Criação do Parque Florestal do Rio Doce! *Edelberto Augusto Gomes Lima

A ORIGEM DO PARQUE FLORESTAL DO RIO DOCE (DIONÍSIO–MARLIÉRIA–TIMÓTEO–SÃO DOMINGOS DO PRATA)

Em junho de 1935, o bispo Dom Helvécio Gomes de Oliveira celebrou uma missa na então LAgoa Nova, que ficava em uma região assim descrita em meu livro “A HISTÓRIA QUE SÃO DOMINGOS DO PRATA NÃO CONHECEU”:

“… é de um encanto maravilhoso, às margens da Lagoa Nova que constitui verdadeiro lago cercado poeticamente de frondosas florestas virgens, onde o espírito humano se extasia na contemplação mística das belezas naturais, diante do soberbo espetáculo que nos oferece em todo o seu esplendor tropical.

Dom Helvécio Gomes de Oliveira

Desde antes dessa época, como noticiado em meu livro acima (páginas 129/130/131), Dom Helvécio já vinha mantendo entendimentos com os governos da União e do Estado para a criação ali de um Horto Florestal e de um grande Parque Nacional.

Em face do pioneirismo e visão de Dom Helvécio, em 18 de julho de 1935, o Prefeito de São Domingos do Prata, em cujas terras ficavam essa imensa área, Dr. Edelberto de Lellis Ferreira, assinou o Decreto municipal de nº 117, dando o nome de Dom Helvécio Gomes de Oliveira, à Lagoa Nova que, a partir desta data, passou a ser conhecida popularmente como “Lagoa do Bispo”.

Dr. Edelberto aproveitou a solenidade do dia 21 de julho de 1935, em que Dom Helvécio, às margens da então chamada Lagoa Nova, lançava a pedra fundamental da futura capela de Nossa Senhora da Saúde, para comunicar a Dom Helvécio a assinatura do Decreto.

Nessa solenidade, Dr. Edelberto fez de improviso, antecedendo ao de Dom Helvécio, um pronunciamento do qual extraio apenas esse trecho:

“(……) salientando que a figura de D. Helvécio, naquele momento histórico, trocando o conforto de seu Palácio arquiepiscopal pela descomodidade daquelas inóspitas plagas, avultava à consideração e aos olhos de todos, colocando-se, assim, num paralelo honroso com José de Anchieta – o esplêndido evangelizador das nossas selvas nos primeiros tempos do Brasil Colônia.

Depois de dizer que a quimera (sonho) de ontem e a esperança de hoje seria a realidade de amanhã, terminou valendo-se da sublimidade da religião para o fecho de seu pronunciamento…” Leu em seguida os dizeres do Decreto acima mencionado.

Manoel Martins Gomes Lima

Após marchas e contramarchas, em 1944, no mandato do então Prefeito, o farmacêutico Manoel Martins Gomes Lima (Neneco), foi criado oficialmente o Parque Florestal do Rio Doce, em uma extensa área cercada de florestas virgens, riquíssima fauna e flora, etc., que já pertencera, em sua totalidade, ao município de São Domingos do Prata, através do Decreto-Lei estadual de nº 119, de 14.07.1944, sancionado pelo governador Benedito Valadares.

Edelberto de Lellis Ferreira

As Florestas da Região na visão do Dr. Edelberto de Lellis

Quando Deputado estadual, representando a região do leste de minas e a terra em que residia, São Domingos do Prata, teve oportunidade, em um pronunciamento feito na Assembleia Legislativa mineira, de dizer o seguinte sobre a “região constituída pelo vasto triângulo compreendido entre as margens dos rios Doce e Piracicaba…”:

“………..através de floretas colossais, mais frondosas e mais luxuriantes talvez do que as clássicas florestas amazônicas, tão decantadas pelos naturalistas e pelos nossos economistas, para só falar de uma região fertilíssima, verdadeira terra da promissão…”

O Parque Florestal do Rio Doce possui 40 lagos, sendo que o único aberto à visitação pública é o do Bispo, com quase 7 quilômetros de extensão e até 32,5 metros de profundidade, além de 700 ha de espelho d’água. Os seus lagos ficam a 20 metros acima do nível do Rio Doce, não tendo suas águas sido afetadas pelo desastre da Samarco.

A área total do parque é de 35.000 ha e fica a 300 metros de altitude, subtraída dos então distritos de Marliéria e Dionísio (hoje prósperos municípios), na época pertencentes ao município de São Domingos do Prata, podendo incluir também a do município de Timóteo, cujo território, quando se iniciou a demarcação alguns meses após a solenidade acima, ainda pertencia a São Domingos do Prata.

Vista parcial da Lagoa

*Natural de São Domingos do Prata, advogado aposentado, autor de 14 livros sobre a história antiga de sua terra natal e três sobre Sabará no período do Império, município do qual é cidadão honorário. Todos os seus livros, em formato impresso, podem ser encontrados, entre outras, na CASA DE CULTURA DE SÃO DOMINGOS DO PRATA e na FUNDAÇÃO DA IRMÃ MÔNICA.




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