A nossa história começa aqui! – Marcelo Melo

Observando a foto acima daria para imaginar do que se trata esta obra? À primeira vista uma obra comum, quadrada como nessa nossa engenharia monlevadense sem nenhuma criatividade, Mas um detalhe nos chama a atenção, que são os arcos se formando ao longo da construção.

Pois bem, mas aqui começava a ser erguida a história arquitetônica de João Monlevade City, ou “Jean Monlé” ou ainda “João Romão”. Porque aqui, o que se mostra nesta fotografia, é o início da construção da Praça Ayres Quaresma, que assim que foi erguida recebeu o apelido carinhoso de “Praça do Cinema”, por ali ter sido construído o majestoso Cine Monlevade. Um conjunto que durou por quatro décadas, entre os anos 1940 até 1980, e onde passou parte de nossa história, de todos os monlevadenses. Entre os alunos do Ginásio Monlevade que se transformaria em Colégio Estadual. Entre os operários da Usina, da Portaria-1 e da passarela de dentro da Usina. Entre os moradores que subiam e desciam o viaduto e escadarias que davam acesso às ruas dos Carijós, Guarani. Entre o “Bar para Todos” ao “Bar de Seu Simões”. Praça do Cinema, que se eternizou na memória dos monlevadenses.

E, falando naquela praça, a saudade aperta. Onde operava a Rádio Cultura e grandes programas de auditório, entre o Mestre Gavião ao palhaço Pindoba. Da Farmácia do piadista “Seu Vicente” aos consultórios da  Assistência Médica, onde lembro muito bem das várias idas com minha saudosa mãe, Dona Geralda, aos pediatras doutores Hugo (Marcondes e Martins), sempre com as gripes enfrentadas na infância. Tudo ficou muito colado em nossas memórias. Assim como do banheiro público que existia no final da praça, construções comuns nas cidades européias. Ótimas lembranças dos clubes Ideal e União Operário, quando pudemos desfrutar de bailes inesquecíveis e de paixões imprevisíveis. Do ponto final dos ônibus das empresas Santa Maria e Carneirinhos e do pastel que se comia naquela carrocinha, cujo dono era um senhor alto, magro. Eternas lembranças dos namoricos da adolescência e dos beijos que nos deixavam excitados como que descobrindo o amor. E das filas nos nas matinês para as sessões de cinema. E à porta, o esguio e elegante Sr. Enerval.

Hoje, apenas um retrato na parede, como diria Drumond. Final da década de 1980, precisamente em novembro de 1988, num erro estratégico da história e da decisão da então direção da Usina, derruba-se toda a nossa história arquitetônica e o nosso passado histórico. Lembranças, saudade e uma ponta de revolta.

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