Uma Crônica para o saudoso “Carlos Careca” – Marcelo Melo

Hoje o domingo amanheceu mais triste. E se explica pela passagem do já saudoso Seu Carlos Caldeira, popular “Carlos Careca”, que foi dessa “para melhor”. Alguns discordam (rs). Mas, como ele, Seu Carlos, sempre gostava de uma piada e vivia a vida de forma feliz, vamos começar falando de coisas engraçadas, que deixam a vida mais leve, e aqui no nosso Grupo, que abrange a Vila Tanque e o Areia Preta, erguidos junto à Vila Operária.

  Há uma história que vivi com o “Carlos Careca”. Era final do ano de 1976 e iria acontecer naquele domingo a final do Campeonato monlevadense de futebol. E entre os dois maiores rivais da época: Metalúrgico X Vigilante! No ano anterior, o “Meta” havia se tornado tri-campeão em cima do “Fuça-Marmitas”, em jogo realizado no estádio Louiz Ensch. Ganhou no jogo e na prorrogação. Era hora de o time do Amazonas, comandado pelo Tenente Gorgozinho, ir à forra. E o jogo da final seria realizada no campo do Vigilante, ali na Rua Tupiniquins, Bairro Amazonas, do outro lado do rio e tinha de passar sobre a famosa ponte côncava.

  Seu Carlos me chamou e fui com ele de carona, no seu já famoso Fusquinha verde. E, como cruzeirense fanático, sempre teve birra das cores preto e branco, e nem pensar um dia torcer para o alvinegro Metalúrgico! Sempre foi um torcedor ferrenho do Vigilante. E assim, eu e ele, lado a lado nas arquibancadas; eu torcendo pelo “Meta” e ele pelo “Fuça”. Foi um jogaço, respeitando as tradições de um clássico, com o estádio lotado e, mesmo sendo no campo do adversário, havia mais torcedores do Metalúrgico. E no gramado desfilando craques dos dois lados: Gilson, Adilson, Gregório, Dely, Hilário, Marquinhos, Ruta. E o Vigilante tinha de ganhar no jogo e na prorrogação. Repetindo a final do ano anterior. Os ânimos chegaram a se esquentar e lembro do soco que Hilário acertou em Gregório, após uma confusão na linha lateral, provocando a perda de um dentro do meio-campista do time alvinegro. O árbitro fez vistas grossas, não expulsando ninguém. E a partida esquentava. Seu “Carlos Careca” só faltava espernear enquanto o jogo ainda estava no zero a zero e o resultado dava o título ao rival. Era nervo puro!

  Até que o Vigilante faz o 1º gol e ele explodiu de alegria. Me abraçava se esquecendo que ali estava um torcedor do time contrário. Sorria até os dentes de tanta euforia! E seu grito de guerra: “Aqui é Fuça, com muito orgulho”! O jogo foi para a prorrogação e o time do “Fuça-Marmitas” fez o gol da vitória e do título. A felicidade daquele homem acabou fazendo com que eu também ficasse feliz, mesmo com a derrota do meu time. Sua gargalhada contagiava. E saimos dali de volta para casa. Seu Carlos Caldeira, com seus 57 anos, e eu com meus 17 anos.

  Foi um momento incomum, e anos depois, já atuando na imprensa escrita e falada, Seu Carlos tornou-e uma pauta em algumas matérias, e vez ou outra era meu entrevistado no programa que comandava pela Rádio Cultura. Ele e seu Violão, como mostra a fotografia feita em sua casa, onde residiu por vários, anos, no Bairro Areia Preta

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