O famoso Bairro da Vila Tanque e sua linda História!

A Vila Tanque em foto aérea, do início dos anos 1950, quando a Avenida Aeroporto somente tinha casas de um lado. Pode-se acompanhar todo o Mapa do bairro, através desta linda fotografia, cujo autor não é conhecido. E ainda pode-se avistar parte do Bairro Areia Preta, abaixo, e o famoso “Morro do Julinho ao lado de toda esta área, ainda um terreno vazio, e que futuramente abrigou o Palanque e hoje é a Faculdade.

Construído pela Belgo-Mineira entre os anos 1940/50, o bairro da Vila Tanque serviu mesmo como uma Vila para moradia dos operários da empresa. O bairro da Vila Tanque é um dos mais tradicionais de João Monlevade e seu nome originou de um tanque (para lavar roupas) que havia na Rua 21 e onde está instalada hoje a Escola Estadual Dr. Geraldo Parreiras. Ele era utilizado pelas esposas dos primeiros operários para lavar suas roupas e onde também os animais matavam sua sede. Fazendo divisa com os bairros Areia Preta, Baú e Laranjeiras, é um dos mais antigos de João Monlevade, e fez parte do complexo da construção da 1ªVila Operária da América Latina, idealizada pelo engenheiro luxemburguês e diretor da Belgo-Mineira, Dr. Louis Jaques Ensch.

Primeiramente foram construídas as casas de madeira na parte baixa do bairro, cujo tratamento foi tão eficaz que, passados mais 70 anos, até hoje resistem ao cupim e ao tempo. Além das ruas serem numeradas, um detalhe que chamou a atenção dos pioneiros que vieram para trabalhar na construção do bairro – e chegaram a questionar aos mestres de obras – o motivo pelo qual as ruas terem sido abertas tão estreitas, o que era prontamente respondido pelos gringos” (pessoas que vieram de países da Europa para ensinar na fabricação do aço): – Quem vai ter carro neste lugar? No máximo animais puxando carroças e bicicletas”. Mas acabaram se enganando (rs).

Em seguida foram construídas as casas na parte alta do bairro, já em alvenaria, e também as residências onde iriam morar os engenheiros e médicos que trabalhavam na Usina, na bela e arborizada Avenida Aeroporto, a única via larga da Vila e cartão postal do bairro, além da Avenida do Contorno, que circula todo o bairro.  Em outro local foi fundada a Vila Velha, também conhecida como Vila dos Engenheiros.

  A região começou então, a partir dos anos 1950, ser a mais habitada em João Monlevade. Para fornecer uma infra-estruturada adequada aos operários, suas esposas e filhos, a Belgo-Mineira, através do seu presidente, Dr. Louis Jacques Ensch, deu construção ao Hospital Margarida, inaugurado em novembro de 1953. Também foi construído o prédio onde abrigaria a Escola Profissionalizante do Senai, no início da década de 1960 e que seria transferida de dentro da Usina para o bairro. A escola era um trampolim para que os filhos dos operários pudessem ingressar na Usina da Belgo-Mineira, já com experiência profissional. Também foi construída a primeira escola para atender crianças do primário, denominada Escola Eugênia Scharlé. À sua frente existia o popular “Campo da Lenheira”, onde eram realizadas as partidas de futebol.

Mas, em 1972, o Campo da Lenheira dava lugar à Escola Polivalente, para atender estudantes do ensino fundamental, de 5ª à 8ª séries. Tratava-se de um ensino revolucionário para a época, onde os alunos passavam praticamente todo o dia na escola e faziam matérias de extra-classe, como teatro, jornalismo, música e praticavam várias modalidades de esporte especializado. Hoje, funciona a Escola Estadual Dr. Geraldo Parreiras.

E ali foi se formando uma comunidade de operários, que seria referência nacional, na indústria siderúrgica. Era um habitat coletivo, sem discriminação, num lugar onde os preconceitos também eram explícitos. Mas, voltando ao lago, que acabou se transformando num imenso Tanque de lavar roupas, deu-se à Vila o nome Vila Tanque.

Na foto abaixo, o antigo lago, onde as mulheres dos operários lavavam suas roupas e os animais matavam a sede, e os sapos coaxavam. Por este motivo o bairro recebeu o nome de Vila Tanque, e a Rua 21 ganhou o apelido carinhoso de “Rua do Sapo”

Formação do time de futebol do Vila Nova, da Vila Tanque, durante uma partida realizada no famoso Campo da Lenheira. Pode-se observar ao fundo o grande número de torcedores, que enchia as “arquibancadas” no Barranco nas tardes de domingo

Nasce a Escola Polivalente

Anos depois o lago foi aterrado e ali nasceu um campo de futebol, denominado “Campo da Lenheira”. Apelido este herdado certamente dos pés de eucaliptos que acabavam se transformando em lenha. Mais tarde, o sonho da bola acabou e foi construída uma escola que seria referência no mundo educacional. O Polivalente, ligada ao Sistema Premen de Ensino, e inaugurada em setembro de 1972. Hoje funciona a Escola Estadual Dr. Geraldo Parreiras.

