Um pouco da história de Carneirinhos!

Na foto acima, a região central de Carneirinhos, quando ainda havia as casas populares ao longo da Avenida Getúlio Vargas

Não muito distante das terras do Senhor de Monlevade, foi-se formando gradativamente uma pequena povoação, constituída principalmente de pequenos agricultores. Cortadas por alguns córregos, as terras eram relativamente férteis, o que possibilitava a seus habitantes tirar delas o seu sustento e trocar, no mercado de São Gonçalo, um pouco daquilo que produziam. Vestidos geralmente de branco, atravessavam aquelas colinas verdejantes no trabalho diário, o que lhes valeu o nome de “carneirinhos”, denominação que seria posteriormente emprestada à localidade.

Lenda ou não, o fato é que, com o tempo, o nome CARNEIRINHOS passou a significar futuro e esperança para muitas famílias que ali se instalaram e se dispuseram a batalhar pelo progresso, deslembrados dos pacatos “carneirinhos” do início do século. Vieram os Bicalhos, os Paula Santos, os Loureiros, os Gomes Lima, os Pereira Lima, os Martins, os Bragas, os Cândidos e tantos outros. Na esteira de seus passos, inúmeras outras famílias que não conseguiram abrigar-se sob as asas protetoras da siderúrgica das terras vizinhas.

Na foto abaixo, na década de 1960, o que era o antigo Carneirinhos. Cresceu tanto que foi subdividido em bairros, e aqui pode-se ver parte dos bairros Novo Horizonte e Alvorada, aparecendo em 1º plano a Rua Louis Ensch. Atrás dela as ruas Joana D´arc e Pedro Bicalho. À direita o cemitério de Carneirinhos e um trecho da Avenida Getúlio Vargas. Ao alto, na parte central da fotografia, a Rua Alberto Scharlé

Durante muito tempo, viveu Carneirinhos à sombra do progresso e em função da vida que regurgitava  nas antigas terras do Senhor de  Monlevade. Nos anos quarenta e cinquenta, Carneirinhos foi símbolo de pobreza e de atraso: sem água, sem  energia elétrica, sem esgoto, sem comércio, sem escolas, sem médico, sem calçamento. De Rio Piracicaba, sede do município desde 1911, nada recebia, e seu nível de vida ficava cada vez mais distante daquele do centro industrial, que recebia constantes melhorias da Belgo-Mineira. Tão distante, a ponto de suscitar entre as duas localidades uma certa rivalidade que só o tempo se encarregaria de apagar.

Em 27 de dezembro de 1948, com a promulgação da Lei Estadual número 336, criou-se o DISTRITO DE JOÃO MONLEVADE, integrando numa só circunscrição administrativa as antigas terras do Senhor de Monlevade e as propriedades dos pacatos “carneirinhos”, desanexadas do distrito-sede de Rio Piracicaba. Fecharam este período fatos bastante significativos: a ereção da Paróquia de São José Operário e a nomeação de seu primeiro pároco, Cônego Dr. José Higino de Freitas (1948), a instalação do Cartório do Registro Civil (1949), a fundação do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos (1951), a inauguração do Hospital Margarida (1952), a criação do Ginásio Monlevade (1955) e a formação da Comissão Pró-Emancipação (1958).

Vista parcial de Carneirinhos, onde aparece à esquerda a Igreja Nossa Senhora da Conceição

*Pesquisa e texto: Geraldo Eustáquio Ferreira (Professor Dadinho)

Matéria publicada na edição de nº 98 no jornal “Morro do Geo”, em junho/2006.

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Um pensamento em “Um pouco da história de Carneirinhos!”

  • Quem diria! De repente, carneirinhos passou a ser a salvação de Monlevade, com a transferência progressiva de todos os negócios pra aquela área! É o carneirinhos onde nos estabelecemos em 1964 (minha mãe, eu e minhas irmãs Olívia e Sandra). Foi numa casinha, sem eletricidade e sem, inicialmente, banheiro dentro da casa, bem no meio do lote, ao lado do pequeno sitiozinho de jabuticabeiras, goiabeiras e bananeiras do só Mário! No fundo ficava o córrego com o nosso banheiro suspenso! Isto mesmo, acredite ou não! É a pura verdade e era a realidade da época!🤣 E na frente a famosa, hoje intransitável, avenida Getúlio Vargas, ainda sem asfalto e sem eletricidade! O interessante é que várias destas casas populares nas fotos ainda resistem à exploração imobiliária! É só subir as vias laterais das avenidas principais, pra encontrá-las! Me lembro do asfalto chegando na Getúlio Vargas, graças ao prefeito Bil, da canalização do córrego, depois da terrível enchente em 1969, de novo, graças ao nosso Bil! São inúmeras as lembranças de ter crescido neste carneirinhos, que encheriam páginas! Só vou mencionar duas que marcaram o tempo: no meio do lote, bem do lado da casa, existia a nossa querida jabuticabeira, que perdeu sua imponência, beleza, ternura, de anos floreada e os galhos escuros de tantas frutas, pro concreto, No local hoje existe, desde a década de 80, um supermercado, bem na frente da CEF! A outra foi os confrontos e assédios que sofremos pelo açougueiro Idelfonso Werly, na época o nosso vizinho de lado e suas tentativas de roubar pedaços da nossa propriedade! Ele tentou por várias vezes, aproveitando da situação de uma mulher sozinha,,que era minha mãe, mas a força dela prevaleceu! Sao muitas saudades e lembranças! Mais carneirinhos vai continuar crescendo e renovando! Quem tem fotos, guarde-as com carinho e cuidado, que poderá provar no futuro!!

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