Rodolpho Passos: há 70 anos ele chegava a João Monlevade! – Por Marcelo Melo

Na foto acima, Sr. Rodolfo Passos (assentado), e os sócios Raimundo Passos e a filha Simone. Ainda na foto, Déa e Ana Paula, filhas de Rodolfo e Raimundo, respectivamente, que ajudam a gerenciar a empresa. A empresa acompanha o desenvolvimento sócio-econômico do município, em seus 57 anos de fundação

  Nascido em uma família de sete irmãos, modesta, no município de Nova Lima, Rodolpho Passos era filho do casal Silvério Oliveira Passos e Mariana Passos. Seu nascimento se deu em 8 de abril de 1934. No entanto, o destino lhe reservava algumas surpresas, porque ele não ficaria ali na cidade conhecida pela Mina de Morro Velho, mas sim na região que se tornaria referência na siderurgia nacional. Isso graças à visão futurista do engenheiro Louis Jaques Ensch, que instalaria no distrito de João Monlevade a Usina da Cia. Siderúrgica Belgo-Mineira, em 31 de agosto de 1935, ou seja, um ano e quatro meses após o nascimento do menino Rodolfo. E, dias antes de a Usina completar 15 anos, em agosto de 1950, ele mudaria de mala e cuia para Monlevade, com apenas 16 anos de idade.

  Formado em curso profissionalizante de Mecânica, em uma escola na capital mineira, Rodolpho Passos recebeu um convite para trabalhar na Belgo-Mineira. Após um contato com o Dr. Geraldo Parreiras, então chefe do Departamento de Pessoal, tão logo desembarcou em Monlevade, foi admitido em janeiro de 1951. Seu primeiro patrão na Usina foi Roland Toussant, que era o chefe geral da Oficina do Soc 1, anteriormente era conhecida como RMO. Naquela época apenas os gringos ocupavam cargos de chefia, em razão da experiência que tinham na área siderúrgica no Velho Continente. Mas Rodolpho, com pouco mais de 20 anos, agarrou com unhas e dentes a primeira oportunidade que teve. Isso devido a uma viagem que o Sr. Toussant faria à Europa para se aprimorar em laminador de chapas. E, devido ao seu profissionalismo e mão de obra especializada, substituiu interinamente o setor, e dali não parou mais de alçar vôos. Ele ficou na Usina até 1977, quando ocupava o cargo de chefe-de-contramestre (equivalente hoje ao cargo de supervisor), para dedicar-se exclusivamente à sua empresa, a Esmetal.

Determinação e visão empresarial: nasce a Esmetal

  Como diz o dito popular, cavalo arreado não passa no mesmo lugar duas vezes seguidas. E foi seguindo esse conceito que o senhor Rodolpho Passos conseguiu se estabelecer como um dos mais bem sucedidos empresários de Minas Gerais. Naquela época havia muitas folgas na Usina para quem trabalhava de revezamento e veio então a proposta de se criar uma empresa especializada em estrutura metálica, para suprir o tempo parado. Era uma oportunidade e assim, no ano de 1962, nascia a Estrutura Metálica Monlevade e um ano depois a Esmetal. Da ociosidade à visão empresarial de um homem disposto a vencer. E, com a autorização por parte do chefe da Usina, Dr. Lanari Gonete, que substituiu Dr. Mayer, tinha início também a um novo ciclo dentro da Usina, de mais abertura e mudança de mentalidade da chefia, permitindo que funcionários da empresa instalassem seus próprios negócios. Portanto, a Esmetal foi a pioneira e conseguiu quebrar um paradigma. Rodolfo tinha como sócios o senhor Nicácio, Antônio Madeira e Jairo Pimenta de Pádua. Inicialmente funcionou num galpão de tábua construído na rua Beira-Rio. Mais tarde houve a mudança para a Getúlio Vargas, Bairro Belmonte, próximo ao Posto do Tenente. Hoje a Esmetal está instalada na avenida Armando Fajardo, no bairro Loanda, oferecendo 85 empregos diretos.

Nas fotografias abaixo, o primeiro galpão de tábua onde funcionou a Esmetal, à Rua Beira-Rio; e o segundo galpão, bem mais estruturado, instalado na avenida Getúlio Vargas, no bairro Belmonte, próximo ao Posto Tenente. Hoje a Esmetal opera na avenida Armando Fajardo, no bairro Loanda, com toda estrutura

  Com 57 anos em operação, a empresa enfrentou crises, mas sempre saiu vitoriosa e hoje ocupa um lugar de destaque na economia deste país. Recentemente foi criada outra empresa, a Dacalp. A medida teve como meta separar a usinagem da caldeiraria. Enquanto a Esmetal ficou com a usinagem, a Dacalp opera com o setor da caldeiraria.

Rodolpho Passos (E), durante uma foto feita com todos os seus funcionários, em frente à Esmetal

Uma obra e exemplo de vida

  No mês de julho passado, Seu Rodolpho Passos e a esposa, Dona Neusa Passos, completaram 60 anos de matrimônio, realizado em Monlevade em 1960. O romance iniciara quatro anos antes, ou seja, em 1956, depois que ela chegava da cidade de Guanhães para trabalhar no Banco Nacional. Dali nascia uma grande família.

  Seu Rodolpho, além de empresário bem sucedido, esposo e pai exemplar, deixa uma obra e um exemplo de vida. E sua chegada a João Monlevade, ainda distrito de Rio Piracicaba, naquele agosto, mês de aniversário da Usina da então Belgo-Mineira, não foi por acaso, nem coincidência. É o tipo de coisa que chamamos de providência. Ele ganhou ao encontrar aqui o seu futuro profissional e familiar, e a cidade ganhou ao contar com um morador e cidadão tão ilustre. E mais: um empresário que não pensa apenas no próprio umbigo, como tantos outros. Basta olhar o histórico da empresa, que dirige ao lado do irmão Raimundo Passos e da filha Simone Passos. São patrões e amigos.

Na foto abaixo, o casal Sr. Rodolfo Passos e Dona Neuza Passos, que completaram este recentemente 60 anos de Matrimônio

  Para os seus empregados, é daquele tipo de patrão “boa praça”, como se diz na gíria. Aliás, a prova de seu relacionamento com seus operários é que, durante esses quase 60 nos de atividades, somente uma greve foi deflagrada na empresa, mesmo enfrentando os tempos de guerra envolvendo o movimento sindical e a Belgo. E mais: os operários da Esmetal, em sua grande maioria, só deixam a empresa para se aposentarem.

  Também sempre participou do trabalho comunitário, como diretor da Acimon. Nos anos dourados de João Monlevade também foi sempre ativo, atuando como vice-presidente do Caça e Pesca, diretor do Ideal Clube e um dos fundadores do Grêmio Esportivo Monlevadense. Portanto, kanow é que não falta para torná-lo monlevadense. Um homem que já é imortal pela obra construída.

  Este é um grande homem e que aqui, no “Morro do Geo”, fazemos esta simples homenagem. Exatamente quando a Usina de Monlevade completa seu 85º ano de instalação na cidade, ele completa 60 anos de residência nesta mesma terra, que escolheu para ser sua pátria.

*Esta matéria foi publicada na edição de nº 146 do jornal “Morro do Geo”, de agosto/2010! Apenas refiz os dados, que são atuais.

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