Morro do Pião “Assombrado”! – *Autor Desconhecido

Um verídico causo pratiano-monlevadense…

*O prateano Petrônio Castro, contabilista, advogado e cronista, além de grande atleticano, é ainda um exímio contador de casos e causos, e estará agora presente em nosso espaço, com suas histórias.

E hoje nos brindou com este causo que segue abaixo e que, segundo ele, é de autor desconhecido. Gostosa leitura, e com certeza é verídica.

“Lá pelos anos de 1960, um vendedor de tecidos, caixeiro viajante vindo de Belzonte, passou por Monlevade pela primeira vez e fez a praça, que era bem restrita: na Vila Tanque anotou os pedidos da Casa Sampaio e da Dona Santa; na Praça do Mercado, da D. Faride e do Empório de Tecidos. Para preencher a cota de pedidos, na Praça do Mercado mesmo pediu informações sobre as cidades mais próximas e resolveu tentar mais vendas em São Domingos do Prata.

De Monlevade ao Prata a estradinha era de chão, um pó vermelho que parecia rouge… O sujeito chegava ao destino com a roupa e o cabelo completamente empoeirados de vermelho, pedindo banho. Além disso, era muito acidentada. Com as informações de como chegar ao Prata, tocou em frente, comendo poeira. Chegando do pé do Morro do Pião, subida íngreme serpenteando rumo ao céu, o vendedor sentiu o carro falhar, resfolegando, soluçando até que… estacou, bem no meio do poeirão. O viajante desceu do carro, abriu o capô e olhou para aquela esfinge chamada motor. Sem opções, começou a xeretar aleatoriamente na máquina, mexendo aqui e ali, mesmo sem entender nadica de mecânica. Nova tentativa de girar a chave… e nada de ignição. Desolado, afastou-se alguns metros e ficou coçando a cabeça, fitando aquela enorme massa de ferro inerte e inútil, plantada naquela paragem erma. De repente, ouviu uma voz grave, misteriosa: – Confira o cabo da vela, foi o cabo de vela que se soltou com os solavancos! Assustado, olhou ao redor e não viu ninguém. Já quase duvidando da sua sanidade, ouviu a voz, que parecia de outro mundo, a insistir: – O cabo da vela deve estar solto! Novamente, deu um giro de 360 graus para conferir a vizinhança e não viu ninguém, apenas um cavalo que pastava placidamente junto à cerca. Mesmo incrédulo, um tanto assustado, examinou o cabo da vela e confirmou: o defeito era mesmo aquele que foi sugerido pela voz misteriosa. Ao girar a chave, o carro pegou e o nosso amigo, agora aliviado, seguiu viagem rumo ao Prata.

Na cidade, “fez a praça” e, no final da tarde, entrou num boteco numa rua ao lado da Matriz de São Gusmão. Pediu um biscoito frito e um cafezinho para enganar a fome, afinal, seu dia tinha sido mesmo agitado e não teve tempo de almoçar. No interior, todo forasteiro é olhado com curiosidade e não falta gente para se aproximar e fazer o interrogatório de praxe: de onde vem, o que faz, pra onde vai e questionamentos do gênero. Em poucos minutos já estava enturmado com os desocupados que tomavam suas pingas no boteco e resolveu relatar a experiência passada na estrada. Contou fielmente o caso, frisando bem a história da voz misteriosa e como o caso foi resolvido. Ao final do relato, um dos caboclos presentes, muito sério: dirigiu-se a ele e ouviu-se o seguinte diálogo: – “Hum…o sinhô arreparou bem no cavalo que tava junto da cerca”? – “Mas é claro, pois de vivente ali só tinha ele”! – “O senhor se alembra de que cor era o cavalo”? – “Preto”! – “Seu” moço, o sinhô deu uma sorte disgramada! Pruquê, se fosse o cavalo castanho, cêtava lascado… ele num intende nada de mecânica”!

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