Na fotografia acima, que para mim é histórica; no sofá da sala de sua casa, o grande “Gigante” faz a leitura de uma edição do jornal “Morro do Geo”, ainda em P&B, no formato Standard, cuja manchete fazia parte da Editoria “besteirol”
Falar em Omar Antônio Rodrigues é falar sobre uma pessoa desconhecida. Mas, quando expressamos “Gigante”, aí sim, esta alcunha todos em João Monlevade conheciam. Através do nosso jornal, o “Morro do Geo”, estive na residência do grande “Gigante” e de sua esposa Geni, ali na Rua Paraúna, no Centro Industrial, para uma prosa e ele contar as sua trajetória. Isto em junho de 2001, e a entrevista foi publicada na edição de nº 07 do nosso periódico. E hoje passa se eternizar no nosso Portal!
Aposentado, Omar Antunes nasceu no município de Antônio Dias em março de 1930, e depois de morar alguns anos em Belo Horizonte, mudou-se para João Monlevade, aqui chegando em 12 de dezembro de 1942. Seus pais haviam chegado na cidade quatro anos antes. O pai, José Raimundo, era operário da Belgo-Mineira; e a mãe, Flordaliza Antunes Lopes, foi uma grande parteira que viveu em João Monlevade e aqui, em mais de 40 anos, mais de cinco mil arrebentos nasceram de suas mãos.
Mas, falando no “Gigante” – apelido muito bem apropriado pelo tamanho e força do Sr. Omar Antunes – foi um dos maiores desportistas que já passaram por nossa cidade e que conheceu toda a história esportiva da cidade, e das equipes em que atuou, como o Atletic, que foi seu 1º time de futebol pelo qual atuou, de 1942 a 1950, e que teve como técnicos as figuras de João Vítor, Luizito Mota e Alcides Catirosca.
Na vida profissional, iniciou-se no Transporte de Tijolo da Belgo-Mineira em 24 de maio de 1945, onde trabalhou até 13 de outubro de 1967. Neste período, exatamente em 22 de abril de 1950, casou-se com Dona Geni Noronha, que passou a assinar Antunes Rodrigues, natural de Abaeté, e que mudou-se ainda anova para João Monlevade. “Comecei a namorar o Gigante na noite do 1º baile realizado no Ideal Clube, durante a inauguração, em 2 de outubro de 1948. Eu desfilava como Princesa da Primavera. Gostava muito de ir às festas e principalmente de dançar. Ali iniciamos tudo e estamos juntos até hoje”, lembrou saudosista Dona Geni, acompanhando atentamente à entrevista.
Na fotografia abaixo, Gigante e a esposa Dona Geni, no dia da entrevista (Foto: Arquivo “Morro do Geo”)

Mas, profissionalmente, tão logo deixou a Belgo-Mineira, Gigante foi caminhoneiro por quatro anos e depois passou por várias empreiteiras, aposentando-se como encarregado de mecânica na antiga empresa Cristiane Nilsen, em 12 de setembro de 1977.
Sucesso no Futebol!
Sendo uma pessoa muito ativa e também ajudado pelo porte físico, já aos 12 anos era zagueiro do Atletic. Segundo ele, durante o período em que cursou o DI em Belo Horizonte, adquiriu experiência e melhor condicionamento físico, onde chegou a praticar vários esportes, entre eles o boxe. No futebol, jogou pela equipe do Tremedal, do Bairro Carlos Prates, na capital, antes de chegar a João Monlevade e atuar no Atletic.
Abaixo, a equipe do Atletic, muito antes de surgir o famoso Atletic da Vila Tanque. Esta fotografia é de 1946 e aparecem de pé, da esquerda para a direita: Zé Pó, Joaquim, Ulisses, Frederico, Zé Vítor, Deco, Joaquim Etelvino e Zimba. Agachados, na mesma ordem: Zé Carlos, Costa, Gigante, Moacir e Cafajeste. Atrás, as arquibancadas tomadas pelos torcedores

