Dona “Nenela”: A 1ª Professora formada a chegar na Cidade; e responsável pela doação do terreno para construção da Igreja Nova de Carneirinhos! – Marcelo Melo

Dona Manoela Soares da Fonseca, popular Dona “Nenela”, falou à nossa reportagem em 1989

Vamos falar desta vez de uma grande senhora, e que faz parte da história de João Monlevade; em especial do Bairro Carneirinhos. Dona Manoela Soares da Fonseca foi a primeira professora com diploma a chegar em João Monlevade, e que ensinou o BÊABÁ a vários monlevadenses. Dona Manoela, que passou a ser mais conhecida como “Dona Nenela”, natural da cidade de Ferros, foi casada por mais de 50 anos com Gentil Dias Bicalho, falecido na década de 1970.

  Hoje ela vive no local denominado “Fazenda dos Bicalhos”, na divisa de Carneirinhos com o Bairro Santa Bárbara, aos seus 88 anos de idade. E bem lúcida e uma memória de dar inveja a muitos jovens.

  Dona Nenela, mãe de sete filhos, em ainda 37 netos e 53 bisnetos. Como referência, ela é mãe de Danilo Bicalho e avó do vereador gentil Bicalho. Veio para João Monlevade em 1922, logo após seu casamento e aqui, juntamente com o marido, ajudou a participar do progresso da cidade. Em 1958, Gentil Dias Bicalho construiu a Fazenda onde ela hoje reside ao lado da filha Conceição Bicalho Cota e do genro Teotônio Cota, além dos netos.

Na foto abaixo, a Fazenda, construída pelo seu esposo, Gentil Dias Bicalho, em 1958, e onde viveu Dona Nenela até os anos 1990

Lembranças

  Dona Nenela ainda rega suas plantas e a horta, e às vezes é encontrada em sua cadeira, em frente à televisão. A professora aposentada lembra de seu passado, como do tempo que lecionava nas Pacas. “Era bem melhor viver no tempo antigo”, dizia, pois as dificuldades eram menores e havia mais paz. Lembrou ainda das andanças para a reza, assim como a caminhada para as suas aulas.

  Esta grande senhora sente saudade ainda do seu tempo de Magistério, quando caminhava a pé até a Escola Luiz Prisco de Braga, hoje a Escola Jenny Faria. “Tinha também cavalo e carro só mesmo o do Sr. Alberto Lima”, dizia saudosista. Dona Nenela não se esquece ainda das compras que fazia no armazém do Sr. Nozinho Caldeira ou no Geraldo de Paula. Havia ainda a Loja de Luís Prandini. Muito católica, Manoela Soares Fonseca foi presidente do Sagrado Coração e acompanhava ativamente as festividades religiosas da Semana Santa. Nunca se agastou da Igreja e hoje, mesmo prejudicada pela idade, faz suas orações diariamente.

Política

  Mesmo com a avançada idade, Dona Nenela votou até as eleições municipais de 1982. Seu voto, como não poderia deixar de ser, foi para o neto Gentil Bicalho. Sua grande paixão política era o ex-governador de Minas Gerais e ex-presidente da República, Juscelino Kubitscheck de Oliveira, o eterno JK. “Sempre admirei o presidente JK. Hoje já são raros os homens públicos como foi Juscelino. A política hoje é feita de muita briga e discórdia. Não goto dela”, disse convicta Dona Manoela. Por sua vez, nunca foi simpatizante da era getulista.

  Todos têm bastante admiração por esta senhora de cabelos brancos e voz suave, como se recitasse uma poesia. Um exemplo num país que insiste em desvalorizar o potencial das pessoas idosas, e onde os governos nada investem para que todos possam ter um final de vida mais digno. Não é o caso de Dona Nenela, que felizmente construiu, juntamente com seu esposo, para hoje poder desfrutar na velhice. Mas é o caso de muitos brasileiros, que recebem “esmola” da Previdência após um longo período de serviços prestados. Pobre país rico que já se tornou a 8ª economia mundial.

  Dona Nenela, esta grande criatura, vive Monlevade e o Brasil, com seu fogãozinho a lenha e um feijão com torresmo. O Brasil mineiro da cachacinha e do biscoito de polvilho, além do tradicional pão de queijo!

Em Tempo!

  Foi Dona Manoela Soares da Fonseca, saudosa “Dona Nenela”, que cedeu o terreno onde está construída a Matriz Sagrado Coração de Jesus – “Igreja Nova de Carneirinhos”, cuja iniciativa para a construção de uma nova Igreja em Carneirinhos, cujo objetivo era abrigar maior número de fieis, partiu do saudoso Padre Antônio Alves de Carvalho, que foi o Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, de 1984 a 1988. Assim, após seu pedido à Família Bicalho, a matriarca Dona Nenela se prontificou a atender a Paróquia e o terreno foi doado. A Pedra Fundamental para a construção da Igreja Nova ocorreu foi lançada no ano de 1986.

Não consta nos documentos da Casa Paroquial uma data oficial da inauguração da Matriz Sagrado Coração de Jesus, mas apenas que as celebrações de Missa na Igreja começaram a partir de 1990, e somente no ano de 2003, quando havia assumida a Paróquia o Padre Marcos Rosa, logo depois do Padre Aloísio Vieira, foram realizadas melhorias na Matriz e finalmente concluídas as obras.

Abaixo, a fotografia registra o dia que Dona Manoela Soares, popular Dona Nenela, oficializou a doação do terreno e foi registrado o ato em Cartório. Além dela, aparecem na foto a saudosa Dona Luzia de Oliveira (“Luzia do Cartório”), à direita; os também saudosos Gentil Bicalho (em pé), filho de Dona Nenela; o Padre Antônio Alves fazendo a assinatura no Livro e ainda o Sr. Itagiba (representando a Comunidade)

*De julho a dezembro de 1989, tive o prazer de produzir uma série de reportagens no extinto “Jornal de Monlevade”, periódico este fundado pelo amigo e jornalista Elmo José Lima – hoje residente em Belo Horizonte -, com algumas personalidades de nossa cidade, bairros e fatos curiosos sobre a história de João Monlevade, que estarei publicando em nosso Site.

Obs: O artigo está transcrito na íntegra, conforme publicado na edição de nº 296 do “Jornal de Monlevade”, de setembro/1989.

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