engenheiro. Na Capela do clube, ainda conservada, estão enterrados os corpos de Albert Scharlé e de sua esposa Eugénie.
A denominação do Bairro Luxemburgo em Belo Horizonte também está ligada à sua pessoa: as terras do entorno da fazenda por ele adquirida, já conhecidas como Luxemburgo, legaram sua denominação ao bairro que se formou no sul da capital, em decorrência de sua venda. Duas ruas em Belo Horizonte, uma em Sabará, uma em Coronel Fabriciano e uma em João Monlevade o têm como patrono. Sua esposa, Eugénie, também é homenageada em João Monlevade, onde é patrona da E.E.Eugênia Scharlé. Tais iniciativas perenizam em João Monlevade e região a memória desse ilustre luxemburguês e de sua família.
*Pesquisa e Texto: Geraldo Eustáquio Ferreira, professor Dadinho.
Matéria publicada no jornal “Morro do Geo”!.