Em 1950, relatou Gigante, a Belgo-Mineira decidiu investir no futebol monlevadense, mas fez algumas propostas, entre elas a fusão dos times, eu na época era o Atletic, Sport, Independente, Congregação Mariana, Botafogo e Az de Ouro, entre outros clubes considerados de menor expressão. “Foi então que surgiram as forças do Clube Atlético Metalúrgico e do Belgo-Minas. Eu fui para o famoso ‘Meta’, onde joguei até 1960. Naquela épcoa eram muitos craques, e só para citar alguns nomes, lembro-me do Zé Siman, Seu Nonô (pai de Gregório) e o Èlio Doutor. Goleiros, Monlevade teve três excelentes que atuaram na minha época: Melecano, Miltinho e o Bodinho”, relembrou. Continuando, ele lembrou de quando foram campeões sobre o Belgo-Minas. “Era o clássico das multidões entre as décadas de 1950/60. Cheguei a fazer um gol em uma decisão, quando vencemos por 2 X 1, e fiz o gol de pênalti no goleiro Duí. Isso porque o batedor oficial não jogou esta partida e passaram para mim a responsabilidade de cobrar a penalidade. Mas fui feliz e converti em gol. Outro jogaço que não me esqueço foi pela Seleção de Monlevade contra o timaço do América do Rio, que perdemos de 3 X 2, e o Mário de Souza, que havia saído do Atlético Mineiro para jogar no Belgo-Minas, fez os dois gols”.
Clube Atlético Metalúrgico, seu 2º time, onde atuou por quase 10 anos. Nesta foto, a equipe campeã pela Liga Monlevadense de Futebol, em 1953. Em pé, da esquerda para a direita: Gigante, Barra Longa, Zé Pedro, Divino, Carioca, ? e Hélio. Agachados, na mesma ordem: Zé Siman, Pedro Paulo, Amador, tuim, Armindo da Mata, Odilon e Pedro Bigode. Um timaço

Sobre sua despedida do futebol de campo, ele lembrou com saudade. E foi atuando pelo famoso Vasquinho, que retornou no início dos anos 1960. Gigante também foi técnico, comandando o Metalúrgico e o seu rival, o Belgo-Minas.
Grêmio e a outra Paixão!
Outra grande paixão de Gigante foi o Grêmio Esportivo Monlevadense, iniciado com o nome de “Buracão”, e que ficava bem em baixo do Colégio de Tábua, na Rua Tupis. A inauguração oficial do Grêmio se deu em 15 de novembro de 1953. “Tínhamos um Grupo que gostava de vôlei. Eu, o Paulo Cury, Zé Lima e Jair Barão. Tivemos então uma conversa com o Dr. Armando Nogueira, então diretor do Colégio Estadual, e ele então aceitou nos emprestar a rede e a bola de vôlei para que pudéssemos praticar o esporte. Começamos então na brincadeira até que decidimos transformar o Buracão numa Praça de Esportes. Meses depois fizemos então uma 1ª reunião, onde participaram Jair Bambú, Mundico, Dona Xoxô, Vera Deniks, Zenaide e o Sr. Joaquim da Costa Pinho, sendo eleita a 1ª Diretoria do Grêmio, que teve como presidente o Dr. Armando Nogueira”, relatou Omar Antunes.
Como o sucesso da empreitada dependia do aval da Belgo-Mineira, procuraram o Dr. Caetanos Mascarenhas, que ocupava um algo cargo na Usina e era um amante dos esportes especializados, cuja maior paixão era o basquete. Tanto que dali nasceu a primeira equipe do esporte em João Monlevade e o vôlei ficou para um segundo plano. “Chegamos a disputar jogos fora de Monlevade e a primeira delas foi contra o Siderúrgica, em Sabará, quando saímos vitoriosos”, relembrou. O Grêmio Esportivo Monlevadense veio tornar-se então referência nos esportes especializados em toda região, incluindo o basquete, vôlei e futebol de salão, formando excelentes equipes. Mas Gigante também praticou atletismo.
Na foto baixo, o famoso “Buracão”, onde um grupo de rapazes começou a praticar vôlei. E daí nasceu o 1º clube de inclusão social de João Monlevade, o Grêmio Esportivo Monlevadense, em 1953

Omar Antunes Rodrigues, o popular “Gigante”, veio a falecer alguns anos depois, e infelizmente, não viu seu sonho realizado, que era de ver retornar o Grêmio Esportivo Monlevadense, sua grande paixão!