Estádio do Jacuí: O Templo do futebol e dos grandes espetáculos de toda região do Médio Piracicaba

O futebol, dessa forma, fez história em João Monlevade para quem viveu e o acompanhou naqueles tempos, a partir da década de 1940, quando surgia na terra do minério o esporte mais popular do país. Mas foi a partir da inauguração do famoso Estádio do Jacuí, construído pouco acima da Barragem e acompanhando o trajeto da estrada que dava acesso ao município de Rio Piracicaba – de quem ainda João Monlevade era distrito – beirando a linha férrea e o rio, que o esporte ganhou mais força e por consequência mais popularidade entre os monlevadenses e os moradores das cidades vizinhas.  Os times se fortaleceram e por aquele gramado desfilaram muitos craques e bons jogadores e foram registrados jogos memoráveis, como do Atlético Mineiro contra a Seleção Monlevadense, na inauguração dos refletores, data-vênia em 1958 e Ubaldo foi o grande nome do jogo, ou da mesma seleção contra o forte time tricolor do Fluminense do Rio de Janeiro, no início dos anos 1960, onde atuaram Telê Santana, Castilho, Pinheiro, Oldar e tantos outros cracaços de bola.

Por ali também foram disputados clássicos de multidões nas arquibancadas, envolvendo principalmente Belgo-Minas e Clube Atlético Metalúrgico, que foram grandes rivais até o final da década de 1960. A partir da década seguinte, o clássico mais disputado era entre o Metalúrgico e o Vigilante, time este formado pela equipe de Vigilância da Usina da Belgo-Mineira e que depois passou a denominar Olímpico. Mas outras grandes equipes fizeram história no estádio do Jacuí e ganharam títulos em seu gramado, entre eles o famoso Vasquinho, Sport, Industrial, Atletic, Independente, Real, Palmeirinhas, Fluminense e também os times de outras cidades, como o Piracicaba e Independente, de Rio Piracicaba; o Alvinopolense, de Alvinópolis; o Clube Atlético Prateano e o Nacional, de São Domingos do Prata; além do Comercial, de Nova Era, os mais tradicionais da época.

O estádio do Jacuí era o Templo do futebol e ficava lotado todos os domingos de jogos, independente de ser decisão ou não. Famílias inteiras saiam de suas casas, de vários pontos da cidade, indo de ônibus, ou desciam mesmo a pé, passando pela linha férrea, mas sempre tinha aquela turma de torcedores – entre homens, mulheres e crianças – que preferiam a carona e se iam amontoados em carrocerias de caminhões, para chegar ao campo. E muitos eram fanáticos que se tornaram figuras folclóricas, como Pedro “Cêpo”, torcedor número 01 do Metalúrgico. Relatam que, quando havia falta contra o “Meta”, e na época o goleiro do alvinegro era o Nêgo Veio, de estatura baixa, mas pegava muito. Dizem até que antes do início dos jogos ele gostava de fumar um cigarrinho do “capeta” para animar e se transformava debaixo do arco. Assim, quando o adversário ia cobrar a falta, o “Predro “Cêpo” gritava lá da arquibancada: “abre Nêgo Veio, abre. Sem barreira e deixa chutar”…  Muitas histórias passaram pelo Campo do Jacuí!

Na foto acima, as arquibancadas do Campo do Jacuí lotadas com a presença de um grande número de torcedores, aguardando mais um jogo em tarde de domingo. Pode-se notar que todos muito bem vestidos e o público feminino marcava presença em grande número

E também foram muitos os craques e bons jogadores espalhados pelos times de Monlevade que ali atuaram e ganharam títulos, entre eles Zé Siman, Carlinhos, Gregório, Élio Doutor, Caroço, Gigante, Curió, Miltinho, Melecano, Maurício Reis, Nêgo Véio, Nonô Massa, Odilon, Benitez, Tácio, Natalino, Bené Ipojucan, Paulo Silvério, Canhoto, Nem, Mário de Souza, Vaccari, Carlinhos, Gregório, Vicentinho, Elbo, Bequinha, Ruta, Hilário, Marquinhos, Osmar, Dirceu, Dely, Ruta, Edilson Silvério, Ruão, Dino, Joaquim Etelvino, Caiana, Gilson Bigode, Adilson, Beijo, Nino Prandini, Geraldinho Vieira, Tuco, Jésus Cabeção, Nenêga, Beijo, entre tantos outros. E desculpem alguns nomes que não fazem parte desta lista, que são todos merecedores. Uma geração que fez história no estádio do Jacuí!

Fim da Era Jacuí

Chegávamos ao final da década de 1970 e chegava ao fim a era do estádio do Jacuí. Isto porque a Vale havia decidido iniciar  a expansão e duplicação de sua linha férrea e com isto o campo foi desativado. Ficou a promessa – mas apenas a promessa – de se construir um novo estádio, mas como já havia o estádio Louis Ensch, ficou apenas a saudade e o glamour dos bons tempos do Campo do Jacuí.

Com as arquibancadas do Estádio do Jacuí tomadas, o time do Clube Atlético Metalúrgico se prepara para mais um grande jogo, aparecendo em pé, da esquerda para a direita: o goleiro Nêgo Véio, Tácio, Canhoto, Murilo, Ildeu e Nem Derréia. Agachados, na mesma ordem: Natalino, Ladinho, Curió, Dimas e Nem

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