Aqui a Escola Polivalente, no ano de 1972, construído no terreno onde estava o Campo da Lenheira, dufante a gestão do ex-pfefeito Antônio Gonçalves. A inauguração se deu em 1973 pelo ex-prefeito Dr. Lúcio Flávio. Do outro lado da avenida, a Escola Estadual Eugênia Scharlé, onde todos os meninos e meninas da Vila Tanque fizeram o curso Primário

A Avenida Aeroporto, sempre arborizada, ainda é um cartão postal para quem chega ao bairro

Símbolos da Vila!

Mas, para se falar da Vila Tanque seriam necessárias muitas páginas de um livro. Afinal, é um bairro de muitos símbolos e de um povo solidário, bastante tradicionalista. Uma comunidade formada por operários da Usina da Belgo-Mineira que sempre foi muito unida. E, entre os símbolos, um que marcou é o Palanque, onde eram realizadas as missas pelos Padres Hidelbrando ou Ilídio. Ou ainda pelo Cônego Higino. No local, foi construído o prédio do Centec e onde funcionou a Funcec e e hoje está a Faculdade da Doctum. Em frente havia um comércio ativo: as Casas Pessoas, de Dona Santa e Sr. Delvo, e um pouco abaixo o “Redondo” (hoje Posto de Saúde), onde funcionavam a feira de Seu Geraldo e o Açougue do Seu Diolindo. À frente do “Redondo” o mais famoso boteco de João Monlevade, que era o Bar do Alonso. Duas sinucas profissionais, um bar bem variado em bebidas e tira-gostos. Ao lado, numa portinha, a Barbearia do Jaime. Havia ainda o Bar de Dona Nenem mais abaixo, e o famoso salão de beleza de Dona Abigail. Também temos de falar da Loja Phillips, de Laudelino Fonseca, das Casas Sampaio, de Miguel Sampaio, e do Mercado que havia no mesmo prédio, hoje Supermercado da Vila.

A tradicional Avenida do Contorno, ainda na época que havia famosa Loja das Casas Pessoa

Há, e o famoso e misterioso “Caminho da Sonda”, uma mata atlântica que passa por trás do Hospital Margarida, entrando pelo “Campo da Lenheira”. Ali corre uma nascente e serve até hoje de atalho até a parte alta do bairro. Havia uma história de que um homem mau pegava crianças que saiam do Scharlé, e faziam delas lingüiça. Coisas da Carochinha e que não passavam de lenda para assustar a meninada! Havia também figuras folclóricas, como Pedro Cêpo, Dilcin Doido, Noé e Sá Luzia.

Sob esta mata nativa, está o misterioso “Caminho da Sonda”, que leva até o Hospital Margarida e que já foi pauta para várias histórias de assombração

Mas é longa a história de exemplos de pioneirismo do Bairro Vila Tanque, assim como de seus personagens, alguns folclóricos. De seu povo, ordeiro e voluntário. Vila de histórias, onde a Belgo-Mineira construiu o 1º clube da cidade, o Social, fundado em 16 de janeiro de 1943, mesmo que para atender somente aos gringos e à chefia da Usina e fechada aos operários comuns e aos negros até o início da década de 1970. Onde também foi construído o Hospital Margarida, a Escola Profissionalizante do Senai, a Arpas, a Faculdade de Educação e depois a Funcec e onde temos guardadas a memória do pioneiro da Vila de São Miguel, Jean Antoine Félix Dissandes de Monlevade e de seus escravos, que fundaram este lugar, além do engenheiro luxemburguês Louis Jacques Ensch que,m mesmo falecendo em seu país de origem, decidiu ser sepultado em João Monlevade, precisamente no histórico Cemitério dos Escravos, ao lado do pioneiro Jean Monlevade, localizado próximo ao Social Clube, na Vila Tanque.

O cemitério dos Escravos, localizado próximo ao Social Clube, que faz parte do Circuito Histórico de João Monlevade e onde estão sepultados o pioneiro jean MOnlevade e o precursor da instalação da Usina da Belgo-Mineira na cidade, Louis Ensch

Pesquisa: Jornalista Marcelo M. Melo!

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